terça-feira, 27 de maio de 2008

Motivos convincentes para caminhar?




Conselhos da “Caramulinha”

O Pedestrianismo, que é o desporto dos que gostam de andar a pé, é já considerado por médicos e psicólogos como “um bem de primeira necessidade” e tem a particularidade de ser “consumido” fora de casa, se possível em pequenos grupos, evitando-se andar sozinho.
É altamente salutar, acredita!
Basta não teres problemas ao nível dos membros locomotores - pés e pernas – e estares em boa forma física, para experimentares esta actividade.
Rende-te a estes propósitos que alguns de nós que praticam testemunham, medita um pouco e aceita o que tenho para te sugerir:

Dá oportunidade ao teu coração.
Sente-te mais útil conhecendo e divulgando a beleza que o nosso País encerra.
Vem desfrutar da Natureza na companhia de quem mais amas
ou de quem és amigo.
Muda o teu comportamento passivo.
Evita aumentar o teu peso.
Esquece o envelhecimento.
Esmaga o vazio da solidão.
Aumenta a confiança em ti próprio.
Vem passar melhor o tempo.
Vais ver que te sentes melhor logo a seguir ao 1º passeio.
Sobre o nosso País, não te julgues de todo conhecedor e informado.
Com este exercício moderado vais descobrir paraísos escondidos, onde podes tirar e guardar fotos espectaculares, naturais e espontaneas, que alguma vez pensaste vir a ter.
Aceita mudar a rotina dos dias de descanso.
Altera os teus hábitos de vida.
Não sintas o tempo a passar.

Com os teus olhos e pelos teus próprios pés, irás verificar que o PEDESTRIANISMO E MONTANHISMO é um fantástico desporto que pode ser praticado por TODOS !!
Basta querermos e estarmos disponíveis e trazermos connosco familiares e amigos do coração.
Como a “Caramulinha” sê também um aderente desta fantástica modalidade!
Informa-te primeiro sobre o local que pretendes conhecer a pé, os meios e acessos para lá chegares e sabe se já existem nessa região Percursos Pedestres sinalizados circulares, isto é, com partida e chegada ao mesmo local, que são a melhor forma de se iniciar esta actividade.
Se não tiveres ninguém, deves inscrever-te numa Associação ou Clube que pratiquem esta modalidade, pois têm guias que orientam e conduzem os percursos.
Com os Clubes ou em grupos familiares, digo-te que, cada caminhada é uma surpresa.
Conjugando o prazer de caminhar e conviver, tornamo-nos mais sensíveis aos valores humanos, paisagísticos, patrimoniais e históricos.
Multiplica-se a amizade e o carinho especial por quem ama a Natureza.
Uma boa maneira de te preparares para fazer uma caminhada é começares a passear, até mesmo na zona onde habitas, aumentando gradualmente a extensão e a dificuldade do percurso.

Estas são as regras básicas de sinalização que deves conhecer:

Percurso Pedestre Sinalizado

Um percurso pedestre sinalizado é uma rota previamente sinalizada com marcas próprias e que permite caminhar numa determinada região com a certeza de não nos perdermos e de, ao mesmo tempo, termos a oportunidade de visitar os locais mais interessantes, suas paisagens e património.

Existem dois tipos de percursos pedestres: os de pequena rota e os de grande rota, designados respectivamente por PR e GR. Os PR são normalmente caminhadas que se fazem num dia, que podem ter 10, 20 ou 30 km, enquanto que os GR a partir desta distância podem ser longas travessias, com 100 Km ou mais, só para teres uma ideia.

