No final deste Evento, fica na memória aquela frase, em jeito de slogan:
"TODOS SOMOS PROTECÇÃO CIVIL"
Beijinhos da “Caramulinha”
Continua…
No final deste Evento, fica na memória aquela frase, em jeito de slogan:
"TODOS SOMOS PROTECÇÃO CIVIL"
Beijinhos da “Caramulinha”
Continua…
Daqui, seguimos por um caminho paralelo ao rio Corgo e que nos leva até à aldeia de Gralheira, de onde seguimos em direcção ao campo de jogos, para passarmos ao seu lado esquerdo e continuarmos, em direcção a Tourencinho.
Continua…
Vendaval
Ó vento do norte, tão fundo e tão frio,
Não achas, soprando por tanta solidão,
Deserto, penhasco, coval mais vazio
Que o meu coração!
Indômita praia, que a raiva do oceano
Faz louco lugar, caverna sem fim,
Não são tão deixados do alegre e do humano
Como a alma que há em mim!
Mas dura planície, praia atra em fereza,
Só têm a tristeza que a gente lhes vê
E nisto que em mim é vácuo e tristeza
É o visto o que vê.
Ah, mágoa de ter consciência da vida!
Tu, vento do norte, teimoso, iracundo,
Que rasgas os robles — teu pulso divida
Minh'alma do mundo!
Ah, se, como levas as folhas e a areia,
A alma que tenho pudesses levar -
Fosse pr'onde fosse, pra longe da idéia
De eu ter que pensar!
Abismo da noite, da chuva, do vento,
Mar torvo do caos que parece volver -
Porque é que não entras no meu penssamento
Para ele morrer?
Horror de ser sempre com vida a consciência!
Horror de sentir a alma sempre a pensar!
Arranca-me, ó vento; do chão da existência,
De ser um lugar!
E, pela alta noite que fazes mais'scura,
Pelo caos furioso que crias no mundo,
Dissolve em areia esta minha amargura,
Meu tédio profundo.
E contra as vidraças dos que há que têm lares
Telhados daqueles que têm razão,
Atira, já pária desfeito dos ares,
O meu coração!
Meu coração triste, meu coração ermo,
Tornado a substância dispersa e negada
Do vento sem forma, da noite sem termo,
Do abismo e do nada!
Poema de Fernando Pessoa
Vila Nova, 3 de Dezembro de 1935 – Morreu Fernando Pessoa.
Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pêlos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.
Palavras de Miguel Torga