Acuso-te, Destino!
A própria abelha às vezes se alimenta
Do mel que fabricou…
E eu leio o que escrevi
Como um notário um testamento alheio.
Esvazio o coração, cuido que me exprimi,
E vou a olhar o poço, e ele continua cheio!
Acuso-te e protesto.
É manifesto
Que existe malvadez ou má vontade!
Com a mais humilíssima humildade,
Requeiro, peço, imploro…
Mas trago às costas esta maldição
De sofrer com razão ou sem razão,
E de não ter alívio nas lágrimas que choro!
Poema de Miguel Torga
domingo, 22 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
26-09-2009 PR2 Águeda (1)
Trilho das Levadas
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Olá
No passado dia 26 de Setembro estivemos presentes na inauguração oficial do PR2 – Trilho das Levadas, na freguesia de Valongo do Vouga, do concelho de Águeda.
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Olá
No passado dia 26 de Setembro estivemos presentes na inauguração oficial do PR2 – Trilho das Levadas, na freguesia de Valongo do Vouga, do concelho de Águeda.
Podemos confirmar no local, pelas palavras da “N’Trilhos” que «…o PR2 “Trilho das Levadas” se desenvolve na freguesia de Valongo do Vouga ao longo de cerca de 7 km na região, percorrendo uma das mais bonitas áreas junto ao Rio Marnel. É ao longo deste rio, afluente do Vouga, que o visitante é surpreendido por habitats que permitem a ocorrência de uma surpreendente variedade biológica (animal e vegetal) e que convida à descoberta durante o Outono, quando o rio ganha cores bucólicas e as cascatas uma nova força.
Nestes locais, uma variedade de répteis e anfíbios encontram as condições de habitat e refugio que permitem a sua ocorrência e conservação. Entre estes exemplares, a Rã-Ibérica é a mais emblemática. O rico património molinológico é outro dos aspectos que enriquece este trilho.»
A Caminhada
A recepção aos Caminheiros deu-se em frente da Junta de Freguesia de Valongo do Vouga, onde se confirmaram as inscrições e cada aderente ao evento levantava num acto de boas vindas, uma garrafa de água, uma peça de fruta e um boné com o logótipo “Percursos Pedestres de Águeda”. Muito obrigada pela vossa simpatia.
No acto da inauguração, os Presidentes da Junta de Freguesia de Valongo do Vouga e da Câmara Municipal de Águeda agradeceram às mais de três centenas de participantes a resposta positiva e o interesse demonstrado cada vez mais pelos Percursos Pedestres no concelho de Águeda, ao longo das suas sete Freguesias.
Saídos da Junta da Freguesia, tomamos o caminho em direcção ao Lugar do Paço pela Rua da Ponte do Rio Marnel. Surge depois o Lugar das Picadas, tomando agora após os campos um desvio à direita para a Rua das Balboas, que nos vai levar a um frondoso bosque de carvalhos negral, o que resta da antiga floresta antes da invasão do eucalipto.
Neste belo lugar, tiveram os mais de trezentos Pedestrianistas que atravessar um profundo ribeiro por uma ponte muito estreita. Julgamos que deveria existir neste lugar uma travessia um pouco mais larga, simples passadiço com corrimões laterais (como o que construíram mais à frente sobre o Rio Marnel, logo a seguir aos Moinhos do Ribeiro) para que se proceda com total segurança.
Fomos dos primeiros a atravessar e logo verificamos como o engarrafamento seria moroso e inevitável. A passagem neste local com bicicletas ou outros meios torna-se perigoso e posteriormente ouvimos comentar que alguns participantes vinham a percorrer o trilho a cavalo e tiveram problemas. Oxalá que não tenha acontecido nada de mal. Fica no entanto aqui o reparo, nomeadamente para o Companheiro Joaquim Gonçalves, responsável pela preparação e marcação do trilho, para que verifique se estas minhas palavras têm ou não fundamento construtivo.
