segunda-feira, 25 de agosto de 2008

26-07-2008 PR1 Viseu (1)

Rota da Ribeira da Várzea – 9km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de Viseu

Olá, Companheiros (as)

Viemos hoje caminhar pelas terras de “Viriato”, que o mesmo é dizer Viseu, ao longo de um trilho maravilhoso na Freguesia de Várzea de Calde, inaugurado à cerca de um ano.

Este é o 1º de sete Percursos Pedestres que a Câmara de Viseu tem vindo a implementar, dando assim melhores condições aos seus Munícipes e Turistas para a prática desta fantástica e livre modalidade.
Desde já, os nossos parabéns ao Sr. Presidente da Câmara e seus Colaboradores pela audácia e concretização deste ambicioso e prometido projecto.
Já na estrada Municipal para Calde, preste atenção à placa que indica estar a 2 km do local do início do percurso.

Porém, antes de virar para Vila Pereira (o percurso inicia-se a 300 metros) siga enfrente mais um pouquinho e tome um agradável pequeno-almoço no café Rampinha, onde será servido pelo Sr. Luís e Dª Isabel com toda a amabilidade.

Iniciamos o percurso por um caminho que nos leva directamente ao Rio Vouga, no lugar das poldras (oitenta e seis) que servia para atravessamento do rio às populações de Várzea e Sanguinhedo de Maçãs.

Convém aqui chamar à atenção para as placas da sinalética (deveras original) que guiam o Caminhante durante o percurso, pois, encontrarás a sinalizar a direcção para o caminho certo e também para o errado, ou ainda, para dois locais ambos certos, sendo que, um deles é apenas um desvio para visitar um determinado local de referência com interesse e deveremos regressar novamente para prosseguir o trilho.

Depois das poldras, o percurso segue pelos campos de cultivo e pastoreio que ladeiam o Vouga, até chegarmos às margens da Ribeira da Várzea onde encontramos alguns velhos moinhos.
Fizemos depois um dos tais desvios até à Capela do Senhor da Agonia.

No regresso, sobe-se uma calçada à Portuguesa até ao núcleo habitacional, que atravessamos, contemplando as suas casas graníticas, muitas em decadência e de seguida embrenhamos por uma das partes mais belas deste trilho, caminhando ao longo da levada, ladeada por corrimões de madeira que protegem os Caminheiros do desnível da margem da ribeira.

É um local tão sereno e bucólico que não apetece sair daquele banco de madeira, sentados ali naquela paisagem romântica e escondida do mundo, pensando naquelas palavras do poeta João de Deus:

…« Que as asas providentes
Do anjo tutelar
Te abriguem sempre à sua sombra pura!
A mim basta-me só esta ventura
De ver que me consentes
Olhar de longe…olhar!

À saída, seguimos por um estradão, que vai levar a um entroncamento, desviando nós para a barragem de aproveitamento hidroagrícola, inaugurada no ano 2001.
Demos a volta “ao quarteirão” e regressamos pelas margens da pequena albufeira.

Que beleza!
De seguida passamos pela Estação de Tratamento de Água de Calde e pelo caminho do pinheiral chegamos à Rua da Seara onde se avistam junto das casas os típicos espigueiros e os pátios das eiras cobertas de forragens do milho a secar.

Próximo da Escola Primária desfruta-se de umas vistas maravilhosas onde sobressai a Capela de Nossa Senhora de Lurdes, construída em 1880.

Seguindo agora pela estrada asfaltada, chega-se ao interior da Aldeia de Várzea de Calde e próximo à Capela de S. Francisco, do séc.XVIII, irá nascer o Museu Etnográfico, cuja casa de lavoura que irá ser o Museu e estava em ruína foi já recuperada e brevemente irá ter as suas salas de exposição divididas para utensílios agrícolas bem como a recriação de ambientes de várias épocas, nomeadamente o espaço consagrado à cultura do linho, com atlier de trabalho e quiçá, formação profissional inerente.
Nos espaços contíguos não serão esquecidos o lagar medieval, forno, adega e o curral do porco.
Refira-se que este antigo povoamento já remonta à época pré-romana e foi-lhe conferido foral no séc.XVI pelo Rei D. Manuel I, na altura com a designação de “Caldas do Couto de Lafões”.

Já no final desta caminhada, agora pelos caminhos de acesso aos campos repletos de verdejante milho, onde ainda lá permanecem os “guardas-espantalhos”, chegávamos novamente ao ponto de partida, dando por terminado este belo e agradável percurso.

