terça-feira, 28 de julho de 2009

Dia Nacional da Conservação da Natureza

Humildade

Como a erva daninha, o musgo, a hera,
Que ás sonâmbulas pedras dão, piedosas,
Num abraço jucundo, misteriosas,
Lembranças de ternura, ser quisera...

Ser como a água no Estio; como as rosas;
Como a brisa que exalta e refrigera;
Qual trilo de ave; Sol da Primavera;
Ser como as sombras misericordiosas...

Ser como o vinho, o Pão e o Pensamento:
Aroma, hóstia, balsamo, alimento...
E esparso, quando enfim na luz dos Céus,

Ser um acorde na Harmonia imensa,
Como alma errando, estática, suspensa,
Sob a bênção magnânima de Deus!

Poema de António Carneiro

Comemora-se hoje o Dia Nacional da Conservação da Natureza.
Esta data serve essencialmente para alertar que a preservação da Natureza começa por cada um de nós. No caso particular de Portugal, pese embora a parte negativa no que respeita á dizimação de grandes áreas florestais provocadas essencialmente por incêndios e consequente ameaça de extinção de espécies autoctones, somos ainda um País com uma beleza incrível. Para dar um exemplo, basta deslocar-se uma vez que seja ao Gerês e todas as dúvidas são logo dissipadas, tal é o encanto com que se fica.
Que o ser Humano não seja egoísta, mas humilde e proteja tudo o que é vida natural que o rodeia, para que as gerações do amanhã possam também usufruir de toda uma imensidão de recursos naturais que hoje, nós, quiçá desmesuradamente usufruímos e esbanjamos sem pensar no futuro.

Sem humildade, nada se consegue!

domingo, 26 de julho de 2009

FÉRIAS 2009

Chegaram os poucos dias
Dum descanso bem justíssimo
Descanso não são folias,
É um descanso merecidíssimo.

Vamos para algures descansar:
Ler, escrever e sonhar…
E quando o tempo passar
Ao trabalho retomar.

Em breve cá estaremos
Sempre o melhor faremos
Para cumprir com perfeição.

Com poesia e trabalho
Presente, eu nunca falho…
Temos por vós muita afeição!

Poema de Eugénio C. Rodrigues Andrade


BOAS FÉRIAS PARA TODOS !!

domingo, 19 de julho de 2009

30-06-2009 PR2 Cinfães (1)

Trilho Vale do Bestança - 6Km / Circular
Vila de Muros – Freguesia de Tendais

«O trilho do Vale do Bestança é uma rota oval que começa e termina em Vila de Muros, numa extensão de 6km, na sua maioria percorridos a 400m de altitude.
Inicia-se o percurso na vetusta aldeia de Vila de Muros, no Largo da Nogueira, em direcção ao cemitério da povoação e daqui, descendo por íngreme calçada medieval, chega-se à Ponte de Covelas, edificada em 1762, que atravessa o rio Bestança.
Admire esta magnífica obra humana e atente na limpidez das águas do Bestança e no viço da vegetação que povoa as suas margens.
Depois de encetar uma subida bastante acentuada, virará à direita para percorrer o caminho da Carreira Chã, córrego estreito mas surpreendente. À medida que o calcorrear encontrará furnas no saibro, palheiros, regatos e casas típicas do Vale com fachada de madeira a poente e os panos laterais de pedra.
Antes de chegar ao Prado atravessará três pontes, sendo duas delas de madeira sobre o Barrondes, afluente do Bestança. Aqui encontrará um moinho em funcionamento, na margem esquerda do Bestança.
Descanse e retempere forças. Na margem direita poderá admirar as fragas d'Arruinha onde nidificam os milhafres. Suba por fim pela Costa do Rosário e pelo Lombo do Gato até Valverde. Daqui até Vila de Muros seguirá pelo asfalto dando neste sítio por terminado o seu percurso.»

Tipo de percurso:
Oval com cerca de 6km.
Nível de dificuldade médio.
Dados de interesse:
Aldeias e Vila de Muros.
Ponte de Covelas, Valverde e Aguilhão. Prados do Bestança.
Monte de Covelas e pontes de madeira do Prado.
Moinhos, Rio Bestança, paisagem, fauna e flora.