Regras de Ouro
Porque já tenho alguma experiência, deixo algumas regras básicas para quem se quer iniciar nesta actividade:
Toma um bom pequeno-almoço (por exemplo, leite, pão, manteiga, queijo e fruta fresca) cerca de 1 hora antes da Caminhada.
Atempadamente deve-se arranjar e levar para o percurso um folheto ou mapa explicativo do trajecto que na prática se vai percorrer. (pessoalmente não uso GPS ou coisa que o valha, pois tiraria a adrenalina e a espectativa da descoberta).
Em percursos de maior grau de dificuldade deve-se economizar forças evitando falar.
Quando se está a subir, a caminhada inicia-se num passo lento e em ziguezagues, a fim de despender o menor esforço possível. Este aquecimento permite aumentar a passada até se atingir um ritmo óptimo, tanto da passada como da respiração.
Deve-se manter um ritmo de caminhada regular e evitar paragens demoradas.
Uma caminhada normal deve ser moderada de modo a poder ser sustentada durante 6 a 9 horas, afim de que termine antes de anoitecer. Uma cadência razoável corresponderá a uma velocidade média de 4 Km/h em terreno plano e descidas e de 3 Km/h nas subidas.
O ritmo de caminhada deverá ser adaptado ao nível do grupo, sendo o esforço doseado ao longo de cada etapa com algumas paragens para repouso e reforços de bebidas e algum alimento que se transporta numa pequena mochila (fumar ou beber álcool não é recomendado sob forma alguma) e nas paragens deves contemplar o meio envolvente, tirando as tuas fotos.
Equipamento:
Consoante as diversas condições climatéricas, distância, e duração dos percursos, cada Caminheiro deve fazer-se acompanhar de equipamento próprio, adaptado à época do ano.
Calor: roupas leves e frescas, cores claras, cobertura para a cabeça, óculos de sol e protector solar.
Vento forte e/ou chuva: impermeável leve e transpirável, blusão e calças.
Frio: roupa quente em lã (mantêm o calor, mesmo molhada) ou fibra polar (mais leve, mais resistente à abrasão, mais transpirável e maior manutenção do calor), gorro e umas luvas.
É preciso não esquecer que na montanha o tempo muda repentinamente.
O calçado é a peça fundamental da actividade de andar a pé. As botas devem ter uma confortável protecção do tornozelo, ser maleáveis, impermeáveis, leves, resistentes, confortáveis e ter uma boa aderência em todos os pisos.

Equipamento suplementar:
Leve um par de sandálias ou ténis confortáveis, um par de meias e uma muda de roupa, que pode deixar no carro para poder utilizar no final da caminhada.

Por fim, apenas te digo :
É tão importante manter o vigor do corpo para conservar o do espírito !

Depois diz-me alguma coisa num comentário a este ou outros posts.

Beijinhos da “Caramulinha”

domingo, 25 de maio de 2008

21-03-2008 PR4 Terras de Bouro (2)

Trilho dos Moinhos e Regadios – 10 km / circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”


Miguel Torga, (pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha), Mestre poeta e prosador, foi um grande médico especialista de Otorrinolaringologista.
Caminhante insubmisso e incansável por esse Portugal fora, gostava de “renascer para a vida” enchendo a alma da beleza e perfume dos montes, dos rios, das serranias e do vento agreste e rude.
Nasceu em S. Martinho de Anta, Sabrosa, Vila Real, a 12 de Agosto de 1907.
Faleceu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995, sendo sepultado na sua terra natal.

O apelido que adoptou, “Torga” é sinónimo de “urze”, planta bravia e humilde, espontânea e com o seu habitat no chão agreste de todo o Portugal, mas particularmente nas Serranias do Norte. Esta planta inspirou o poeta Adolfo: «… eu sou quem sou…e esta planta cor de vinho, com as raízes muito agarradas à rocha, assim sou eu, que tenho raízes em rochas rígidas…»
Faz a antiga quarta-classe com distinção e de “prémio” ouve o Pai dizer-lhe:
- «…aqui não te quero. Por isso resolve: ou Seminário de Lamego ou Brasil!...»
Optou inicialmente pelo Seminário e mais tarde escreve estas palavras de renúncia:
«…abandonar a Pátria com um saco às costas? Para onde poderia ir se não me cabe no bornal o Marão, o Gerês, o Douro e o Mondego?...» - conta ele em “A Criação do Mundo”.
Quando um dia lhe perguntaram: Afinal, de que partido é? – Ele respondeu com a sabedoria própria daqueles quem vêm o nosso País de uma forma diferente do homem moderno: «O meu partido é o mapa de Portugal!»
Que HOMEM com “H” GRANDE!
Fica culturalmente notável e mais conhecido dos Portugueses ao ser o 1º Vencedor do prémio Camões, em 1989, o galardão literário mais alto da Lusofonia.
Merecidíssimo! Outros prémios literários recebeu e tantos recusou!
De alguma literatura sua que conheço e que irei aqui divulgando nas minhas crónicas, deixo-vos hoje este poema tão belo e ternurento que quase toda a gente conhece mas esquece, esta verdadeira lição de saber observar a Natureza e deixa-la intocável:

Sei de um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo redondinho
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar este segredo
Comigo.
E depois ter um Amigo
Que faça o pino

A voar...a voar...a voar...