Deslocamo-nos para um parque de merendas, dos vários que existem nesta região, próximo a uma antiga eira comunitária, um lugar deveras encantador, onde teve lugar o nosso apetecível piquenique.
A tarde foi passada na cidade de Viseu, na frescura do jardim Aquilino Ribeiro, que é hoje o belo Parque da Cidade, onde relaxamos, degustando saborosos gelados e refrescantes bebidas.

Obrigada, Viseu!
Havemos de cá voltar.

Continua…

26-07-2008 PR1 Viseu (2)

Rota da Ribeira da Várzea – 9km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de Viseu


A parte negativa

Ao longo do percurso, o Caminheiro ou simples Turista, depara-se com vários Parques de Merendas, que foram criados para que todos possam usufruir de agradáveis momentos de descanso e laser, piqueniques e lanches, durante e após os passeios das caminhadas.
Em todos foram colocadas mesas e bancos de excelente qualidade granítica e fácil higiene, capazes de resistir ao tempo por muitos mais anos que se fossem feitos de madeira, como é normal verem-se por muitos parques do País.
O que eles não estão a resistir é às mãos sujas de ladrões, que roubam para si o que devia ser usufruído por todos.
Por este andar, se aqueles espaços não forem vigiados, em pouco tempo não restará um sequer para amostra e passaremos a sentar e a comer no chão, sem que as Entidades credíveis, inclusive Autarquias, ás vezes com tanto esforço orçamental, possam vir a repor outra vez estes bens que fazem falta para as gentes locais e para os turistas.
Com este vandalismo, estes espaços vão-se degradando e deixam de ser usados, notando-se o rápido crescimento da vegetação rasteira envolvente, estando já em alguns casos a necessitar de limpezas.
É lamentável, em pleno século XXI, ainda se assistir a cenas destas, praticadas por “gentes”sem ética social e sem escrúpulos, a todos os títulos condenável!






Até à próxima e Felicidades.

Beijinhos da “Caramulinha”

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A “amora silvestre”



A amora, da silva, é uma fruta altamente nutritiva, com um misto de sabor doce e um pouco ácida. É composta por 85% de água, vários minerais e algumas vitaminas.
Existem à venda variadíssimos produtos naturais e confeccionados com derivados da amora, pois, esta fruta selvagem é indicada no controle de hemorragias e da pressão arterial, além de exercer uma função antioxidante.

Este ano a “Caramulinha” resolveu nas férias tirar uma manhã para ir à apanha das amoras e não correu nada mal.

Quase dois quilos de amoras!
Como se sabe, a amora também é apreciada para ser comida como uma excelente sobremesa, ou ainda usada na fabricação de geleias, sucos, doces, licores, etc.
Aqui ficam (como sugestões) os dois destinos finais que as amoras apanhadas pela “Caramulinha” tiveram.

Sobremesa

Uma tacinha de amoras (onde se adicionou uma colher de açúcar + uma colher de vinho do porto) já é suficiente como sobremesa rica em calorias.

Licor “caseiro”

Depois de fechar bem o frasco, deixe em dissolução durante:
6 meses: fica óptimo!
12 meses: fica excelente!
Em 12 meses fica totalmente licoroso, pois o açúcar (que cada um adiciona a quantidade a seu gosto) dissolve-se na aguardente e esta absorve das amoras todas as propriedades, tomando a cor vermelho intenso.

Abra o frasco, passe por um coador e com um funil vaze para garrafas.
Depois……uummhhhhh! Que bom!
Pouquinho de cada vez!

Boas Férias, com algumas lambarices.
Mas, não abusem!
Beijinhos

As amoras

O meu país sabe a amoras bravas
no Verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Poema de Eugénio de Andrade

sábado, 16 de agosto de 2008

19-07-2008 Mixões da Serra (1)



É já a terceira vez que visitamos Mixões da Serra, esse lugar sereno pertencente ao Concelho de Vila Verde, “divinalmente” encaixado na encosta das montanhas que emergem dos Vales sobranceiros ao Rio Homem, onde ainda pastam, semi-selvagens, rebanhos de gado caprino, ovino, bovinos de raça barrosã e os típicos garranos.

A primeira vez foi a 27 de Agosto de 2005.
Nesse dia, logo pela manhã, paramos para tomar o pequeno almoço em Vila Verde e perguntamos qual o caminho para Mixões, esse local “místico” onde todos os anos se realiza a BENÇÃO DOS ANIMAIS, que ouvimos falar mas não conhecíamos.
Olhe, o Padre da Freguesia está ali na mesa a tomar café, disse alguém do balcão.
Dirigimo-nos à mesa, cumprimentamo-lo e apresentamo-nos como simples turistas do Porto à descoberta do que é belo em Portugal.
Explicou-nos o caminho e despedimo-nos com amizade, agradecendo a simpatia.

