quinta-feira, 31 de julho de 2008

12-07-2008 PR8 Terras de Bouro (1)

Trilho do Couto do Souto – 10km / Circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”

Olá, Amiguinhos

Cá estamos de regresso à “Rainha das Serras”, encantadora Serra do Gerês, com a sua enorme beleza que nos embriaga e revitaliza o corpo e o espírito.
Este agradável percurso histórico e cultural, desenrola-se nas encostas montanhosas a sudeste do Vale do Rio Homem e percorre alguns lugares puramente rurais de duas Freguesias: Souto e Ribeira.
Chega-se pela EN205-3 e após passar Sequeiros, logo à frente surge Souto.

Souto foi entre os anos de 1254 e 1836, por foral de D. Afonso III, Vila gerida administrativamente independente, com seu próprio Couto e Julgado, onde ainda hoje podemos ver construções edificadas daquele tempo, sobressaindo a Igreja, recentemente recuperada, e as artísticas cruzes graníticas da Via Sacra.

A placa indicadora do trilho fica no cruzamento à face da estrada mas, deve seguir e virar á direita para o interior da Freguesia e estacionar próximo à Igreja Matriz, junto ao Lugar do Paço e daí iniciar o percurso descendo até à EN que vai atravessar (muito cuidado!) e caminhar por estradão e carreiros rurais em direcção ao Rio Homem, na Ponte que liga a Freguesia de Souto, Concelho de Terras de Bouro, a Valbom S. Pedro, pertencente ao Concelho de Vila Verde.

Ali ao lado seguimos o carreiro para o Vau que vai levar à Praia Fluvial e Zona de Lazer.
Caminhamos todo o passadiço sobre o rio e admiramos este pequeno recanto bucólico com o açude e a velhinha azenha desprovida do seu peculiar engenho, que o tempo levou.
No regresso pelos campos verdejantes chegamos novamente à EN205-3 que mais uma vez atravessamos (com muito cuidado!) e dirigimo-nos para Ribeira.

Na subida de Leiredo, ao chegar ao miradouro do Cruzeiro, descansamos um pouquinho a contemplar aquela paisagem fantástica sobre o Vale do Rio Homem. Vamos ingerindo líquidos e fazendo curtas paragens, que o ascendente ainda está para durar.
Do nosso lado esquerdo vislumbra-se a Igreja Matriz de Ribeira.

Depois de passarmos a Capelinha da Sra. Do Socorro e Sr. Da Agonia, com singelo Altar, surgiu-nos na curva da estrada, a brincar na berma, três adoráveis crianças com quem estivemos à conversa: o Marco, o Sérgio e a Helena, que fazia raminhos com ervas. Lembrei-me das crianças de todo o Mundo e daquela mensagem que um dia Miguel Torga, esse poeta mítico por excelência, escreveu:

Pois eu gosto de crianças!
Já fui criança também…
Não me lembro de o ter sido;

Mas só ver reproduzido
O que fui, sabe-me bem.

É como se de repente
A minha imagem mudasse
No cristal duma nascente,
E tudo o que sou voltasse
À pureza da semente.

Despedimo-nos dos três com beijos e prosseguimos a caminhada pelo caminho asfaltado sempre em ascendente até ao alto de Gogide.
Vamos contemplando a floresta e campos de cultivo, vislumbrando nas ramadas os verdes cachos a inchar e as típicas colmeias onde as abelhas produzem o excelente mel da Serra do Gerês. Enchemos as garrafas na fonte que jorra para o tanque e daí a nada já estávamos na estrada de terra batida, que embora diferente, é um caminho que nos é já familiar: a Geira Romana ou Via Militar XVIII do Itenerário de Antonino, aqui bem mais larga, por acção do homem moderno, que na altura das obras de alargamento para os acessos à Aldeia de S.ta Cruz, pôs a descoberto os Marcos Miliários que “balizavam” a Milha XIV, que tal como vem sendo costume, gosto de vos deixar aqui a descrição que ostenta o painel informativo:

«Esta milha situa-se pouco depois da portela montanhosa de Santa Cruz, na freguesia de Souto, onde se separam as águas dos rios Homem, para norte, e do Cávado, para sul. Os marcos relacionados com esta milha foram descobertos já no século XX, quando o antigo caminho de acesso à aldeia foi alargado com uma máquina.
Contam-se quatro marcos intactos e outros três fragmentos. Do conjunto cinco conservam a inscrição e outros dois são anepígrafes. A milha XIV é referida nesses cinco. No entanto, é apenas possível datar quatro. Um deles é de Tito e Domiciano (79-81), datável do ano 80; outro de Caracala (198-217), datável do ano 214; um terceiro de Décio (249-251), datável do ano 250; e o quarto de Magnêncio (350-353).
No quinto miliário, apesar de se reduzir a um fragmento, ainda se lê a inscrição a Bracara e a distância, sendo possível que tenha sido dedicado a Adriano.
Esta série de marcos conserva-se no local exacto onde foram encontrados, no lado direito da estrada, para quem caminha de Bracara para Asturica.
Do local da milha em diante grande parte do traçado da Geira encontra-se destruído numa extensão de 1462 metros por uma estrada de terra batida, a qual todavia coincide com o antigo percurso. Entre esta milha e a seguinte foi medida uma distância de 1633 metros.»

Conforme se pode ver na foto que tiramos, há um marco que foi recentemente desenterrado, perfazendo 8 Marcos Miliários.
Depois de admirar este local de grande simbologia histórica, com quase dois mil anos, visitamos a pacata e serena Aldeia de S.ta Cruz onde ainda se pode ver junto à restaurada e bem preservada Capela um Marco Miliário (ou fragmento) deslocado para este pátio calcetado de granito.

O gado autóctone deambula a seu belo prazer pela Geira e junto dos currais.
Retomado o Percurso, descemos por um estreito caminho bastante cerrado pelas silvas, ortigas e giestais que deixaram as pernas e braços um pouco a “arder”. É a Vida!

Caminhando por aquele bosque serenos e em silêncio, avistamos algumas aves de diversas cores, como o pintarroxo mas, a sensação mais profunda e emocionante foi ver passar ali a vinte metros à nossa frente aquele maravilhoso e ternurento “Felis Silvestres” o gato selvagem do Gerês que ao que parece veio a dar origem ao gato domestico que hoje temos nas nossas casas e tão agradável companhia nos fazem.
Por ser um momento inesperado e alguma atrapalhação nossa ao ligar a câmara fotográfica, ele deu um salto espectacular e em corrida desapareceu num ápice.
Para a próxima talvez se consiga aquela nossa …foto do ano!
Prosseguindo já na parte final descendente do percurso, passando pelos lugares de Sequeirô e S. Croio, por caminhos que ladeiam campos de cultivo, chegamos às habitações graníticas de Souto, percorrendo as ruas do centro da Freguesia e terminando este agradável e apaixonante Percurso Pedestre junto à Igreja Matriz.

O piquenique foi mais uma vez no Parque de Merendas junto aos pavilhões de amostra de artesanato da região, próximo à EN205-3, com fonte de água fresca de serventia.
Após este apetitoso momento, deslocamo-nos a Rendufe, já no Concelho de Amares, visitando esse imponente monumento Religioso e fomos relaxar as restantes horas desta quente e agradável tarde numa aprazível praia fluvial.

Continua...

12-07-2008 PR8 Terras de Bouro (2)

Trilho do Couto do Souto – 10km / Circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”


Rendufe - Concelho de Amares - Braga

O Mosteiro de Santo André de Rendufe foi um dos mais importantes cenóbios beneditinos nacionais, desenvolvendo-se continuamente até ao século XV. Aquando da subida ao trono de D. João I, uma questão suscitada entre o abade Afonso Martins e o arcebispo de Braga fez com que este último conseguisse do Papa uma autorização para a extinção do Mosteiro. Este intento não foi conseguido, mas a antiga casa passou então a comenda. As principais obras que hoje se detectam no Mosteiro datam do século XVIII, altura em que se levantou a nova igreja. Os acabamentos interiores só ficaram concluídos em 1755, decorrendo as obras da igreja em paralelo com as das dependências conventuais. De 1780 é a Capela do Santíssimo Sacramento e merece atenção particular o conjunto de talha rococó que decora a igreja, um dos mais importantes do norte do país.