Que beleza, meu Deus!

A “Caramulinha” irá continuar a percorrer estes trilhos maravilhosos “Na senda de Miguel Torga”, pois há sempre “Paraísos Encantados” nesta Serra para descobrir.

Façam muitas e belas caminhadas e reparem, como afinal, esta nossa vida é bela e devemos vive-la um dia de cada vez, sem pressas, com muito Amor, Harmonia e Paz!

Compilado pela “Caramulinha”

Beijinhos

21-03-2008 PR4 Terras de Bouro (1)

Trilho dos Moinhos e Regadios – 10 km / circular
Rede de Percursos Pedestres

“Na senda de Miguel Torga”

Olá, Amiguinhos

Como vão esses passeios pela Natureza?
Espero que estejam a aproveitar bem os tempos livres para conhecer um pouquinho melhor este nosso Portugal encantado.
A “Caramulinha” depois de, em anos anteriores, ter calcorreado aquelas rotas ditas “emblemáticas” da majestosa Serra do Gerês, resolveu com o seu grupinho vir percorrer o “Trilho dos Moinhos e Regadios” na Freguesia de Chamoim, pelas Aldeias de Lagoa, Sequeiros e Pergoim, banhadas pelo místico Rio Homem e seu puro afluente Rio Rodas.

Trata-se de um trilho circular com início e fim na Aldeia de Lagoa, levando-nos a conhecer as pacatas Aldeias e os caminhos rurais, as levadas, as chãs e os regadios e alguns moinhos de água desactivados.
As margens envolventes ostentam uma paisagem deslumbrante, particularmente junto aos cursos de água, com um verde exuberante dos seus núcleos florestais e campos onde apascenta algum gado bovino autóctone.

À saída de Sequeiros, o percurso seguia até ao Rio Homem, que se atravessava nas poldras junto à Praia Fluvial, e por uma ponte de arame flectia-se para o Rio Rodas.
Acontece que num Inverno bastante chuvoso, o caudal do Homem foi tanto que derrubou essa ponte artesanal e o percurso foi desviado num pequeno troço alternativo, passando uma chã com cerca de arame que devemos atravessar pela berma até uma pequena ponte de betão para a margem direita do Rodas e continuar a caminhada em direcção a Pergoim. Agradeço ao Sr. José, habitante da região, esta preciosa ajuda ao informar-nos desta alteração que desconhecíamos.

Depois de alguns kms vislumbrando paisagens bucólicas de verde primaveril, ao longo das margens do Rio Rodas ou Ribeiro da Roda, por um caminho encimado de uma latada, na Aldeia de Pergoim, chega-se à fábrica das Aguas do Fastio.
Deste lugar toma-se um ascendente íngreme, antigo ramal de acesso à Via Militar Romana XVIII, do Itinerário de Antonino, a Geira Romana, e até lá chegarmos fomos fazendo várias pausas, bebendo muita água, enchendo as garrafas nas encostas da montanha onde ela abundantemente escorre. Que água tão pura e refrescante!
Aqui chegados, deparamo-nos com a calçada horizontalmente bem delineada e hoje ainda bem preservada, ladeada de muros graníticos cobertos de líquenes e musgos aveludados, onde a frondosa vegetação de carvalhos seculares é de uma beleza natural incrível.
Como é emocionante percorrer calmamente este pequeno troço entre as milhas XXI e XXII desta via milenar – quase dois mil anos de história!