Daqui, envereda-se por um suave ascendente e percorridos mais mil metros, desvia-se por uma descida que entronca num caminho que conduz aos Moinhos do Ribeiro, na margem esquerda do bucólico Rio Marnel, por um trilho ribeirinho deveras fascinante.
O Rio Marnel era descrito em tempos idos como...«campo alagadiço onde só se podia andar de bateira». Hoje verificamos que já não é essa imagem que o seu leito nos oferece, antes pelo contrário, conforme se caminha para jusante, nesta época do ano chega mesmo a secar, como constatamos a partir do lugar da “Garganta”.
Entramos no recinto dos Moinhos e visitando estes verificamos que há muito deixaram de funcionar. Os proprietários pelo menos mantêm os imóveis de pé.
Saímos da propriedade privada e caminhamos pela Levada seca até ao açude e atravessamos junto a este uma pequena ponte de madeira para a margem direita do Marnel, acompanhando agora o rio para jusante.
Ao longo do trilho podemos admirar fantástica e deslumbrante vegetação, como as acácias, loureiros, carvalhos, salgueiros e amieiros. Próximo do curso da água, vistosos fetos, sobressaindo o gigante feto-real e descortinamos entre a vegetação pequeninas rãs. Tanta beleza e riqueza biológica!
Numa passada calma e serena, atingíamos a zona da Garganta, onde teve lugar o almoço oferecido pela Câmara de Águeda.
Continua...
Numa passada calma e serena, atingíamos a zona da Garganta, onde teve lugar o almoço oferecido pela Câmara de Águeda.
26-09-2009 PR2 Águeda (2)
Trilho das Levadas
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Divulgação feita pelo Município de Águeda aos amantes do Pedestrianismo:
«O PR2 “Trilho das Levadas” integra a Rede Municipal de Trilhos de Águeda – a N’TRILHOS que perfaz, à data, sete percursos pedestres. No total são mais de 50 km de caminhos, veredas, carreiros e estradas, integrando mais de 60 pontos de interesse dispersos pelas 7 freguesias por onde passam.O ano passado já tinha sido inaugurado o PR1 "Da Pateira ao Águeda" e no dia 20 de Setembro foram inaugurados o PR3 – Trilho da Aldeia e o PR4 – Trilho Terras de Granito. Ficarão a faltar as restantes três inaugurações oficiais: PR6 Trilho de Águeda (dia 5 de Outubro), o PR5 Trilho da Ponte de ferro, e o PR7 Trilho dos Poços, que o serão brevemente.
Tendo como promotor a Câmara Municipal de Águeda, a N’ Trilhos resulta ainda da colaboração de série de parceiros – entidades públicas e privados. A Rede Municipal de Trilhos de Águeda será gradualmente alargada ao longo dos próximos anos com novos percursos.»
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
O ambiente ficou fantástico quando se fez ouvir a concertina tocada por um jovem, com acompanhamento de viola, o bombo e ferrinhos, gerando assim a genuína música Portuguesa, que deste modo deu mais animação ao ambiente, antes da degustação de saborosas sandes, sopa quentinha, fruta, sumos e “pinga”, à descrição dos Pedestrianistas.
Trocamos algumas palavras com o Dr. Gil Nadais, dando-lhe os parabéns pela aposta no Turismo Desportivo para o Concelho de Águeda, nomeadamente através desta REDE DE PERCURSOS PEDESTRES e agradecendo o companheirismo que demonstra em todas as caminhadas que estivemos presentes. Quisemos transmitir-lhe a nossa opinião, considerando-o do nosso ponto de vista (a par de outros, como Fernando Gomes, de Mondim de Basto) para além de autarca, também um amante da Natureza e grande dinamizador do Pedestrianismo em Portugal.
Estas pessoas merecem toda a nossa consideração pela aposta que fazem e lutam há anos para colocar em prática estes projectos, em prol desta fantástica modalidade acessível a todas as classes sociais, que é o Pedestrianismo.