Texto: Casa de Ferreira (Turismo Rural)

Fotos da Caminhada (A)






Saiba mais sobre o Vale e Rio Bestança :

http://www.bestanca.com/rio-bestanca.php

Saiba mais sobre a Serra de Montemuro:

http://www.vinhoverde.pt/rotasTematicas/files/pdf/13_serra_Montemuro.pdf

Continua…

30-06-2009 PR2 Cinfães (2)

Trilho Vale do Bestança - 6Km / Circular
Vila de Muros – Freguesia de Tendais

CINFÃES

O Concelho de Cinfães é composto por 17 freguesias: Alhões, Bustelo, Cinfães, Espadanedo, Ferreiros de Tendais, Fornelos, Gralheira, Moimenta, Nespereira, Oliveira do Douro, Ramires, Santiago de Piães, S. Cristóvão de Nogueira, Souselo, Tarouquela, Tendais e Travanca. Cobre uma área de 238,76 Km2 que ronda os 25.000 habitantes.
O Concelho, que vai desde a serra do Montemuro até às margens do rio Douro, conserva nítidos sinais de povoamento pré-histórico, admitindo-se que lugares como Contensa, Travassos, Magarelhos, Pedra Escrita e outros nos remeta para inscrições rupestres do período da pedra polida e dos metais. Nomes ainda como Vilas, Cidadelhe e Lagarelhos indiciam o período da ocupação romana e levam, no seu conjunto, a admitir o povoamento da região desde os tempos mais remotos.
Data de 1109 uma escritura lavrada em Cinfães, significando assim a existência de organização senhorial. Segundo reza a tradição, teria sido em Cinfães, mais concretamente em Cresconha, que D. Egas Moniz criou D. Afonso Henriques, após o célebre milagre de Cárquere.
As terras de Cinfães foram Reguengas, transitando, por mercê real, para Luís Alvares de Sousa e D. João III doou-as a D. Diogo de Castro, em 1483.
D. Manuel I outorgou foral a Cinfães.
Num recanto do Jardim Público da Vila de Cinfães, um modesto monumento homenageia o célebre explorador Serpa Pinto.
Como pólos de interesse turístico devem-se salientar a Igreja de Santa Maria Maior, as Ruínas das Portas de Montemuro e a Igreja Matriz de Escamarão, monumentos nacionais de visita obrigatória. Outros locais de indesmentido interesse são os sítios do Ladário e do Calvário, pelas magníficas vistas que dali se podem apreciar, o Penedo da Chieira ou o interessante passeio até à Barragem do Carrapatelo.
Como em toda a região, também o Concelho de Cinfães organiza feiras e celebra romarias de nomeada como a Feira Malhada, em Tendais, no 2º Domingo de Junho; a Feira de Nespereira, a 6 de agosto; a Feira de S. Miguel, e, Escamarão, em 28 e 29 de Setembro; a Feira das Portas do Montemuro no 3º Domingo de Agosto e as Festas de S. João, na sede do Concelho.

Texto: Agostinho Ribeiro (Por terras do Douro Sul)

Fotos da Caminhada (B)






Continua...

30-06-2009 PR2 Cinfães (3)

Trilho Vale do Bestança - 6Km / Circular
Vila de Muros – Freguesia de Tendais


Curiosidades

«Cinfães, vila com uma beleza natural incomparável, oferece excelente qualidade de vida, facto bem representado nos prazeres proporcionados pelos espaços de lazer para a população e visitantes.»

Frase : Junta de Freguesia de Cinfães


« (…) Cinfães sempre foi um triste concelho, porque tristes são os seus filhos, muito embora tenha a beleza total da paisagem e a formosura meiga de tantas "Estrelas", isto é, as mais lindas mulheres do Mundo!...»

Frase de: Guido de Monterey (Escola EB1-S.to António/Cinfães)


«Estudo revela as cidades com a melhor qualidade de vida 2009: Lisboa e Albufeira.
Cinfães passou para o último lugar do Índice Concelhio de Qualidade de Vida dos municípios do Continente (que na edição anterior era ocupado pelo Sabugal) acompanhado por Alcoutim e Ribeira de Pena.»