Nos paineis colocados junto dos miliarios que assinalam as milhas, podem ler-se estas descrições:

«Na milha XXI, no lugar de Travasso, freguesia de Vilar, a uma altitude de 460 metros, conservam-se dois marcos, um com inscrição, outro com o texto muito apagado, de difícil leitura. O primeiro, de acordo com vários autores é de Heliogábalo (218-222), datável do ano 219. Quando Martins Capella o observou estava tombado no leito de uma ribeira, salientando que alguns das letras já não se distinguiam. Segundo Amaro da Silva, o marco anepígrafe a que se refere aquele autor não é o mesmo que actualmente se observa no local. Assim a esta milha corresponderiam três marcos.Próximo do ponto onde se situam os miliários nota-se uma possível pedreira antiga. Aos 40 metros cruza um ribeiro. Neste ponto notam-se vestígios de rodados.Deste ponto em diante pode observar-se uma série de calçadas: entre 1125 e 1240 metros; aos 1378 metros; aos 1497 metros; entre os 1581 e 1594 metros, cruzando uma ribeira; entre os 1619 e 1628 metros.Amaro Carvalho da Silva, no lugar de Pontido, no termo do lugar de Travassos, recolheu fragmentos de tegulae. Assim sugere que nesse ponto poderia ficar a Mansio Salatiana.Entre os conjuntos de marcos das milhas XXI e XXII contam-se 1700 metros. »

«Em Ervosa, lugar de Santa Comba, na freguesia de Chamoim, a uma altitude de 470 metros, na milha XXII registam-se dois marcos, um com inscrição e, outro, quase anepígrafe. Segundo vários autores um seria do imperador Adriano (117-138), datável do ano 135. Quanto ao segundo a inscrição está muito apagada, sendo a sua leitura bastante difícil.O trajecto entre esta milha e a seguinte é marcado por várias oscilações de cotas e, consequentemente, por um maior numero de calçadas. De um modo geral associados a estas calçadas ocorrem cursos de água. Como é de esperar nos tramos lajeados são habituais as marcas de rodados dos carros de bois. Junto aos cursos de água, devido à falta de manutenção a via encontra-se mais degradada.Entre os marcos desta milha e os da seguinte contam-se 1660 metros.»

Alguns garranos avistaram-nos e galoparam para um prado um pouco mais adiante.
Depois destes saborosos momentos deixamos a Geira e inflectimos à esquerda para subirmos à cota altimétrica máxima deste percurso, 600 metros, no sítio do alto do Espigão, nas imediações de Santa Comba.

Primeiro chegamos à estrada municipal e descemos pelo caminho dos Moinhos, para passarmos umas chãs e chegarmos ao miradouro do Espigão.
Daqui se avista uma paisagem intocável, onde apascenta gado bovino ao longo das encostas da Serra, procurando erva bravia entre as carquejas, tojos, urzes e fetos.
Todo o Parque Nacional da Peneda / Gerês ostenta uma Flora e Fauna riquíssimas, das mais importantes e preservadas em Portugal.

Pela luz da aurora e por do sol, vagueiam raposas e algumas alcateias de misterioso predador, o lobo ibérico, no encalço dos rebanhos das cabras.
No céu límpido de azul, planam ainda algumas águias-reais, procurando esquilos, pequenos corços e coelhos no solo.
Nas límpidas águas dos seus rios, proliferam inúmeras espécies piscícolas e as suas margens albergam lontras, batráquios e anfíbios, num habitat recíproco de núcleos florestais onde nidificam inúmeras espécies de aves.
É para mim a “Rainha” das Serras!
Prosseguindo a ponta final do Percurso, percorre-se um descendente que atravessa novamente a Geira e seguindo em frente dirigimo-nos a Sequeiros onde tomamos o caminho debaixo da ramada ou latada, que vai levar a Lagoa, onda termina esta agradável Caminhada.
Despedimo-nos de Lagoa, onde não vimos qualquer produto artesanal à venda, e paramos um pouquinho mais adiante no Parque de Merendas da Senhora do Livramento, núcleo de Capelas mais conhecido por Senhor dos Aflitos.

Por cima da padieira da porta da Capela, lê-se esta mensagem Cristã dirigida aos Caminhantes:

Vós que andais em todo momento
entre perigos no Mundo vário,
erguei o vosso pensamento
à Senhora do Livramento
que se venera neste Santuário.

Aqui teve lugar o nosso piquenique onde não faltaram as fêveras, rissóis, pão regional e pinga verde fresquinha.
Neste pequeno mas belo lugar aprazível e reconfortante para lanchar e descansar, conversamos sobre esta Rede de Percursos Pedestres elaborados e sinalizados pela Câmara de Terras de Bouro, denominados “Na senda de Miguel Torga”.
Para falarmos deste Homem notável, confesso que é tão emocionante quanto dificultativo, pois é imenso o que de positivo há para descrever.