Consideramos ser esta uma formula construtiva e correcta das autarquias investirem algum dinheiro, melhorando desta forma a qualidade de vida dos seus cidadãos e de toda a comunidade que gosta de conhecer a pé estas maravilhosas regiões, desfrutando da culinária, da beleza das terras e da simpatia das suas gentes.
Consideramos ser esta uma formula construtiva e correcta das autarquias investirem algum dinheiro, melhorando desta forma a qualidade de vida dos seus cidadãos e de toda a comunidade que gosta de conhecer a pé estas maravilhosas regiões, desfrutando da culinária, da beleza das terras e da simpatia das suas gentes.
Despedimo-nos de alguns Companheiros e percorremos os mil metros finais, pelos campos que ladeiam o rio e por Brunhido atingíamos a Ponte do Marnel, na direcção da Junta de Freguesia, dando assim por terminado o percurso.
Obrigada por este dia fantástico que nos proporcionaram.
Contem sempre connosco nos vossos trilhos, que gostamos de os percorrer nas diferentes épocas do ano.
Obrigada por este dia fantástico que nos proporcionaram.
Contem sempre connosco nos vossos trilhos, que gostamos de os percorrer nas diferentes épocas do ano.
Até breve!
Divulgação feita pelo Município de Águeda aos amantes do Pedestrianismo:
«O PR2 “Trilho das Levadas” integra a Rede Municipal de Trilhos de Águeda – a N’TRILHOS que perfaz, à data, sete percursos pedestres. No total são mais de 50 km de caminhos, veredas, carreiros e estradas, integrando mais de 60 pontos de interesse dispersos pelas 7 freguesias por onde passam.O ano passado já tinha sido inaugurado o PR1 "Da Pateira ao Águeda" e no dia 20 de Setembro foram inaugurados o PR3 – Trilho da Aldeia e o PR4 – Trilho Terras de Granito. Ficarão a faltar as restantes três inaugurações oficiais: PR6 Trilho de Águeda (dia 5 de Outubro), o PR5 Trilho da Ponte de ferro, e o PR7 Trilho dos Poços, que o serão brevemente.
Tendo como promotor a Câmara Municipal de Águeda, a N’ Trilhos resulta ainda da colaboração de série de parceiros – entidades públicas e privados. A Rede Municipal de Trilhos de Águeda será gradualmente alargada ao longo dos próximos anos com novos percursos.»
Para mais informações dos Trilhos Pedestres:
Continua…
26-09-2009 PR2 Águeda (3)
Trilho das Levadas
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Património Arqueológico
Um dos locais obrigatórios a visitar nesta região é a “Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga”.
Vestígios romanos no Marnel
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Património Arqueológico
Um dos locais obrigatórios a visitar nesta região é a “Estação Arqueológica do Cabeço do Vouga”.
«Ao longo do século XX, generalizou-se a todo o monte do Marnel, ou Monte Reguengo, a designação de Cabeço do Vouga que, tradicionalmente se aplicava apenas ao Cabeço Redondo e excluía o Cabeço da Mina. Apesar dos esclarecimentos de Sousa Baptista, é frequentemente no sentido mais lacto que o topónimo Cabeço do Vouga é hoje entendido.