Revelação: “Índice Nacional da Universidade da Beira Interior (UBI)

Continua…

30-06-2009 PR2 Cinfães (4)

Trilho Vale do Bestança - 6Km / Circular
Vila de Muros – Freguesia de Tendais



Poesia

Os Rios

Os rios têm cantigas de ceifeiras
Baladas esquisitas e formosas…
Há lá no fundo cristalinas eiras
Onde bailam crianças vaporosas.

De noite, pelas horas religiosas,
Os rios têm cantigas de ceifeiras,
E ao verem-nos passar, dizem as rosas:
Água que vem de terras estrangeiras.

No entanto, como enormes esqueletos,
Cobrem o rio as árvores, hamletos,
Numa postura estática e silente…

E a lua cheia de doçura e mágoa
Vai boiando, boiando á tona da água
Como Ofélia nas águas da corrente.

Poema de António Nobre


ERA O DOURO

Estava preso ao Douro, loucamente.
Havia ali segredos divinais,
Silêncios também conventuais,
Uma paz sedutora e diferente.

Estava ali, feliz, perto do cais.
Já não via o rabelo diligente,
Na sua faina alegre e paciente,
Nem ouvia também os seus arrais.

Mas era o Douro, sempre com magia,
Que não querendo, ali, ficar sozinho,
Me seduziu até ao fim do dia.

Era o Douro que, ali, muito baixinho,
Me disse com ternura e simpatia:
- Noutro dia, vou dar-te mais carinho.

Poema de Albino Brito de Matos

terça-feira, 14 de julho de 2009

27-06-2009 Matosinhos

Reedificada a fachada da antiga
Capela de Santo Amaro

Profundas transformações urbanísticas que ocorreram em Matosinhos na primeira metade do século XX, derivadas da construção do Porto Internacional de Leixões no Estuário e Foz do Rio Leça, implicaram a demolição de duas Capelas do século XVIII localizadas na área ribeirinha de Matosinhos: a Capela de S. Roque e a de Santo Amaro.
A Capela de S. Roque, que outrora se situava no Largo topónimo, viria a ser reconstruída no Cemitério de Sendim, onde ainda permanece.
A Capela de Santo Amaro, cujas pedras permaneceram durante décadas num canto da Quinta da Conceição, localizava-se entre as ruas de Santo Amaro e Cardeal D. Américo, próximo do mercado municipal.
Este admirável monumento, de estilo barroco, esteve sempre relacionado com as sofríveis gentes do mar que ao longo de séculos deram o ser e caracterizaram o mundo piscatório de Matosinhos. Na sua fachada pode ver-se como um ícone marcante da faina da pesca a representação de uma âncora.
Não sabemos até que ponto a reconstrução deste monumento religioso poderia ter sido efectuada na sua totalidade. Na falta de melhor, valha-nos sequer ao menos esta atitude da autarquia, prometida já há vários anos e hoje finalmente concretizada.
Na realidade, aquele espaço ficou mais belo e onde se pode admirar um símbolo Religioso desta terra e desta gente, que permaneceu tantos anos perdido e esquecido!

Bem Hajam!

Poesia de Matosinhos

Aleluia

Tocam os sinos da Igreja
É o Hino da Paz, do Amor…
Há alegria que sobeja
Porque ressuscitou o Senhor.

A esperança em nós, lá vem
No símbolo que traduz a Cruz,
A imagem de Jesus lá tem
Um facho bem potente de luz.

Tanta alegria a rodos
Pela sua ressurreição…
Cristo deu a bênção a todos,
Para todos nós, bom coração.

Não sejamos ingratos p’ra Jesus
Seu coração a todos deu bondade…
Aquela santa imagem traduz:
Para que não tenhamos maldade!

Poema de Eugénio de Castro R. Andrade

domingo, 5 de julho de 2009

26-06-2009 S. Pedro do Sul (1)

PR7 – Rota de S. João de Jerusalém – 12 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de S. Pedro do Sul



Olá
Após alguns meses, estamos de regresso aos Percursos Pedestres de S. Pedro do Sul, recentemente promovida a Cidade, embora para nós continue a ser aquela “Vila Encantadora” com gentes acolhedoras e simpáticas para com os Turistas/Caminheiros, numa região que nos oferece excelentes condições para a prática do Pedestrianismo.
Aliás, S. Pedro do Sul e Vouzela fazem parte, como o próprio Concelho/Distrito de Viseu, de uma região das que mais incrementam e incentivam à prática do Pedestrianismo em Portugal. Arouca, no Distrito de Aveiro, (para lembrar apenas estas regiões vizinhas) foi um exemplo pioneiro de grandeza na criação de Percursos Pedestres. Bem hajam por tudo quanto têm feito!