Depois de 1834 a igreja passou a paroquial, e a cerca e demais instalações foram vendidas e posteriormente perdidas num incêndio que consumiu grande parte do antigo Mosteiro. Hoje em dia o espaço monacal original está na posse de vários proprietários e não permite uma intervenção global. O Programa de intervenção de emergência e o Plano de recuperação, reabilitação e valorização que o IPPAR actualmente tem em curso visam preservar o que ainda subsiste, sem perder de vista a possibilidade de agir globalmente sobre o Mosteiro num futuro próximo. A classificação inclui as ruínas do claustro e um chafariz do antigo convento beneditino.
(Textos: Mosteiro de Rendufe)

Prado
A Paróquia de Prado (Santa Maria), freguesia da Vila de Prado, situa-se na margem direita do Rio Cávado no concelho de Vila Verde, distante da cidade de Braga 7 Km. e a ela ligada agora também por uma via rápida (autoestrada). Quem entra na cidade de Braga pela circular e quer vir até Prado usufruir a sua praia fluvial maravihosa, ou os seus restaurantes típicos, dirige-se na direcção de Estádio, Ponte de Lima, Vila Verde e Amares e é a primeira povoação que encontra devidamente assinalada.
Dispondo desta posição geográfica excelente e de uma praia fluvial invejável, está a atrair cada vez maiores investidores, prevendo-se um constante desenvolvimento demográfica nos próximos anos com a saturação da cidade de Braga, para além de oferecer muito melhor qualidade de vida.

Praia Fluvial do Faial, Rio Cávado
Lugar do Faial - Vila de Prado - Braga


Na margem direita do rio Cávado, esta praia possibilita todo o tipo de actividades balneares, bem como a prática de canoagem , remo, voleibol de praia, ténis, futebol e muito mais a construir.Está dotada de bar, balneário, sanitários, parque de estacionamento, telefone, primeiros socorros e vigilância (meses de Verão).

Julho de 2008
A qualidade da água da praia fluvial do Faial na Vila de Prado (única praia designada no Concelho de Vila Verde, e, como tal, única praia vigiada pela CCDRNorte) foi de aceitável em todas as análises realizadas.
Alertamos que a praia fluvial de Ponte Nova, na Freguesia de Loureira, e a praia fluvial do Gaião, na Freguesia de Cabanelas, devido à má qualidade da água, se encontram interditas à prática balnear, pelo que a utilização destas águas para banhos poderá originar graves problemas de saúde.
(Textos: Paróquia e Vila de Prado)

Tenham umas óptimas férias e façam caminhadas pela Natureza.

Beijinhos da “Caramulinha”

terça-feira, 22 de julho de 2008

Para Ti...

A pior dor!

E a Vida foi, e é assim, e não melhora.
Esforço inútil. Tudo é ilusão.
Quantos não cismam nisso mesmo a esta hora
Com uma taça, ou um punhal na mão!

Mas a Arte, o Lar, um Filho, António? Embora!
Quimeras, sonhos, bolas de sabão.
E a tortura do Além e quem lá mora!
Isso é, talvez, minha única aflição.

Toda a dor pode suportar-se, toda!
Mesmo a da noiva morta em plena boda,
Que por mortalha leva... essa que tráz.

Mas uma não: é a dor do pensamento!
Ai quem me dera entrar nesse convento
Que há além da Morte e que se chama A Paz!

Poema de António Nobre (Só) 1892
O Grande Poeta com ligação a Leça da Palmeira

domingo, 20 de julho de 2008

28-06-2008 Ocidental Praia Lusitana Nº 4 (1)

Esmoriz – Furadouro 9 km / linear
Caminhar pela Praia

Olá, Amiguinhos (as)

Por lembrança de alguém do Grupo, retomamos as caminhadas pelas praias da costa Portuguesa que, sendo percursos lineares, requerem alguma organização logística, nomeadamente ao nível dos transportes públicos e seus horários e acessos, ou trazer mais do que uma viatura para que fique sempre transporte para o regresso no final da etapa.
Para este programa as coisas ficaram simplificadas com a informação requerida atempadamente nas empresas de transporte e para quem quiser fazer esta caminhada pode optar pela seguinte formula:

Deixe a viatura próximo da Estação da CP de Esmoriz.
A Caminhada começa logo aí, atravessando a linha (com atenção aos comboios) e vire à esquerda, percorrendo trezentos metros. Junto ao pontão vire à direita e siga por essa recta em direcção à Praia. Pelo meio encontra snacks e cafés para tomar o seu pequeno-almoço.

