domingo, 31 de maio de 2009

01-06-2009 DIA MUNDIAL DA CRIANÇA

Para todas as Crianças que crescem sem terem a oportunidade de serem Felizes!

Meus dias de rapaz, de adolescente,
Abrem a boca a bocejar sozinhos:
Deslizam vagarosos, como os Rios,
Sucedem-se uns aos outros, igualmente.

Nunca desperto de manhã, contente.
Pálido, sempre com os lábios frios,
Oro, desfiando os meus rosários pios…
Fora melhor dormir, eternamente!

Mas não ter eu aspirações vivazes,
E não ter, como têm os mais rapazes,
Olhos boiando ao Sol, lábio vermelho!

Quero viver, eu sinto-o, mas não posso:
E não sei, sendo assim enquanto moço,
O que serei, então, depois de velho.

Poema de António Nobre

sexta-feira, 29 de maio de 2009

10-05-2009 Senhor da Boua Fertuna (1)

Lugar de Moalde – S. Mamede de Infesta

Capela do Senhor da Boa Fortuna

Uma das mais típicas Capelas da Cidade de S. Mamede de Infesta é dedicada ao Sr. da Boa Fortuna e da Boa Morte. Localiza-se na Rua (antiga Aldeia) de Moalde. Todo o conjunto envolvente permite uma perfeita integração da pequena Capela.
Do Altar destaca-se uma belíssima imagem de Cristo, sendo a Capela objecto de uma Romaria, todos os anos, em Abril/Maio. Vejamos como Hélder Pacheco se referiu à Capela da Boa Fortuna, para melhor avaliarmos do valor Patrimonial deste Monumento:

«No lado oposto da Vila, na Rua de Moalde, junto do Largo do mesmo nome, está a típica Capela, a mais castiça que encontrei nestas bandas. É dedicada ao Sr. da Boa Fortuna (Boa Fertuna está escrito) e da Boa Morte. No início do séc. XIX era conhecido por Senhor da Cruz das Almas.
Disseram-me que a construíram no lugar das “alminhas do caminho”, porque um senhor da terra que fora para o Brasil falido, regressou brasileiro rico, dando o dinheiro para ela. Mas não afianço que seja verdade. Todo o conjunto que a envolve é marcadamente oitocentista (na casa em frente, a data: 1882).

Aqui se faz, em Abril ou Maio, uma das romarias da Vila, organizada por comissão existente desde 1917, sobre a Presidência actual do Sr. Toninho Poupa, ex-lavrador nos campos que quase não há. Para arranjar dinheiro (400 contos de orçamento em 1986) os rapazes e “Homens casados” fazem peditórios. A festa é antiga, lembram-se dela com arraial desde o séc. XIX e (segundo a informadora, D.ª Irene Olímpia – conhecida pela Néninha Moutinho) – zeladora há 38 anos, que mostra a Capela “com todo o gosto e orgulho”, se a forem chamar a casa, ao lado, na Rua de Moalde, 31 – há missa, procissão, divertimentos e ao domingo temos rock, estas baterias te-ré-té-té que a mocidade gosta.»

Texto: Folheto da Comissão de Festas Sr. da Boa Fortuna

Programa da Festa – 2009

Já há alguns anos que não vínhamos, pelo menos no dia da Procissão, à Romaria do Sr. da Boa Fortuna.
Embora só estivéssemos presentes na parte da tarde de Domingo, dia 10, o programa do Evento já havia começado na Sexta-Feira, dia 8, com a abertura pelas 15.00H do parque de divertimentos, instalado gratuitamente no espaço dos terrenos do Sr. António Cavadas e D.ª Maria Silva Santos.

A noite de sexta-feira foi “Noite de Folclore” com a actuação dos Ranchos de S. Mamede, do Padrão da Légua e de Gondomar. Infelizmente, não estivemos presentes, com muita pena nossa.
No Sábado, à noite, actuava o conjunto “Osiv”.
No Domingo, sabendo da Procissão marcada para as 17.00H, chegamos ao Lugar de Moalde por volta das 15.00H.