A Caminhada

Chegamos, como é aconselhável, logo de manhã pela fresquinha e fomos tomar o pequeno-almoço à “Flor de Lafões”. Que saboroso aquele pão d’avó ainda quentinho com manteiga e café com leite.
Dirigimo-nos, então, para próximo da Junta de Freguesia, onde demos início ao percurso pelas principais artérias da “Nova Cidade” e em descendente tomamos a direcção da Igreja da Misericórdia. Trata-se de um templo de arquitectura barroca, do séc. XVIII.
Um pouco antes de se chegar a este lugar, o folheto do Percurso da “Rota de S. João de Jerusalém” aconselha a flectir para a direita na direcção da antiga Estação do caminho de ferro, embora nós, com o entusiasmo de visitar o templo e alguma distracção, seguimos pelo velho caminho, passando ao Solar dos “Abreus e Melos” e sempre em descendente nos conduziu ao Jardim do Lenteiro do Rio. Ou seja, iniciamos pelo outro sentido do percurso, mas que tem mais subidas para galgar. Para nós foi indiferente e desgastou-se mais algumas calorias.

Chega-se ao Jardim do Lenteiro pela entrada mais a sul, ao longo da Rua dos Moinhos, surgindo uma bucólica levada toda ela calcetada de granito, passando pelo arco dum antigo aqueduto.
Este bucólico jardim, um verdadeiro Parque da Cidade, é duma beleza deslumbrante, não só pela frondosa vegetação que o ensombram, mas porque ali ao lado o Rio Sul entrega as suas águas ao “imponente” Vouga, formando deste modo um quadro natural imaculado. Não deixem de cá vir, mesmo só de passeio.

Combinamos logo ali, após a realização da caminhada, trazermos churrasco e virmos regalarmo-nos para este encantador lugar. Para bebidas e gelados funciona um pequeno bar, que encerra desde Setembro a Maio.
Bem, mas descansar e comer é só no fim e há que prosseguir o trilho sinalizado, deixando o Lenteiro e atravessando o tabuleiro da antiga Ponte seiscentista sobre o Rio Sul, surge logo a Ponte Nova sobre o Rio Vouga, que delimita a região do “Alto Vouga” para o “Médio Vouga”. Virando à esquerda enveredamos por um ascendente algo íngreme na direcção de Arcozelo, um pouco incomodativo por ser pela estrada e com bastante trânsito, até ao alto da Ermida da Santa Eufémia.

Entramos em Arcozelo, que se engalanava para a Romaria do fim de semana, percorrendo as suas típicas ruas.
Do nosso lado esquerdo, num ponto mais alto surge a Capela de S. Paio, padroeiro da Freguesia.
Seguimos pela Rua de S. Paio em direcção de Comenda e mais um curto ascendente até ao alto do Outeiro, para chegar à Rua Central, donde se avista grande parte do Vale, e chega-se ao Largo de Santo António.

Passamos depois junto dos campos de cultivo das imediações do Vale, com predominância para a cultura do milho, alguma batata e vinha. Cerejeiras ladeiam os campos, com o fruto à espera de ser colhido e o chão das vinhas a limpeza das ervas que já começa a ofuscar as castas.
Depois surge o tanque lavadouro, tendo ao lado uma típica Fonte em arco, com a Cruz dos Hospitalários nela gravada.
Agora, a 1 Km de Fermil, chega-se ao Rio Trouce, em cujas margens prolifera uma vegetação exuberante, com predominância para salgueiros, freixos e amieiros.
Depois de atravessarmos este pequeno rio pela Ponte da Comenda, seguimos por um estreito caminho ao longo da sua margem esquerda, caminho esse a necessitar de limpeza pois, fetos e urtigas com mais de 2 metros obrigam a “malhar” com o bordão e a levantar bem os braços ao céu para não sermos picados. Mas as pernas é que pagam!