Continua…

segunda-feira, 19 de maio de 2008

17-05-2008 Reserva Botânica de Cambarinho

A “Caramulinha” regressa aos loendros em flor

Meus Amiguinhos

Mais um Ano passou e os loendros voltaram a florir.
Que beleza!
Já muito se tem falado e escrito sobre este local natural e tão lindo que é a Reserva Botânica de Cambarinho, na Freguesia de Campia, Concelho de Vouzela.

Gosto muito de visitar este “Santuário” único no País, que a partir de meados de Maio deixa toda a encosta da serra, a uma altitude de cerca de 600 metros, num tom espectacular de roxo.

É muito agradável dar um passeio pelo circuito de manutenção e pelos passadiços, ao longo das margens do Ribeiro de Cambarinho, afluente do já nosso conhecido Rio Alfusqueiro.
Os núcleos deste maravilhoso arbusto (rhododendron ponticum), espalham-se por diversas áreas da reserva e fascinam tanta gente que todos os anos visitam esta região.

Aquela cor púrpura suave sobressai entre os ramos e as folhas destas plantas, circundados pelos fetos, carquejas, tojos e pinheiros, embelezando de tons primaveris toda a plenitude destas encostas a norte da Serra do Caramulo.

Nesta época do ano este lugar é mais visitado e muitos Pedestrianistas resolvem percorrer o PR2 “Um olhar sobre o Mundo Rural” da rede de Percursos de Vouzela.
Trata-se de um trilho de travessia linear que requer alguma orientação nomeadamente na componente logística, mas o Gabinete de Turismo da Câmara Municipal de Vouzela é a entidade mais competente para todas as informações sobre este percurso que costumam organizar por estas alturas do ano.


Pode iniciar-se na Reserva de Cambarinho, passando por Farves – óh! Que saudades daquela gente tão simpática e acolhedora! – e termina no Dólmen da Lapa de Meruje.

No trilho “Um olhar sobre o Mundo Rural”
Em Farves o Sr. Manuel no moinho eu conheci,
E antes de iniciar uma subida brutal
Na sua casa uns saborosos petiscos comi.

Obrigado, Sr. Manuel, beijinhos para si e Toda a Família!

O malogrado poeta Eugénio de Andrade deixou-nos estas palavras tão sensíveis como reais:

Colhe
Todo o oiro
Do dia,
Na haste
Mais alta
Da melancolia!

E eu aqui estou, colhendo toda esta beleza que faz brilhar os meus olhos e me enche a alma de Paz e me fortalece o espírito.

Não vejas apenas as fotos ou filmes sobre este local em tua casa.
Vem ver este espectáculo da Natureza que se repete todos os anos nesta área de 24 hectares, reconhecida como Reserva Botânica Natural desde 1971.

Daqui apelo às Entidades competentes que não deixem este “santuário” ao abandono, para bem de todos os Portugueses e não só.

O mel do Caramulo

Já noutra crónica vos confidenciei que sempre que venho a esta região não regresso a casa sem adquirir dois e às vezes quatro frasquinhos de mel.
O mel desta região é duma qualidade soberba, deliciosa e para mim acho-o mesmo “um colosso”!
Para alem de ser um adoçante natural, sinto que me faz muito bem.
É com emoção e ternura que oiço aquelas palavras do apicultor a descrever as suas pequeninas abelhas:

«… estes bichinhos trabalham sempre até ao anoitecer! São fantásticos! »

Graças a Deus, aqui nesta região de Portugal, a tradição da apicultura ainda é o que era!

A “Caramulinha” agradece!

Beijinhos

domingo, 18 de maio de 2008

16-03-2008 PR1 Castelo de Paiva


A Ilha dos Amores – 7,5km / circular

Olá, queridos Amiguinhos

Hoje venho falar-vos um pouco de Castelo de Paiva, sede do Concelho com nove Freguesias, que algumas delas já conheço um pouquinho.
Situa-se apenas a 50km do Porto, cada vez com melhores acessos e orgulha-se de ser uma região com paisagens deslumbrantes, num quadro em que predomina o verde por fundo, das suas vinhas, florestas e campos das margens dos dois principais rios que banham as suas terras, o Douro e o Paiva.
O Rio Paiva, que dá o seu nome a mais este recanto de Portugal, percorre quilómetros desbravando montanhas, colinas, despenhando-se por duras fragas até aos férteis vales e planícies, desde a Serra de Leomil, para lá de Castro D’Aire, e vem a esta terra desaguar no grandioso Douro, junto à Ilha dos Amores, ex-libris da região.