A partir da Praia caminhe a seu belo prazer durante aproximadamente 8 kms até ao Furadouro, em Ovar, passando pelas Praias de Esmoriz, Cortegaça e a “selvagem” Praia de Maceda, onde poderá verificar com os seus próprios olhos a força da Natureza esculpida pelo Mar.

Durante o trajecto, surgem pequenos barcos atracados nos cais junto ao mar ou espraiados no areal a aguardar a hora para a saída da faina da pesca.

A arte da pesca de “Xàvega” ainda resiste em alguns locais mas, muitos dizem ter esta arte artesanal os seus dias contados! Ninguém se importa em preservar estas culturas, apoiando os poucos pescadores que por sobrevivência e devoção ao Mar ainda continuam nestas actividades piscatórias na costa Portuguesa e as nossas gerações futuras mais tarde só saberão que estas coisas existiram, por fotos, filmes ou livros.
É uma pena!

Vá parando de vez em quando e ingerindo líquidos. Com algum cansaço e o corpo mais moreno (não se esqueça de colocar protector solar logo no início da caminhada) será com satisfação que após algumas horas, atingirá a moderna Praia do Furadouro com suas esplanadas, banhistas, restaurantes e bares.

Durante o percurso observe e respeite o mar e as dunas, não deitando papéis, latas ou plásticos para a praia, pois já basta as quantidades de lixo e poluição que o homem com suas industrias e habitações pelos rios no mar deposita tanta porcaria que o conspurcam e que as marés devolvem ao areal da costa.

Como cidadãos civilizados e amantes da Natureza, devemos ser os primeiros a dar o exemplo.
Depois de almoçar, fique a fazer uma “prainha” (não esqueça da toalha e fato de banho) e quando lhe apetecer regressar pelas 17.00 horas (ou horas seguintes, sempre de hora em hora) procure a paragem da carreira da Agência de Viagens “Auto Viação do Souto” (1.40 eur) que te levará à Estação da CP em Ovar para aí regressar no comboio ( 1.30 eur) novamente até Esmoriz.

Se no final, tal como nós, gostares deste passeio, a “Caramulinha” também fica feliz por ter dado esta sugestão, que não é original, bem sei, mas muitos ocultam e não divulgam.

Continua...

28-06-2008 Ocidental Praia Lusitana Nº 4 (2)

Esmoriz – Furadouro 9 km / linear
Caminhar pela Praia


Os Rochedos do Mar

Já reparaste, Amiga, como o Mar
Na sua arremetida e trovejante
Contra os rochedos - escultor gigante –
Os sabe estranhamente modelar?

Vê tu como essas pedras adquiriram
A expressão heróica da braveza
Das ondas espumantes, e a macieza
Que ao mesmo tempo nelas imprimiram!

Ondas estatuadas: sonhos da água;
Cóleras e soluços, e ais que em frágua
Cristalizaram, espectral e adusta,

Esses rochedos são talvez a imagem
Dos seus sonhos imensos, a miragem
Duma beleza estranhamente augusta…

Poema de António Carneiro
(Grande Mestre Pintor e Poeta de Leça da Palmeira 1872 - 1930)


Bons Passeios e Caminhadas por esse Portugal fora!

Beijinhos

quarta-feira, 16 de julho de 2008

21-06-2008 PR5 Terras de Bouro (1)

Trilho Águia do Sarilhão – 9 km / circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”

Olá, Companheiros (as)

«Meu espírito caminha
Em uma eterna busca
De um encontro pleno…»

Estas palavras de Teotónio Roque foram o mote para finalmente virmos percorrer o “Trilho da Águia do Sarilhão”, na Freguesia de Campo do Gerês, com o propósito de no final da caminhada após o piquenique, fazermos uma visita (já há algum tempo adiada) ao Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna.
Depois, se tudo corresse bem, irmos divertir-nos num agradável passeio de charrete.

