O LOBO DE S. FRANCISCO DE ASSIS
Andava o povo assustado
A fazer a montaria
Ao grande lobo esfaimado
Que tanto mal lhe fazia.
Ele levava nos dentes
Agudos e carniceiros
Os "meninos inocentes"
Que são os alvos cordeiros.
E as pessoas assaltando,
Vinha de noite, em segrêdo,
Com seus olhos chamejando,
Encher a gente de mêdo.
Ora, S. Francisco era
Incapaz de querer mal
Mesmo que fosse a uma fera,
Até ao tigre real.
Tinha tão bom coração
Que homens e bichos o amavam,
E as andorinhas poisavam
Na palma da sua mão.
E, como ele desejava
Que tudo vivesse em Paz,
Enquanto o povo caçava,
O Santo, Poeta, que faz?
Procura o lobo cruel
E, tendo-o encontrado enfim,
Chamou-o, foi para ele,
Sorriu-lh e falou-lhe assim:
- Eu sei porque fazes mal,
Eu sei o que te consome:
«Tu és tão mau, afinal,
Tu és mau porque tens fome!»
Pois bons amigos seremos,
Para nosso e teu descanso,
E de comer te daremos
Para poderes ser manso!
Promete que hás-de mudar
De vida, neste momento;
E em sinal de juramento
Alevanta a pata no ar
E põe-na na minha mão!
Jurou o lobo. E cumpriu...
Depois toda a gente o viu
Tão mansinho como um cão!
Poema de Afondo Lopes VieiraOS ANIMAIS SÃO NOSSOS AMIGOS!