Visitamos a singela Capela, passeamos pelo lugar e escutamos a Banda de S. Cipriano (a nova) de Resende. Excelente qualidade musical na actuação desta Banda Filarmónica, que actuou em palco e no acompanhamento da Procissão, presentes em S. Mamede de Infesta por iniciativa da Junta de Freguesia da cidade. Bem Hajam!
O programa encerrava na Segunda-Feira, com a actuação do conjunto “Quadrante Norte” e um rebentamento de fogo de artifício.

Continua…

10-05-2009 Senhor da Boua Fertuna (2)

Lugar de Moalde – S. Mamede de Infesta

A Procissão

Eram 16.30 e caíam os primeiros pingos de chuva. O azul do Céu encobria-se completamente, por acção das “tradicionais” nuvens, carregadas de água.
Já cá ando há 60 anos e é todos os anos isto! – desabafava uma senhora moradora do lugar.
- Já é tradição chover à hora da Procissão do Sr. da Boa Fortuna e também do Senhor dos Passos! – explicava um sujeito que ali estava para assistir ao acto solene.
Contra a força da Natureza ninguém pode mudar. É a “Força” do Senhor! (da Boa Fortuna?) – ouvimos a afirmar outro.
Daí a nada, apareciam repentinamente os ciganitos com guarda-chuvas, para vender aos desprevenidos. Eles sabem da “tradicional molhadela” e tem-nos guardados ali próximo, pró que der e vier. Também vendem e embelezam a Romaria com os balões coloridos.

Depois de confirmarmos o trajecto que estava delineado para o percurso da Procissão do Sr. da Boa Fortuna, antes da chuva se acentuar deslocamo-nos para a Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta, para aí assistirmos à passagem da mesma.
Após lá chegarmos, a chuva começou a cair copiosamente e a deixar em dúvida a saída da Procissão. A paragem dos autocarros em frente à Igreja estava repleta de pessoas que pretendiam, semi-abrigadas, daí ver a Procissão passar.
Eram 17.20H e chegam simultaneamente dois autocarros no sentido Valongo.
As pessoas desencorajadas e mais molhadas, vendo que a Procissão não aparecia, entraram no transporte público, ficando o local (centro da cidade) completamente vazio de gente.
Nisto, estoiram foguetes e ouve-se música de banda lá ao fundo, por detrás do Cemitério.
A chuva não parava de cair, abundantemente.
Alguns, abrigados, aguardávamos que surgisse alguma coisa. Ou sim ou sopas!
Passam momentos e estoiram mais foguetes. Alto! - a Procissão saiu mas não passa aqui! – avisou alguém mais atento. Por causa da chuva reduziram o trajecto e já vai no sentido descendente.

Com um “nervo miudinho” desatamos a correr até à entrada da Capela do Sr. da Boa Fortuna e por pouco que não víamos a chegada da Procissão, debaixo de muita chuva.
Notamos as pessoas e principalmente os participantes nada sorridentes com a sorte que lhes coube.
- Coitados! - ouvimos alguém murmurar. Eu é que não punha a milha filha ali no desfile.
- Ó senhora! - só vai quem quer ou porque fazem promessas e querem cumprir! – respondia outra. A canalha daqui é forte, deixe lá. Chegam a casa, mudam de roupa e comem um nestum quente, já ficam bem. Os graúdos, tomem um banho e com duas fatias de “teixeira” e um chá quentinho, já ninguém se lembra da chuva.
A nós, agradou-nos a segunda hipótese. Chegamos a casa com a roupa colada ao corpo e esta “receita” foi remédio santo.
Porém, à passagem do Altar, fizemos, como é aconselhável nesta ocasião, um pedido ao Sr. da Boa Fortuna, para que interceda no Céu e se repercuta na terra:
- Saúde, Amor e Paz para todo o Mundo!
Deveríamos pedir algo mais? Para quê?
Lembrem-se das palavras sábias do Padre António Vieira, esse grande pensador Português que um dia proferiu esta frase num sermão:
- Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem!

Os nossos agradecimentos a todos que se envolveram e trabalharam para uma vez mais se manter esta tradição bem Portuguesa, de S. Mamede de Infesta!

Fiquem com Deus! Até à próxima!