A Caminhada
Pelas 09.30 horas deste dia esplêndido de sol e algum calor em pleno místico Vale do Rio Homem, demos início à caminhada, partindo da “Porta de Campo do Gerês” Freguesia de Terras de Bouro. Fomos calcorreando pelo asfalto até a um lugar conhecido por Leira dos Padrões, e deparamos no jardim de uma habitação com um Marco Miliário da Geira, concretamente a assinalar a Milha XXVIII, cujo painel elucida os Caminheiros da situação geográfica local.
Diz assim:
« A milha XXVIII situa-se na Leira dos Padrões, a oeste de S. João do Campo, a uma altitude de 630 metros. Os miliários relacionados com esta milha têm sido encontrados em pontos dispersos, o que é normal considerando que o caminho atravessa uma área cultivada, dividida em numerosas parcelas. O local exacto da milha poderá ser o topónimo Leira dos Padrões, na Veiga de S. João.
No conjunto, em relação com esta milha, foram registados 9 marcos. Destes sabe-se, pelas referências bibliográficas do século XVIII, que dois foram destruídos a fim de serem utilizados na construção da igreja setecentista. De outros três não se sabe o paradeiro. Um deles, de acordo com José Matos Ferreira era consagrado ao imperador Magnêncio (350-353), sem indicação da milha. Outro a Constâncio (292-306), tendo sido encontrado junto às ruínas do antigo templo de S. João do Campo, também este sem indicação da milha. No terceiro apenas se lia o registo da milha: XXVIII. Junto à estrada municipal observa-se um outro marco, citado pela primeira vez por Matos Ferreira, e cuja epígrafe, embora legível, é pouco explícita.
Amaro Carvalho da Silva divulgou, em primeira-mão, outros três. Um deles, de acordo com aquele autor conserva-se na parede exterior de uma casa de S. João de Campo. Apenas se lê a indicação da milha XXVIII.

O outro apareceu em 1945 numa leira, tendo sido colocado num muro de socalco. Mais tarde, em 1982, quando, na mesma leira, foi erguida uma vivenda, o marco foi colocado a 25 metros do local do achado, no quintal, onde ainda hoje se pode observar. A inscrição deste marco, segundo a leitura de A. M. Silva, refere-se ao imperador Caro (282-283). Um terceiro, anepígrafe, jaz numa parede de uma corte de gado em S. João de Campo.»

Deixando a povoação, segue-se por um caminho contíguo ao Parque de Campismo de Cerdeira, um dos mais belos da Europa onde já estivemos acampados noutra ocasião, e subindo um pouquinho junto à margem direita do Ribeiro de Rodas, que ali ao lado sussurra nos pequenos declives entre penedos que vai transpondo, escondido entre a vegetação, surge-nos bem lá no alto a Fraga do Sarilhão, altiva e imponente.

Descemos pela vertente escarpada alguns metros a céu aberto com apoio nos corrimões de madeira, ao longo de Redondelo e Sarilhão, mas a alta vegetação arbustiva do caminho esconde por momentos a luz solar, que o contorna em descendente algo escorregadio, tornando-se bucólico.

Chegando à estrada da Mata da Albergaria, perto da Bouça da Mó, vira-se à esquerda e logo à frente avista-se a sinalética metálica da Geira e deve descer-se um escarpado carreiro com corrimões para amparo de quem desce o declive que irá levar em direcção à Bouça do Gavião, nos Padrões da Cale, ao troço da Geira Romana ou Via Nova, até ao cruzamento para a Barragem e Covide em pleno Vale de Vilarinho da Furna.

Tendo já percorrido este troço da Via Romana XVIII, do Itinerário de Antonino, na caminhada que fizemos desde S. João do Campo até Lobios, onde percorremos estas Milhas XXVIII e XXIX, (quem nunca percorreu este caminho deve fazê-lo, pois só na Milha XXIX pode ver-se um conjunto de treze Miliários que não deve perder de visitar) resolvemos hoje prosseguir pela estrada de terra batida e cá de cima admirar as calmas e espelhadas de azul águas do Rio Homem, represado na Albufeira de Vilarinho da Furna.

Ao fundo vemos o trajecto da Geira que hoje não percorremos. Do lado oposto sobressaem as montanhas da Serra Amarela. É uma paisagem de cortar a respiração!