Depois de “coçados” surge agora uma antiga casa fidalga que também possuía capela.
Mais uns metros e surge-nos, rectilíneo, o agora caminho que foi até 1989 o troço da Linha do Vouga, numa zona tão encantadora, de Sernada para Viseu.
Se para nós é emocionante percorrer estes cerca de dois quilómetros do espaço que foi essa antiga via-férrea e injustamente desactivada, felizes foram aqueles que a percorreram sentados na locomotiva a vapor. Momentos históricos com privilégio essencialmente de antigas gerações!

Continua…

26-06-2009 S. Pedro do Sul (2)

PR7 – Rota de S. João de Jerusalém – 12 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de S. Pedro do Sul


A Caminhada
(Continuação)

Prosseguindo a caminhada pelo lugar de Monsanto, avistamos funcionários da Junta de Freguesia que faziam limpezas à via com tractor, ao que nós perguntamos se este troço já estava a ser preparado para a construção da anunciada “Ecopista” que irá ter uma extensão de mais de 40 Km.

- Ouve-se dizer que sim. Vamos a ver. Só nos mandaram fazer estas limpezas – explicaram.
Lembrei-me logo daquele visitante do nosso blogue que deixou um comentário em Abril, quando percorremos aquele belo troço de “Ecopista” num percurso em Sever do Vouga: «…um dia hei-de voltar a percorrer essa via, mas de bicicleta (…)»
Na nossa modesta opinião, já que nunca mais irão passar comboios – o que se lastima, pois seria uma aposta turística de grande impacto económico e social para toda esta região, - pelo menos que se fizesse a total ligação em “Ecopista” desde Viseu a Sernada do Vouga, (já existem troços que servem de modelo em Viseu e Sever do Vouga) aproveitando ao menos uma infra-estrutura de grande valor patrimonial e paisagístico.

Para além de serventia pedonal e ciclovia para quem vive nas proximidades da via, Turistas dos mais diversos lugares acorreriam a este meio para as práticas do Ciclismo e Pedestrianismo, desde que, como é obvio, surjam zonas de acesso nos mais diversos pontos estratégicos, entre outros requisitos. Um deles, muito importante a meu ver, seria a vigilância, para evitar vandalismos ou que os praticantes sejam chateados. A falta de segurança das pessoas motiva retraimento e indirectamente convida a “ficar em casa”, provocando um aumento do sedentarismo e consequentemente duma pior qualidade de vida.
Mas, venha a “Ecopista”! … e as pessoas logo aparecerão a abraçar a Natureza, assim esperamos!

Já a caminho da recta final, pareceu-nos ver ao longe a atravessar a via uma raposa, de pelagem parda e verificamos no chão alguns dejectos desse canídeo que dizem ser manhoso. Pudera! Para fugir às espingardas dos caçadores teria que ter manha e se ocultar na floresta!...
Corta-se alguns metros do antigo “Caminho do Vouguinha” por um carreiro que desvia das “Sainhas” onde o “Vouguinha” tinha que percorrer mais umas centenas de metros a desfazer em laço, para vencer um desnível acentuado até à parte mais baixa do Vale.
Retomamos a Via mais abaixo e continuando a caminhada, desfruta-se agora de umas deslumbrantes vistas sobre um imenso Vale verdejante que vai do Rio Vouga até ao Rio Trouce, onde emerge essa enorme Quinta da Comenda, com Casa ao serviço do Turismo Rural.
Esta casa fidalga foi, outrora, a sede da Comenda de Ansemil, que pertencia aos Monges Cavaleiros da Ordem do Hospital, de S. João de Jerusalém.
Antes da Ponte de Negrelos, cruzamos o lugar da antiga passagem de nível que confrontava com o trânsito rodoviário, onde ainda lá está a placa de “Atenção aos Comboios”, bem como uma pequena parcela dos carris montados simbolicamente sobre os canteiros da pequena rotunda.

Atravessamos esta centenária e bela Ponte Ferroviária de Negrelos, lançada sobre o leito do Rio Vouga, contemplando serena paisagem, onde emerge sobre o Vale, a novinha cidade de S. Pedro.
Pela Travessa do Forno do Telheiro fomos dar à rua da antiga Estação, avistamos o “Palacete Santos” e após passarmos a Escola, já na EN 16 inflectimos para o Centro histórico de S. Pedro do Sul, deixando um olhar naquela romântica Fonte e num ápice chegávamos ao ponto de partida, deste maravilhoso e agradável Percurso Pedestre.