Castelo de Paiva, tal como muitos Concelhos do nosso País, resolveu começar a apostar na divulgação turística da sua região, oferecendo a quem os visitam Percursos Pedestres sinalizados com as normas internacionais e em Junho de 2007 inaugurou o seu 1º trilho “Ilha dos Amores”.
Como não estive presente, vim hoje percorre-lo e digo-vos que com um titulo assim especial é mesmo romântico percorre-lo a dois.
O Percurso inicia-se e finaliza no Cais do Castelo, Ilha do Castelo ou Foz do Rio Paiva, todas designações por que este lugar é conhecido.
Com vistas magnificas sobre os rios Douro e Paiva, começa por um ascendente que vai atravessar por duas vezes a EN222 (muito cuidado!) e por entre pequenos aglomerados populacionais com calçadas e caminhos de terra entre matas de pinheiros e eucaliptos, chega-se ao lugar do Alto do Crasto onde se julga ter existido um castelo medieval.

Já passamos pelas Alminhas da Senhora da Boa Fortuna e após chegados ao lugar de Ribeira de Fora, deparamo-nos com a Capela de Santo António e os dois coretos do largo. Aqui sabe bem sentar por uns momentos e conversar sobre temas ligados a esta região. Um assunto deveras muito triste foi o trágico acidente em 2001, quando a velha Ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios ruiu e um autocarro e dois automóveis caíram ao Rio Douro, roubando a vida a dezenas de filhos da Terra. Este caso chocou a região e o País mas, as gentes cujas famílias foram atingidas por esta perda irreparável chamada “Vida”, foram as que mais sofreram e ainda hoje sofrem com as desgraças humanas!
Das causas e responsáveis, desculpem mas prefiro nem abordar, tal é a injustiça.
Mas, continuando a nossa caminhada, chega-se ao Cruzeiro e Igreja de S. Plagio de Fornos, erigida inicialmente no ano de 1258. Depois, caminhando ao longo dos verdejantes campos circundados pelas típicas vinhas de enforcado e ramadas, vamos avistando ruínas do que outrora foram moinhos de água, primitivo engenho para a moagem do milho graúdo que se cultivava em grande escala nestes campos. È uma tradição que começa a desaparecer, o que é mau pressagio.

Nesta parte da caminhada, pela Charneca, evidenciam-se as velhas casas de habitação e currais do gado que pouco se vê, pois carros de bois e arados repousam nos cantos dos palheiros cobertos de pó e teias de aranha. Velhos canastros ou espigueiros estão vazios.
A água abundante ainda corre nas levadas e ribeiras circundadas por tulipas vermelhas que fazem emergir aos nossos olhos um quadro deveras bucólico que qualquer pintor gostaria de pintar.


Mais dois quilómetros e chegamos ao deslumbrante miradouro, contemplando a “Ilha” nesse imponente rio que dizem da cor do ouro, onde a paisagem premeia os Caminheiros audazes que chegam, verdadeiros amantes da Natureza.
Aqui os olhos enchem-se de tanta luz que apetece trocar beijos.

De seguida, percorre-se um caminho junto ao muro de betão que protege a estrada e passando por um viaduto dirigimo-nos em direcção ao Rio.
Descendo devagar por Castelo de Baixo e a sua Quinta com Casa e Capela e daí por uma calçada encimada pela ramada, chega-se novamente às margens do Douro onde uns barquinhos atracados nos recebem de volta, satisfeitos por termos caminhado por mais um belo trilho deste Portugal encantado.

Obrigado, Castelo de Paiva, fico a aguardar por novos Percursos Pedestres.

Para terminar, leiam esta mensagem de alguém que ama a Natureza e o que ela tem de belo para nos dar.
É um poema tão belo e profundo, para todos meditarmos nestas palavras:


Rio Paiva
por A. Martins

Que te não matem,
Rio!

Que te deixem correr
Na tua pureza
Sempre igual;
Que te não calem a beleza
Da tua voz de nascente
Eternamente
Virginal.