A chamada "Estação Arqueológica de Cabeço do Vouga" foi classificada como Imóvel de Interesse Público por decreto nº 36383, DG 147, de 28/06/1947»
A chamada "Estação Arqueológica de Cabeço do Vouga" foi classificada como Imóvel de Interesse Público por decreto nº 36383, DG 147, de 28/06/1947»
Vestígios romanos no Marnel
«A configuração do castelo do Marnel apresenta dois terraços, correspondentes aos dois pontos culminantes do monte: o Cabeço Redondo, ou Cabeço de Vouga propriamente dito, a ocidente, e o Cabeço da Mina, a oriente. No terraço do Cabeço Redondo foram encontrados vários restos de construções, alinhadas de sudoeste a nordeste, ao longo de uma rua que ligava duas portas da fortificação. É provável que todo este aparato defensivo seja medieval, tendo pertencido à civitas Marnel. No Cabeço da Mina existe uma cisterna onde apareceram moedas romanas. Na encosta oriental do Cabeço da Mina, prolongando-se até às areias do Marnel, foram encontrados restos de cerâmica, grande quantidade de mós manuárias, bem como pedras aparelhadas e capitéis. As escavações realizadas por Rocha Madaíl em 1941 revelaram, entre outras construções, um sistema de muralhas de formato quadrangular, implantado no Cabeço da Mina, que poderão ser o resto do forum de Talábriga.
Desde 1996, a Câmara Municipal de Águeda tem vindo a fazer escavações neste local. Estas escavações revelaram uma grande quantidade de cerâmica comum da época romana, alguma sigillata e ainda metais, nomeadamente fragmentos de peças trabalhadas em bronze, e vidros (PUBLICO,8/3/1998). Embora os resultados das escavações realizadas nos últimos quatro anos não estejam ainda publicados, parece que até agora não se encontrou nada que revolucionasse os conhecimentos sobre este local.»
Desde 1996, a Câmara Municipal de Águeda tem vindo a fazer escavações neste local. Estas escavações revelaram uma grande quantidade de cerâmica comum da época romana, alguma sigillata e ainda metais, nomeadamente fragmentos de peças trabalhadas em bronze, e vidros (PUBLICO,8/3/1998). Embora os resultados das escavações realizadas nos últimos quatro anos não estejam ainda publicados, parece que até agora não se encontrou nada que revolucionasse os conhecimentos sobre este local.»
Talabriga – A Capital Romana do Vouga
«Talábriga é uma das mais antigas cidades portuguesas, pois, a sua fundação é anterior à chegada dos romanos (século II aC.); aliás, o único episódio de resistência à invasão romana de que há registo escrito ter-se-á passado precisamente em Talábriga.
Segundo o Itinerário de Antonino (sec. III dC.), Talábriga ficava a 40 milhas para norte de Emínio (Coimbra) e a 31 milhas para sul de Cale (Gaia/Porto). Estas distâncias não foram medidas em linha recta, como é óbvio, mas sim por estrada. Plínio situou Talábriga entre o rio Vouga e a cidade de Emínio.»
Saiba tudo sobre este importante património no extraordinário site de onde se tiraram estes apontamentos:
http://sweet.ua.pt/~lsl/talabriga/talabriga-index.html
Continua...
«Talábriga é uma das mais antigas cidades portuguesas, pois, a sua fundação é anterior à chegada dos romanos (século II aC.); aliás, o único episódio de resistência à invasão romana de que há registo escrito ter-se-á passado precisamente em Talábriga.
Segundo o Itinerário de Antonino (sec. III dC.), Talábriga ficava a 40 milhas para norte de Emínio (Coimbra) e a 31 milhas para sul de Cale (Gaia/Porto). Estas distâncias não foram medidas em linha recta, como é óbvio, mas sim por estrada. Plínio situou Talábriga entre o rio Vouga e a cidade de Emínio.»
Saiba tudo sobre este importante património no extraordinário site de onde se tiraram estes apontamentos:
http://sweet.ua.pt/~lsl/talabriga/talabriga-index.html
Continua...
26-09-2009 PR2 Águeda (4)
Trilho das Levadas
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Poesia
Trova do Vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ái rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
minha pátria à flor das águas
vi minha pátria florir
verdes folhas verdes mágoas.
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não!
Poema de Manuel Alegre
REDE DE PERCURSOS PEDESTRES DE ÁGUEDA
Poesia
Trova do Vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ái rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
minha pátria à flor das águas
vi minha pátria florir
verdes folhas verdes mágoas.
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não!