Chegados à Barragem, foi tempo para repousar um pouco, meditando naquele fantástico poema de Miguel Torga, “Requiem” na sua homenagem às gentes e à Aldeia comunitária de Vilarinho da Furna, submersa pelas águas do Rio Homem ali travado:

Viam a luz nas palhas de um curral,
Criavam-se na serra a guardar gado.
À rabiça do arado,
A perseguir a sombra nas lavradas,
Aprendiam a ler
O alfabeto do suor honrado.
Até que se cansavam
De tudo o que sabiam,
E, gratos, recebiam
Sete palmos de paz num cemitério
E visitas e flores no dia de finados.
Mas, de repente, um muro de cimento
Interrompeu o canto
De um rio que corria
Nos ouvidos de todos.
E um “letes” de silêncio represado
Cobre de esquecimento
Esse mundo sagrado
Onde a vida era um rito demorado
E a morte um segundo nascimento.

No regresso da Barragem, flectimos à direita por um caminho em ascendente que vai levar até à Aldeia de S. João do Campo, sobranceira à Veiga.

Passamos pelas casas dos habitantes locais e de Turismo Rural, de construção granítica, com suas varandas típicas em madeira, pela casa de acolhimento dos gatinhos, uma ideia excelente e os típicos pombais com rolas e pombos por cima dos galinheiros.

Chega-se ao miradouro próximo da Junta de Freguesia onde se desfruta de umas vistas deslumbrantes sobre as Capelas e o casario da Aldeia, as Chãs de cultivo e pastagens de garranos. Venham ver esta beleza!

Um pouco mais adiante embrenhamo-nos no troço da Geira, muito coberta pela vegetação, próximo à Pousada da Juventude, tendo ao nosso lado a verdejante Veiga de S. João, que nos conduzirá até à Ponte de Eixões ou Ponte de Rodas, lançada sobre este rio que atravessa a Freguesia de Campo. Terá sido construída entre a Idade Média e a Idade Moderna, quiçá sobre fundações de uma mais antiga da era Romana. Será, então, uma Ponte Romano/Medieval?

A sua edificação neste local, estará relacionada com uma eventual alteração do traçado da Geira. É uma estrutura de perfil em arco, sobre dois arcos de volta redonda, com pedra provavelmente aproveitada do período Romano. Depois de a contemplarmos prosseguimos os metros finais e logo acima se avista o Museu Etnográfico, onde demos por terminado este agradável e belo percurso.


Continua...

21-06-2008 PR5 Terras de Bouro (2)

Trilho Águia do Sarilhão – 9 km / circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”

Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna
Nasceu de uma ideia original de Manuel Azevedo Antunes e cujo projecto esteve a cargo dos arquitectos João e Delmira Rosado Correia e se concretizou graças ao apoio principal do Município de Terras de Bouro e das Gentes de Vilarinho da Furna que doaram o espólio. Esta é, por assim dizer, a Porta de visita obrigatória de Campo do Gerês.
O Museu está dividido por 7 salas de exposição.
No rés-do-chão, nas salas 1 e 2, nos é descrita a formação da Serra do Gerês e suas composições mineral e granítica.
Na sala 3 a importância da água (história da chuva) para esta Serra.
Na sala 4 a história do bosque e na 5 a intervenção humana neste território formado por montanha, seus moldes e exploração dos recursos naturais.

O 1º andar então, é um espectáculo, reservado o espaço das salas 6 e 7 para a história da Geira Romana.
Mas, o que mais nos surpreendeu e emocionou foi, sem duvida, o espaço etnográfico maravilhoso dedicado à extinta Aldeia comunitária de Vilarinho da Furna, hoje submersa na Barragem, onde podemos ver o tear, o quarto, a cozinha, utensílios agrícolas, roupas, calçado, louças, etc…

Nos quadros expostos são visíveis e arrepiantes as descrições sobre o desaparecimento desta Aldeia que se situava entre as Serras Amarela e do Gerês, perto da confluência do Ribeiro das Furnas com o Rio Homem, rodeado de campos agrícolas e hortas.
A construção da Barragem autorizada pelo Governo e inaugurada em 14 de Maio de 1972, submergiu a Aldeia e toda a sua área agrícola, impondo aos habitantes a dispersão para outras localidades, extinguindo-se, assim, um dos últimos núcleos comunitários do nosso País.