Paramos inicialmente em Coucieiro, visitando a Igreja Românica.
Alguns quilómetros adiante, surge Valdreu e para nosso espanto, o Padre António Pereira Marques, guia Espiritual destas Freguesias, acreditando nas palavras que dissemos no café, já se encontrava no Lugar do Mosteiro, à entrada da casa do Pároco, junto à Igreja Matriz.

Foi nosso guia, relatando algumas empreitadas das obras de restauro que o monumento foi alvo, discordando de alguns pormenores que, a seu ver, os restauros não estavam a seguir conforme inicialmente planeou e ordenou, fugindo do seu estilo românico primitivo, e por conseguinte adulterado, dando como exemplos mais gritantes a parte superior do pórtico e a rosácea.

Este sacerdote que nos pareceu prático e sociável, falou-nos da Romaria que todos os anos no Domingo anterior ao dia 13 de Junho, se realiza no alto de Mixões de Cima, mais conhecido por Mixões da Serra, a popular e já tradicional Bênção dos Animais.

Embriagamo-nos na leitura de um livro da sua autoria sobre esta grandiosa Festa do Povo, já com tradição muito antiga.
O “PREFÁCIO” é deveras original e encantador:

Para te escrever “Bênção dos Animais”, cara Fénix renascida
Resolvi contigo nos claustros do convento pernoitar
Em silêncio pensativo e amortalhado…
Fazendo espuma, o mar da vida agitada!
Á medida heróica do valente soldado
Com a espada brandir os ventos da guerra e incredulidade
Iniciando o caudal de um enorme rio
O destino certo da Terra Prometida.

Despedimo-nos com gratidão, prometendo no ano seguinte regressar, desta feita no dia da Bênção dos Animais, deixando a viatura nas imediações de Valdreu e caminhando pela encosta da Serra até ao Santuário, se possível acompanhando alguns lavradores e romeiros conduzindo os seus animais para serem benzidos, o que viria a acontecer.
Aliás, o Padre Marques, durante o sermão na Missa campal de 2006, impressionou-nos com mais uma faceta positiva da sua personalidade, ouvindo-o dirigir-se com fascínio ao Povo, uma voz suave e emotiva. É fascinante ouvi-lo, falando de Santo António de Mixões, das pessoas e seus costumes, dos animais, de Deus!

Chegamos ao alto do monte e surge-nos, imponente, o lugar e o Santuário “místicos”, naquele dia desprovidos de gentes e animais mas, essa aparência bucólica arrepiou-me a pele de emoção, ao pensar, como seria, dali a um ano, a nossa despercebida presença entre milhares de turistas e nomeadamente de fiéis com os seus animais.

Neste lugar, antes da construção deste Santuário (1916/1924) existiu uma primitiva Capela, que o Povo ergueu em louvor de S.to António, como agradecimento e cumprimento de promessa, se o Santo defendesse os seus animais das terríveis pestes que dizimavam os rebanhos e do ataque desse misterioso predador, o lobo ibérico, que noutros tempos vagueava em alcateias e proliferava por estas serras.

Continua...

19-07-2008 Mixões da Serra (2)

11-06-2006 "A Bênção dos Animais"
Valdreu – Mixões da Serra – Valdreu (14km)


Os campos já estão semeados
Na terra do lavrador
Seara que produz pão
Com a graça do Senhor.

Mixões da Serra, teu paraíso
De beleza e sonho amada
Cantar poemas na primavera
Naquela manhã dourada.

Naquela manhã dourada
Óh! Seara que tanto trigo dais
Sois espectáculo, vida, luz e cor,
Que nos cintila a “Bênção dos Animais”!

Aquela Flor sorriu
De olhar firme e seguro,
Deixando à tua porta
O jardim do teu futuro.

Naquela manhã dourada
De tanto sonho e saudade!
Fique presa a minha língua
À tua viva em Pádua.

Cavaleiros de Santo António
Sempre fiéis à tradição
Vós sabeis que o Padre Marques
Está com vocês na Oração.
(Caramulinha)

Fui perto do teu santuário
Fiquei à porta da entrada
Amortalhado no silencio do Convento
Naquela manhã dourada!