Fomos ao “Nascente” comprar churrasco e dirigimo-nos para o jardim do Lenteiro do Rio, a saborear delicioso almoço, descansando na frescura deste espaço bucólico ao som das aves e das águas do Vouga, que se precipitava no açude.

Continua…

26-06-2009 S. Pedro do Sul (3)

PR7 – Rota de S. João de Jerusalém – 12 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de S. Pedro do Sul



A “Ilha das Letras”

Em pleno Vale do Rio Vouga, inserida na histórica região de Lafões, situa-se a harmoniosa “Vila”, hoje cidade de São Pedro do Sul.
Existe nela um local maravilhoso, conhecido por Lenteiro do Rio, onde se pode desfrutar dum espaço romântico e verdejante tão minuciosamente tratado. Para além duma telúrica levada para os moinhos e da melodia do canto das aves, tem também a particularidade de aqui se dar a confluência do Rio Sul com o Rio Vouga.
Um pequeno bar está de serviço, onde posso comprar um gelado, tomar uma refrescante bebida ou simplesmente um saboroso café.
Alguém desfolha um livro. Crianças brincam no parque infantil. Sentados nos bancos de granito, casais de jovens namoram. Os Caminheiros descansam.
Que paz estrutural! Que harmonia perfeita!
Espontaneamente, dou comigo a tirar fotos do outro lado do passadiço recentemente construído para se transpor o rio com total segurança.

Apercebo-me que dois jovens se aproximam para o meu lado e o mais pequeno deita-se no tabuleiro e com a mão parece querer agarrar algo que vem nas águas.
É para mim um momento deveras poético. Guardo-o no cartão de memória e ... no coração.
Dirijo-me para a outra margem e ele já vinha ao meu encontro, não sei se mandado pelo mais crescido.
- Você fuma? – perguntou sem papas na língua.
- Ouve lá, tu vens me pedir cigarros com essa idade? – respondi.
- Faz tão mal que nem queria ter ouvido isso de ti! – voltei a frisar.
Entretanto, já no fim do passadiço e empoleirado no corrimão o maior esperava-o.
- Vocês têm aqui uma qualidade de vida que as gentes do meio urbano não podem usufruir, que não precisais de recorrer as essas “coisas”, como o tabaco.
- Pois não! - disseram, concordando comigo.
- Sois daqui, de S. Pedro? Sois amigos?
- Nós somos irmãos. Eu sou o Rodrigo e o meu apelido é “Didi”. Ele chama-se Bernardo.
E começaram a contar-me tanta coisa daquele local chamado Lenteiro. Sabiam tudo.

- Olhe, você atravessou à bocado para a “Ilha das Letras”. Dantes era quase impossível atravessar a pé. Só a nado e pelos mais afoitos, os que aprendem aqui a nadar.
- Também fazem aqui festas, onde actuam Ranchos e Cantores “pimba” – diziam a rir.
- Mas o que gostamos mais foi da Feira do Livro, a “Ilha das Letras”. Foi quando aprendi a história de S. Pedro do Sul.
- Que história? Contas-me? – pedi com entusiasmo.
- Óh! Não sei contar. Era o S. Pedro que vinha pelo rio abaixo, a afogar-se. – dizia o “Didi” a sorrir.
Mas o Bernardo corrigiu em estilo próprio e suave:
- (…) foi num ano de temporal, em que o Rio Sul vinha enorme e as águas derrubavam e arrastavam tudo que aparecia pela frente, desde lá de cima duma aldeia que se chama apenas Sul. Trazia árvores e muita terra e o rio vinha sujo e bravo até chegar aqui para entrar no Vouga. Do cimo da Ponte de Lenteiro – só havia uma ponte – o Povo assistia àquele espectáculo, a ver se nas águas vinham lá animais ou pessoas para os salvar.
Nisto, aparece uma estátua arrastada pelas águas e alguém logo gritou:
- É o S. Pedro! De Sul! – porque reconheceram que a estátua era daquela aldeia, que as pessoas rezavam e pediam ao Santo.
A imagem foi retirada do Rio Sul antes de entrar no Vouga, que corria muito forte e perigoso.
Desde então, as gentes daqui passaram a louvar o S. Pedro, que era de Sul, e esta terra passou a chamar-se “S. Pedro do Sul”.
- Que lenda tão bonita que acabei de escutar! Obrigada!
- Não é lenda. Foi verdade. – disse sem grande convicção o “Didi”.