Por pouco mais de 20 mil contos (20.741607$00), foi comprada a Aldeia, terrenos agrícolas e florestais, obrigando-se à dispersão todos os vizinhos, a partir de Setembro de 1969 e Outubro de 1970, pelos Concelhos de Terras de Bouro, Vieira do Minho, Amares, Vila Verde ...
Diz o livro: «… Vilarinho da Furna não existe mais; não declinou por abandono dos habitantes, mas porque uma barragem a meteu debaixo da água.
Nem os mortos escaparam e dos vivos ninguém cuidou.

Era uma Aldeia comunitária que vivia numa “nobre pobreza” onde os habitantes se sentiam senhores do que cultivavam e colhiam e geriam em comum os seus interesses colectivos…»
Exemplo de união que se extinguiu e hoje tão difícil de encontrar!
É uma pena!

Suplemento relaxante
Esperem lá, que o programa planeado foi cumprido à risca!

Depois de umas refrescantes bebidas e gelados, dirigimo-nos para o Centro de Actividades de Montanha “Gerês Equidesafios” e todo o Grupo foi passear uma hora de charrete, o "taxi-garranos" do Gerês.

Que maravilha!

Férias
Nas tuas férias ou algum fim-de-semana que tenhas disponível, vem ao Gerês desfrutar destas paisagens luxuriantes, com actividades de desporto e laser.
Para quem gostar, Acampar também é outra ideia maravilhosa.
Se não tiveres Grupo ou Clube, existem organizações que promovem Eventos na Natureza. Sem menosprezo para ninguém, julgo ser o Gabinete de Turismo da Câmara de Terras de Bouro e as Juntas de Freguesia, à priori as Entidades mais competentes e com obrigação social para fornecerem toda a informação que achares necessária sobre a Serra do Gerês e seu Turismo.
De uma coisa estamos certos: podem ter a certeza que para passar um dia assim tão activo e cheio de emoção, não é preciso ser rico. Basta querer fazer algo de diferente para nos divertirmos com aqueles que amamos e gostamos de conviver e termos alguma imaginação para analisar que o que se pode reduzir em despesa aqui já dá para gastar acolá, sem alterar o orçamento para a vida do dia a dia. Assim pensamos e agimos. E gozar um pouco nas férias todo o trabalhador tem direito.

Tenham Todos umas Boas Férias e se possível, gozem alguns dias em contacto intimo com a Natureza que o nosso País oferece!
O teu corpo e o teu coração te agradecerão mais tarde!

Beijinhos da “Caramulinha”

domingo, 13 de julho de 2008

Mondim de Basto (1)

« É tudo encantador : a gente cansa,
Cansa de estar olhando e sempre vendo
Um novo encanto a cada olhar que lança! »
João de Deus

Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Mondim de Basto:
Com sua licença, gostava, apenas e só, de evidenciar aqui neste meu blogue, aos olhos de todos que o visitarem, a “ALTA QUALIDADE” dos Eventos organizados pela Freguesia ao longo destes três anos, sem fins lucrativos, que tem proporcionado a todos que aderem, conhecer um pouquinho melhor a beleza “escondida” dessa maravilhosa Terra e ao mesmo tempo usufruirmos de belos momentos de convívio e amizade.
Para nós, simples turistas apaixonados por tudo que de belo há em Portugal e fervorosos amantes do Turismo Nacional e das Caminhadas pela Natureza, constatamos que os programas realizados pela Freguesia de Mondim e que temos a sorte de ter participado, são o que há de melhor e mais puro!

Melhor e mais puro!

Conhecer Mondim de Basto




Muito Obrigada

A “Caramulinha” agradece!

Continua...

Mondim de Basto (2)

À descoberta de Mondim de Basto

É a pensar no preenchimento positivo das horas vagas, melhorando a qualidade de vida das pessoas e mostrar a toda a gente a beleza desta terra, que a Freguesia organiza as Caminhadas proporcionando a muitos Mondinenses e turistas descobrirem “paraísos escondidos”, com seus vales e colinas de vegetação variada e bela, rios, calçadas e caminhos rurais e as suas esplendorosas levadas de água, e ao mesmo tempo oferecendo uma panorâmica fabulosa das cadeias de montanhas que rodeiam Mondim de Basto.
É uma paisagem atraente e bucólica que os nossos olhos desfrutam!
Nestes eventos são inseridas componentes recreativas e culturais, tais como tradições do mundo rural, folclore, teatro e jogos de diversão, entre outros.

As Caminhadas

Tradições e Costumes





Continua...