Que não te cortem com cimento
O teu caminho,
Para que possas correr,
Como até agora,
Alegre como um passarinho
Que canta a toda a hora.

Que ninguém cometa a maldade
De conspurcar-te o leito
Porque consagras-te à Natureza
A tua virgindade.

Que lindo!

A “Caramulinha” agradece!

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Praia Fluvial do Porto Várzea


A Freguesia de Campia, distanciada 15km do Concelho de Vouzela, situa-se geograficamente a noroeste do Caramulo.
Sempre que me dirijo para esta Serra, depois de sair da A25 no nó de Cambarinho, atravesso esta pacata povoação.

Durante muito tempo li e ouvi falar, e que posteriormente viria a conhecer, dois pontos turísticos importantes a visitar nesta Freguesia: A Reserva Botânica de Cambarinho, especialmente na época dos loendros em flor (Maio e Junho) e o Castro do Cabeço do Couço, que podem ser visitados por quem percorrer o PR2 “Um olhar sobre o mundo rural”, da rede de Percursos Pedestres de Vouzela.

Um dia, no regresso de uma caminhada na Serra do Caramulo, desviei no entroncamento que aquela placa indica (Praia Fluvial) e lá fomos ver como seria esse tal lugar.
Confesso-vos que logo à primeira vista me fascinou.
Não escondo que na época de Verão, este sítio por ser agradável é bastante concorrido mas, nas outras estações do ano, é um “pequeno paraíso” implantado à beira-rio, sossegado e relaxante, sendo já usual dizer-se por estas bandas que os visitantes vão “ao encontro do som do silêncio”.

Esta Praia Fluvial localizada entre Campia e Cercosa, foi criada nas duas margens do Rio Alfusqueiro, afluente do Agueda, que se transpõem por uma ponte rodoviária ou por um passadiço metálico já dentro do parque. Nas espelhadas águas deste bucólico rio, nadam e proliferam trutas, barbos e bogas, entre outros peixes, que a cada momento saltam no seu leito, ao som do coachar das rãs.

Muito do espaço envolvente é coberto por um núcleo florestal de árvores caducifoleas que abrigam muita sombra e convida ao descanso.

Um parque infantil e o chão coberto de relva, são razões que proporcionam a crianças e adultos as mais variadas diversões e passatempo.
Também lá está aquele pitoresco bar que agora já serve refeições ou simplesmente tomar um cafezinho saboroso.

Depois, a “Caramulinha” gosta de sentar perto do açude a ler aquele livro de poesia ou simplesmente de olhos quietinhos fitando a queda do rio a ouvir a canção da água…
Aconselho a todo o trabalhador que leva uma vida tão desgastante e com stress, dentro dos possíveis a vir usufruir destes espaços e belos momentos reconfortantes.

Ah! Nunca venho embora desta terra sem comprar uns frasquinhos de delicioso mel.

E para terminar, nada melhor que vos deixar a ler este belo poema de Fernando Pessoa:

Arvore Verde


Arvore verde
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
Estando acordado!
Também em mim enverdecer
Em folhas dado!

Tremulamente
Sentir no corpo,
Brisa na alma!
Não ser que sente
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha
Como a odiava!

Volvia a noite
E o sonho a mim.
Era o meu lar
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro? Quem dera!
Se eu nunca soube
O que ele era!

Beijinhos da “Caramulinha”

segunda-feira, 12 de maio de 2008

11-05-2008 Festas de Matosinhos (2)


A Procissão


O momento mais marcante e que emocionou muita gente, foi assistir à procissão, que saiu da Igreja já passava das 16.00H .
Esta tradição, retomada o ano passado, esteve interrompida durante cerca de 40anos!

Um dos principais motivos, de que também não é alheio o factor meteorológico, prende-se com a qualidade da estátua original de Cristo, não ter condições para estar várias horas no exterior, tendo as instâncias responsáveis devidas mandado fazer uma réplica.

Assim sendo, a tradição está para continuar e é visível no rosto das pessoas como desejam e adoram este particular momento de puderem assistir ao cortejo Religioso.

Com a guarda a cavalo abrindo alas, saiu do adro da Igreja pela Av. D. Afonso Henriques até ao Parque Basílio Teles, descendo pela Rua de Ló Ferreira até ao monumento do Senhor do Padrão, junto à Praia, que assinala o local onde a estátua foi achada trazida pelo mar.