Poema de Manuel Alegre
domingo, 8 de novembro de 2009
TENHO DÓ DAS ESTRELAS
Tenho dó das estrelas
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…
Não haverá enfim,
Para as coisas que são,
Não morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão –
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
Poema de Fernando Pessoa
Luzindo há tanto tempo,
Há tanto tempo…
Tenho dó delas.
Não haverá um cansaço
Das coisas,
De todas as coisas
Como das pernas ou de um braço?
Um cansaço de existir,
De ser,
Só de ser,
O ser triste brilhar ou sorrir…
Não haverá enfim,
Para as coisas que são,
Não morte, mas sim
Uma outra espécie de fim,
Ou uma grande razão –
Qualquer coisa assim
Como um perdão?
Poema de Fernando Pessoa
domingo, 1 de novembro de 2009
09-09-2009 QUINTA DA AVELEDA (1)
Passeios da Caramulinha
Olá queridos Amigos
Era ainda criança quando pela primeira vez conheci a Quinta da Aveleda, em visita escolar.
Já há algum tempo que vínhamos planeando voltar e efectuar uma nova visita, pelo que resolvemos hoje cumprir o prometido entre família. Já não me lembrava de tanta coisa.
Olá queridos Amigos
Era ainda criança quando pela primeira vez conheci a Quinta da Aveleda, em visita escolar.
Já há algum tempo que vínhamos planeando voltar e efectuar uma nova visita, pelo que resolvemos hoje cumprir o prometido entre família. Já não me lembrava de tanta coisa.
Parece que está tudo cada vez mais belo, mais bucólico e romântico.
Perdidos nos jardins românticos da Quinta da Aveleda, por algumas horas esquecemos o reboliço do Mundo!
Este pequeno paraíso situa-se a cerca de trinta quilómetros do Porto.
A visita à Quinta, já há muito aberta ao público – o que é de louvar! - é deveras fascinante.
Existe dentro do espaço uma exótica flora deslumbrante, bem como um conjunto arquitectónico disperso, ornamentados de detalhes construídos por mãos de fadas, que enriquecem o percurso. Estes pormenores reflectem a história da família Guedes, proprietária há vários séculos da internacionalmente bem conhecida marca de vinhos verdes.
Diz-se que a construção desta Quinta teve início no século XVII, por volta de 1671, concretamente a primitiva casa senhorial e a Capela. Dentro desta, existe no altar uma imagem do Menino Jesus, escultura essa que foi pertença da Condessa de Pangim, filha do último Vice-Rei da Índia e de lá trazida.
No entanto, foi no século XVIII que os “Guedes” adquiriram a propriedade.
Perdidos nos jardins românticos da Quinta da Aveleda, por algumas horas esquecemos o reboliço do Mundo!
Este pequeno paraíso situa-se a cerca de trinta quilómetros do Porto.
A visita à Quinta, já há muito aberta ao público – o que é de louvar! - é deveras fascinante.
Existe dentro do espaço uma exótica flora deslumbrante, bem como um conjunto arquitectónico disperso, ornamentados de detalhes construídos por mãos de fadas, que enriquecem o percurso. Estes pormenores reflectem a história da família Guedes, proprietária há vários séculos da internacionalmente bem conhecida marca de vinhos verdes.
Diz-se que a construção desta Quinta teve início no século XVII, por volta de 1671, concretamente a primitiva casa senhorial e a Capela. Dentro desta, existe no altar uma imagem do Menino Jesus, escultura essa que foi pertença da Condessa de Pangim, filha do último Vice-Rei da Índia e de lá trazida.
No entanto, foi no século XVIII que os “Guedes” adquiriram a propriedade.
Posteriormente, já no séc. XIX, o descendente Manoel Pedro Guedes, que exercia cargos de deputado e visionário, dono de bens e algum poder, tinha igualmente uma personalidade romântica, características peculiares que o fizeram alterar para maiores dimensões a propriedade, edificando nela mais património e ornamentando-a com este magnifico visual que chegou aos nossos dias.