Deixei os dois manos a brincar e ocorreu-me, quando minutos antes tinha observado o Rodrigo a estender a mão à água, que poderia estar a dar um verdadeiro sentido ás palavras – julgo que do mestre Almeida Garrett?!– que há muitos anos eu li algures e guardei nos meus apontamentos, que, de tantos, reli há dias:
“Quem atravessa um rio, deve apanhar um seixinho e metê-lo na boca, para nunca se esquecer do modo de falar da sua terra!”
Aqueles dois meninos, quais mensageiros das “Letras” desta terra, já o haviam feito, com certeza!

Continua…

26-06-2009 S. Pedro do Sul (4)

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Os Rios, a Terra e o “Vouguinha”

O Rio Sul nasce no lugar de S. Martinho das Moitas, ainda dentro do Concelho de S. Pedro do Sul e percorre uma extensão de cerca de 10Km, até desaguar na margem direita do Vouga, no lugar de Lenteiro do Rio.
O Rio Vouga nasce na Serra da Lapa e tem como sua primeira nascente o lúdico “Chafariz da Lapa”, próximo ao Santuário, em Quintela. Percorre uma considerável extensão de cerca de 140Km, indo desaguar na Ria de Aveiro, sendo o principal curso de água que alimenta esta zona húmida, banhada pelo Oceano Atlântico.

O Concelho de S. Pedro do Sul foi criado em 1836 e alcançou fama e notoriedade com a sua “Estância Termal”, outrora com a designação de Concelho do Banho, e que D. Afonso Henriques, que se tratou nestas águas milagrosas, atribuiu o 1º Foral em 1152, sendo posteriormente reconhecido por Caldas de Lafões.
Com a criação da Linha do Vouga, o comboio a vapor foi durante décadas o principal meio de transporte de toda uma região que se foi tornando progressiva e mais rica, com a afluência de milhares de pessoas e seu consequente alojamento para os tratamentos e terapias nas famosas Termas de S. Pedro do Sul.
A partir da década de 60 estes métodos terapêuticos caíram em desuso, essencialmente por via da moda das praias na costa de Portugal.

Ao longo do tempo, a indústria ressentiu-se com o encerramento de muitas minas e fábricas de transformação nas mais diversas áreas.
Ao “Vouguinha” foi atribuída a causa de inúmeros incêndios que devastaram a floresta e mais tarde viria a ser considerado não rentável. O troço da linha entre Sernada do Vouga e Viseu viria a encerrar definitivamente, por decreto do Governo.
S. Pedro do Sul, tal como os concelhos limitrofes têm resistido a tudo e quiçá, ainda guardam trunfos. Com um potencial turístico que tem vindo a implementar a vários níveis, será, com certeza no futuro, uma região cada vez mais próspera e notável, oxalá assim os seus responsáveis queiram.

Continua…

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Poesia

150 ANOS DOS COMBOIOS
(Exposição)

150 Anos de caminhos de ferro
E será empresa para durar…
Esperemos que não dê o berro
Mas… já começou a fechar.

Dos cento e cinquenta anos
Passei por lá quarenta
Tive tantos danos
Mas o corpo ainda aguenta…

Comecei de picareta
Com a ajuda da alavanca
E deixemo-nos de treta,
Cuidado com a garganta…

Deitei carvão na fornalha
Para produzir vapor
E aturava a “maralha”
Que não me davam valor.

Com tanta exploração
Tive que abrir a vista
Como eu tinha razão
Cheguei a maquinista.

Ao ver a exposição
Fez-me lembrar de tudo
Como tenho ocasião
Não posso ficar mudo.

Poema de Adelino S. Pinheiro
In JN 25-11-2006


(Oxalá, Joaquim Ramos, gostes deste poema dum teu conterrâneo da CP.)

Boas Caminhadas por esse Portugal fora!

Até á próxima aventura!