De seguida regressou à Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, subindo toda a extensão da Rua do Godinho.

Destaque-se a presença do Presidente da Câmara de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, que acompanhado do Prof. Correia Pinto e demais individualidades Matosinhenses, percorreram todo o percurso que o Cortejo Religioso efectuou.

O Senhor de Matosinhos

Descrições muito antigas atestam que a imagem do Senhor de Matosinhos foi esculpida por Nicodemos, fariseu convertido a discípulo de Jesus.
Nicodemos esculpiu cinco imagens de Jesus Cristo em madeiros da Judeia. Perseguido por Judeus e Romanos, lançou-as ao mar. Todas deram à costa e hoje são adoradas em Matosinhos (Portugal), Berio (Síria), Luca (Itália), Burgos (Espanha) e Orense (Galiza/Espanha).
A imagem do Senhor de Matosinhos apareceu na Praia do Espinheiro (Matosinhos) a 3 de Maio de 1242, cujo local ficou assinalado com um monumento conhecido pelo Senhor do Padrão.Todavia, a imagem apareceu na praia sem um braço e foram feitas várias tentativas para a corrigir, mas em vão... Alguns anos depois, uma pobre mulher de um pescador, que apanhava lenha junto da praia, ao lançar em casa o pau ao lume, este não ardia. A filha, que era muda, pela primeira vez falou e disse que era o braço que faltava ao Senhor de Matosinhos. Aproximaram da escultura na parte em falta e o braço encaixou perfeitamente. Após isto, contaram-se histórias de curas milagrosas que com o tempo deram fama inicialmente em Matosinhos, depois no Porto e por todo o norte de Portugal, assim como todo o Portugal Continental e antigo Ultramar.
A imagem esteve inicialmente instalada num altar do extinto Mosteiro de S. Salvador de Bouças, anterior à Nacionalidade, com referências desde o ano de 900 – Matosinhos pertencia ao Concelho e Julgado de Bouças – mas com o empobrecimento deste local e as ruínas do mosteiro, a imagem viria a ser transladada já no sec. XVI para a então erigida Igreja Matriz de Matosinhos.
O templo que hoje admiramos, no seu exterior sobressai a imponente fachada, obra da autoria do arquitecto Italiano Nicolau Nasoni.

Alguém escreveu um dia este verso popular, que eu sempre adorei:

O Senhor de Matosinhos
Mandou dizer ao de Fão
Que dissesse ao de Barcelos
Que o Mundo é todo irmão.

Paz e Amor para Todos!

Beijinhos da “Caramulinha”

11-05-2008 Festas de Matosinhos (1)


A Romaria

O Passeio de hoje fez-me recordar os tempos de criança, quando acompanhados dos nossos pais, vínhamos à romaria do Senhor de Matosinhos.

Ao longo dos anos, esta festa sempre nos marcou pelos bons momentos que durante aqueles dias se passavam com muita alegria, onde sempre se foi buscar energias inimagináveis.

Na nossa memória ficam sempre aquelas saborosas farturas, os brinquedos de criança, os carroceis, os carros de choque, as barraquinhas dos comes e bebes.

Tantas variedades de louças e utensílios do mais variado artesanato expostos pelas ruas aos nossos olhares.

Sempre gostei das rifas da tômbola do Padre Grilo, embora nunca saísse aquilo que eu queria. O fogo de artificio foi sempre um momento alto, mas o que gostava de ver era o “fogo preso”. Ria-me tanto ao ver os coitados dos bonecos a estoirar. Será que ainda se mantém esta paródia cá da terra?
As festividades em Honra e Louvor do Bom Jesus de Bouças / Bom Jesus de Matosinhos ou simplesmente Senhor de Matosinhos, têm já muitos séculos de existência. Todavia, só a partir de 3 de Maio de 1733 é que foram oficialmente reconhecidas, festejando-se desde então os actos Religiosos e Profanos, evidenciando-se as suas famosas Romaria e Procissão Cristã.

A “Caramulinha” passeou e divertiu-se entre os milhares de pessoas que afluíram este ano de 2008 a esta grandiosa festa, das mais importantes do Norte de Portugal.

Para as gentes do Concelho, o seu feriado Municipal
é na terça-feira, dia 13 de Maio.

continua...

A "Caramulinha"