Aveleda – Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, SA
O grupo Aveleda é constituído pela Holding Aveleda SGPS, S.A. - que detém a Aveleda S.A. (dedicada à produção de vinhos e queijos) e a Quinta de Santo Inácio – Empreendimentos Turísticos, Lda. em Vila Nova de Gaia, onde também já estivemos.
Continua...
Aveleda – Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, SA
O grupo Aveleda é constituído pela Holding Aveleda SGPS, S.A. - que detém a Aveleda S.A. (dedicada à produção de vinhos e queijos) e a Quinta de Santo Inácio – Empreendimentos Turísticos, Lda. em Vila Nova de Gaia, onde também já estivemos.
Continua...
09-09-2009 QUINTA DA AVELEDA (2)
Passeios da Caramulinha
Visita aos Jardins e Adegas, com prova de vinhos (A)
O passeio tem início logo ali na “Casa do Porteiro”, onde se adquire os bilhetes, próximo da entrada principal.
O passeio tem início logo ali na “Casa do Porteiro”, onde se adquire os bilhetes, próximo da entrada principal.
Logo um pouco á frente, surge a “Casa Romântica”, rodeada de canteiros e envolta por frondosa vegetação. Imponentes torres, como sequóias da Califórnia, carvalhos, sobreiros e pinheiros mansos ladeiam caminhos e preenchem os espaços de toda a artéria, dando-lhe um carácter único.
Inflectimos para a “Torre das Cabras”, onde alguns exemplares se encontravam a ruminar a palha ingerida. Uma rampa em forma de caracol dá-lhes acesso aos diversos andares.
Continuando e um pouco mais à frente, somos surpreendidos pelo bucolismo do “Lago dos Cisnes”, um dos ex-líbris da propriedade. Ao centro, a “ Janela Manuelina”, ricamente adornada, outrora resgatada da casa do Infante D. Henrique.
Uma singela ponte dá acesso à “Casa de Chá”, onde se pode descansar um pouco, contemplando miraculosamente o lago. Que deslumbre, que Paz e sossego aqui se passam por alguns momentos sem nos movimentarmos.
As cobras, os sapos e tartarugas suspensos do tecto, enfeitiçam uma cena que qualquer um pode imaginar por si. Pormenores de inspiração pessoal!
Lateralmente e um pouco ao fundo, vislumbra-se o portão trazido da Quinta do Ferro.
Daqui saídos, seguimos por um estreito caminho em suave descendente, ladeado por vistosas azáleas e transpomos uma pequena ponte de madeira.
Então, eis que perante os nossos olhos, se nos depara um lugar deveras divinal: a “Fonte de Nossa Senhora da Vandoma”, padroeira do Porto, rodeada de jardins com flores das mais diversas espécies.
Que fascinante poesia este lugar nos transmite!
E com tanto deslumbramento, lembrei-me daquelas palavras de João de Deus:
«É tudo encantador! A gente cansa! Cansa de estar olhando e sempre vendo um novo encanto a cada olhar que lança!»
E com tanto deslumbramento, lembrei-me daquelas palavras de João de Deus:
«É tudo encantador! A gente cansa! Cansa de estar olhando e sempre vendo um novo encanto a cada olhar que lança!»
Aqui nos detivemos por largos momentos, numa Paz arrebatadora.
E a poesia invadia-nos o pensamento:
«Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?»
Continua...
E a poesia invadia-nos o pensamento:
«Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?»
Continua...
09-09-2009 QUINTA DA AVELEDA (3)
Passeios da Caramulinha
Visita aos Jardins e Adegas, com prova de vinhos (B)
À saída da Fonte, encantador lugar, surge a “Gaiola das Rolas”, bem ao gosto da Sra. Condessa de Pangim, casada com Manoel Guedes e que era filha do Vice-Rei da Índia.
