Trilho dos Moinhos de Santa Isabel do Monte
Rede de Percursos Pedestres “Na senda de Miguel Torga”
Nossa Senhora da Abadia
Localização: Lugar da Abadia
Distrito: Braga
Concelho: Amares
Freguesia: Bouro (Santa Maria)
Dista cerca de 5 km do Antigo Mosteiro de Santa Maria de Bouro, que é actualmente uma Pousada turística.
Foram os monges cistercienses do Mosteiro de Bouro que orientaram durante séculos a fé dos Peregrinos.Com as esmolas que estes deixavam, construiu-se o imponente Santuário de Nossa Senhora de Abadia.
À sua volta impera um espaço deslumbrante, oxigenada pelos plátanos enormes que marginam o terreiro que dá acesso ao adro do grande santuário e a vegetação do ribeiro que se escapa entre agrestes serranias, quebrando o silêncio religioso de um recanto de oração e lazer.
Em dias de silêncio, é talvez dos recantos mais bucólicos do Parque Nacional da Peneda/Gerês (PNPG).
O Rio Nava oferece-nos a canção das suas águas a caírem pelos penedos, com o seu afluente Combarraços, aumenta o convite à meditação e recolhimento. Para além das cachoeiras e cascatas do rio, sobressaem as belas fontes de água fresca sempre a correr. São conhecidas por: Fonte do Minhoto, Fonte do Bicho, Fonte de S. Miguel, Fonte de Trás dos Quartéis e a Fonte da Aparição.
Nossa Senhora da Abadia é uma invocação católica da Virgem Maria.
Esta devoção surgiu a partir de uma imagem proveniente do Mosteiro das Montanhas, em Braga, no ano de 883. A sua festa é comemorada a 15 de Agosto.
Neste lugar das Dornas, na vertente do Monte de S. Miguel, segundo uma antiga lenda, teria sido encontrada num penedo, por revelação miraculosa, uma imagem da Virgem Maria, a qual teria sido supostamente escondida, na altura das invasões Árabes…
«Situado em plena Serra do Gerês, o santuário de Nossa Senhora da Abadia é composto pela igreja, pelos edifícios destinados a acolher os romeiros, denominados por Casa das Ofertas e Casa dos Quartéis, pelo cruzeiro implantado ao centro do adro, e pelas capelas da Via Sacra que definem o percurso através do qual se acede ao santuário.
Segundo a tradição, terá sido uma aparição de Nossa Senhora, ocorrida no século XII, a motivar a edificação de uma primeira ermida, da qual não subsiste qualquer vestígio. O complexo que hoje conhecemos, e que terá sido construído no mesmo local do antigo templo, remonta ao século XVIII. A fachada principal da igreja é antecedida pelas torres sineiras, cuja base forma um exonártex aberto por três arcos correspondentes às três naves do interior. No segundo registo, as torres exibem cartelas que enquadram relógios e, ao centro, um arco abatido com pedra de armas na base e no topo, exibe um nicho com a imagem de Nossa Senhora da Abadia. As torres terminam em cúpula rematada por pináculo. No interior, as três naves são separadas por arcaria de volta perfeita, e cobertas por abóbada de cruzaria de ogivas em madeira pintada. Os arcos da nave principal são destacados pelas sanefas de talha rococó, dourada e policromada, que encontra no arco triunfal a sua composição de maior envergadura. As janelas recebem o mesmo tratamento, tal como os retábulos laterais e os colaterais que, executados na mesma época, dinamizam o corpo do templo. O retábulo principal, que ocupa a totalidade da parede fundeira da capela-mor, pertence à campanha da nave, exibindo uma tribuna de grandes dimensões com trono piramidal. O dinamismo e a leveza do tratamento da decoração interna contrasta vivamente com a austeridade do exterior, acentuado pelo tratamento da fachada em cantaria, e onde os elementos decorativos se concentram nas cartelas dos relógios, nas pedras de armas e no frontão central. Em ambos os lados do terreiro fronteiro à igreja, as acomodações dos peregrinos distribuem-se em dois volumes de planta rectangular, abertos por arcaria de volta perfeita no piso térreo e por colunata no superior, ao qual se acede por escadaria de cantaria. Confrontando com o templo, o cruzeiro assenta sobre base paralelepipédica, terminando com Cristo crucificado, coroando assim o percurso da Via Sacra.»
Texto: Rosário Carvalho
Continua…