Verbo caloroso e irresistível
Jardim de Milagres em Pádua
O cavalo ajoelhou-se
Perante a Hóstia consagrada!

Óh! Torreões do Santuário
Saudades do Oriente!...
Naquela manhã dourada
No olhar ideal de crente.

Taumaturgo Santo António
Nesta terra sempre cantado
De Milagres aflux…
Naquela manhã dourada.

Não deixes mergulhado
Na secura do teu olhar,
Abençoado por Santo António
Há-de sempre verdejar.

Versos do Padre António Pereira Marques

Continua...

19-07-2008 Mixões da Serra (3)

Caminhos de Santo António - 10 km / circular
Mixões de Cima – Paçô (Igreja de Salzeda) - Mixões de Cima

A Caminhada

Saímos de Vila Verde às 08.30H, depois de um agradável pequeno-almoço com o saboroso pão regional e seguindo pela estrada na direcção dos Arcos, direccionamo-nos para a Portela de Vade. Aí, tomamos a estrada de Aboim da Nóbrega até Mixões da Serra.

Depois da contemplação ao Imponente e maravilhoso Santuário, a nossa fértil imaginação diz-nos que a placa do trilho está ali, na berma do caminho, embora os outros elementos do Grupo não a consigam ver.

Iniciamos o percurso por um de muitos caminhos que existem ao longo das encostas da Serra que, após umas centenas de metros ainda limpo na fase inicial, este surge-nos por mais de um quilómetro completamente cerrado pelas enormes giestas, tojos, silvas e demais vegetação semi-rasteira, que com o desuso de se caminhar por estes antigos trilhos, outrora calcorreados por Peregrinos, Romeiros e Pastores com seus gados, proliferam abundantemente, não deixando, inclusive, que se veja os desníveis do solo como praticamente nada à nossa frente, salvo aqui e ali algumas clareiras para metermos a cabeça de fora e espreitar a serra.

Nada que não estejamos já habituados, inclusive em percursos sinalizados e homologados pelas entidades competentes que depois esquecem as limpezas dos trilhos. Mas, isso são contas de outro rosário e quem quer como nós, caminhar, tem que se sujeitar, redobrar cuidados e ter mais atenção para evitar acidentes.

Depois, este descendente leva-nos até Paçô e daí ao lugar de Salzeda, por onde cerramos fileiras entre ramadas, campos de cultivo e de pastagens do gado barrosão, a raça autóctone destas regiões.

Para fugirmos à estrada, no regresso agora em fase ascendente, embrenhamo-nos por um pequeno bosque, saindo depois ao carreiro que passa pelos currais do gado do Sr. Manuel Domingos, com mais outra senhora nas lides do campo.

Estes sugeriram um estradão de terra batida, ladeado por pequenos cursos de água, onde nos fomos refrescando enquanto fazíamos pequenas paragens para descansar e ingerir bastante água (até esta se esgotar), pois com o avançar das horas o calor foi apertando e não víamos a hora de terminar este improvisado trilho que com uma pequena dúvida aqui ou ali até nos correu bem.

Os dois últimos quilómetros foram percorridos pela estrada de asfalto e a chegada ao Santuário, com aquele “secão” foi um pouquito penosa, daí nos saber como um líquido divino toda a água que no final emborcamos naquela Fonte Santa de Mixões da Serra.
Como nos soube tão bem chafurdar naquela água pura e fresca que jorra há tantos anos e mata a sede a milhares de peregrinos e fiéis devotos de Santo António!

Sentados ao seu lado, naquele muro granítico, debaixo da frescura e da sombra das frondosas arvores e defronte do escadório, lanchamos com redobrado apetite e saboreando a nosso belo prazer.
Um grupo de escuteiros convivia e cantavam cânticos da Santa Igreja.

Ali à frente, os garranos passavam num galope estonteante.

As gentes locais ou de passagem, enchiam cântaros e baldes daquela água leve e fresca que a Mãe Natureza ali oferece.

Após largos e bons momentos de merecido descanso, regressamos a Vila Verde e por estar muito calor, mais uma vez fomos banhar-nos e divertir-nos nas águas do Cávado, na Praia Fluvial do Faial, na Vila de Prado, deixando para a próxima oportunidade uma visita ao Pároco de Valdreu, que respeitamos e admiramos por tudo que tem feito por estas gentes e pela divulgação destas belas terras, principal responsavel e incrementador da organização da “Bênção dos Animais”. Bem haja!

Que Santo António a todos proteja e nos defenda
de “pestes” e de “lobos”!

Boas caminhadas por este Portugal maravilhoso!