A partir daqui, evidencia-se perante o nosso olhar o património edificado da Quinta da Aveleda. Surge o palácio ou “Casa Senhorial”, erguida já nos finais do séc. XIX, onde habita a família descendente. Circundada por videiras e plantas exóticas, está construída numa vertente e é mais outro local romântico da propriedade.
Numa posição frontal ao edifício, a “Fonte das Quatro Estações”, obra do arquitecto mestre João da Silva. Nela podemos verificar que estão gravados os perfis das damas da família em medalhões de mármore, homenageando para sempre as “Senhoras da Aveleda”.
Passamos pela Capela e regalamos os nossos olhos na arquitectura da casa e a disposição das janelas, que nelas se abraçam as prolíferas heras.
Já se ouviam os gansos e fomos ver o seu lago e a palhoça, criatividade da família Guedes.
Que original este “Lago dos Gansos”!
Quisemos admirar também as extensas vinhas em bardos e cordões, carregadas de uvas já bem maduras.
Quisemos admirar também as extensas vinhas em bardos e cordões, carregadas de uvas já bem maduras.
Destas castas, irá ser produzido o divinal licor, chegando a todo o Mundo em diversas denominações dos famosíssimos “Vinhos da Quinta da Aveleda” que transportam nas suas composições naturais desta região... « (...) o aroma da terra, a frescura do solo e o calor do sol que o viu nascer.»
Dirigimo-nos agora para a “Adega Velha” e depois para a “Cozinha Típica”, e a antiga “Eira com Espigueiro”.
De seguida, passamos pelo “Engarrafamento”. Tanta história e tanta Vida!
De seguida, passamos pelo “Engarrafamento”. Tanta história e tanta Vida!
Depois duma fascinante visita – quem dera nunca mais acabar! – fomos à prova de vinhos, com acompanhamento de queijo produzido com o leite das vacas da quinta.
Deixamo-nos ficar pelo mirante à saída da sala, onde se desfruta duma vista fantástica da paisagem sobre as vinhas, num quadro que todo o pintor gostaria um dia de pintar.
Foi um final com "chave de ouro" que nem estávamos à espera ser desta maneira tão simples e ao mesmo tempo primorosa de atenção. Os nossos sinceros agradecimentos.
Nota final
Quando poderes, não deixes de visitar este pequeno paraíso e vais ver que não te arrependerás. Traz a família e os amigos para ser mais valorizado esse passeio.
Foi um final com "chave de ouro" que nem estávamos à espera ser desta maneira tão simples e ao mesmo tempo primorosa de atenção. Os nossos sinceros agradecimentos.
Nota final
Quando poderes, não deixes de visitar este pequeno paraíso e vais ver que não te arrependerás. Traz a família e os amigos para ser mais valorizado esse passeio.
As simpáticas senhoras que nos serviram na prova de vinhos, informaram que quem desejar pode marcar antecipadamente a confecção do almoço, mas terá que ser para grupos superiores a 10 pessoas.
Por fim, à saída não esqueças de passar pela loja da Aveleda e leva uma simples recordação com a marca da casa.
Aqui ficam os contactos:
Por fim, à saída não esqueças de passar pela loja da Aveleda e leva uma simples recordação com a marca da casa.
Aqui ficam os contactos:
Quinta da Aveleda - Penafiel
Telef. 255 718 200
Telef. 255 718 200
Preço: €2,50 cada visita
Horário: Segunda a Sexta, 08.30h -17.30h
Horário: Segunda a Sexta, 08.30h -17.30h
Continua...
09-09-2009 QUINTA DA AVELEDA (4)
Passeios da Caramulinha
Poesia
Não quero rosas, desde que haja rosas!
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei-de fazer das coisas
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora
É isso que quero possuir.
Para quê?... Se o soubesse, não faria
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
O Amor
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer.
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Poemas de Fernando Pessoa
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer.
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Poemas de Fernando Pessoa
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