Continua…

10-05-2009 Senhor da Boua Fertuna (3)

Lugar de Moalde – S. Mamede de Infesta

Poesia

Pois são manhãs de cristais

Entoa agreste a voz dos ventos
Bate a chuva nas vidraças
Como se fossem lamentos
De manhãs tristes e baças.

Ái manhãs despenteadas
Ondulantes de lembranças
Quebranto das alvoradas
Frágeis franjas de esperança.

Ái manhãs sobressaltadas
Sem trovas e sem flores
Com o rufar dos tambores
Em noite sois transformadas.

Ái manhãs puras ternuras
Pelas tardes desejadas
Aguardaram nove luas
Não foram horas paradas.

Poema de Teresa Gonçalves
S. Mamede de Infesta

domingo, 24 de maio de 2009

01-05-2009 Triho d’Arga (1)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular


Olá

O Grupo familiar “Caramulinha” vem continuando com as suas caminhadas pela imponente Serra d’Arga.
Há dias de boa disposição em que sabe bem descobrir trilhos.
Munidos de simples mapa e alguma informação da região, é um dos nossos métodos calcorrear trilhos menos conhecidos ou até para nós praticamente desconhecidos, quer pelo espírito de aventura que nos desperta, quer pela adrenalina que esse “mundo desconhecido” nos provoca, em dados momentos.

Já todos sabemos que a Serra d’Arga é um majestoso bloco granítico com cerca de 850 metros de altitude, em relação ao nível do mar, que separa e protege esses fabulosos Vales do Lima e do Âncora, onde outrora pastavam numerosos rebanhos de gado, nomeadamente ovino e caprino, para além dos selvagens corços, casualmente confrontados por esse misterioso predador, o Lobo Ibérico, tão injustamente perseguido e considerado assassino de rebanhos, e que hoje é já dado como praticamente extinto nesta agreste mas esplendorosa região.

Mas é também aqui, nesta Serra que já chamaram de “santa” cheia de lendas e de histórias do mundo rural, que está situado o Santuário da Nossa Senhora do Minho.
Já cá havíamos estado em 2004, caminhando desde as Argas por trilhos improvisados e pelos caminhos tradicionais de S. Lourenço da Montaria.
Nessa altura, a ermida da Senhora do Minho denotava ainda alguma pobreza, no que respeita ao Santuário e espaços envolventes, com as obras paradas.
Passados estes anos, é agora um local onde Caminheiros, Turistas e Peregrinos podem usufruir com mais beleza, ao longo de todo o ano.

É tradição, no início de Julho, aqui se realizar uma peregrinação.
Centenas de peregrinos chegam nesse dia, subindo a Serra por várias vertentes, para irem ao Santuário da Senhora do Minho pagar as suas promessas.
São muitos os que vão a pé, desde Cerquido pela serra acima, até à ermida, no cume da montanha, a mais de 700 metros de altitude.
Um dia, porque não, havemos de fazer este percurso que, embora penoso, deve ser muito belo, dizíamos em família.
Hoje, esse dia chegou, para nossa satisfação.

Continua…

01-05-2009 Triho d’Arga (2)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular

Neste primeiro dia do mês das flores, às 09.30H chegávamos a Cerquido. Condições espectaculares para caminhadas: sem vento, com céu límpido e Sol sereno.
Depois de contemplar a Capela de Santa Rufina, investigávamos por onde começar e… dois dedos de conversa… há que seguir os conselhos do Sr. Alberto e do Sr. Oliveira, moradores simpáticos desta Freguesia, implantada no sopé da montanha.


Vocês – disseram eles – sobem por aquele caminho, não tem que enganar, até ao cimo, pelo antigo caminho de lajes, passam entre os penedos da Porta do Lobo - diz os antigos que era por ali que o Lobo passava quando vinha ao anoitecer visitar esta Aldeia - depois surge-vos um ribeiro e se querem ir à Senhora do Minho, viram pra aquele lado (esq.), não viram pró Cavalinho e olhem que até é giro pelos prados onde vocês vão ver os garranos a pascer.


E o “motor” está bom? – perguntou o Sr. Alberto. Olhem que é sempre a subir até lá!
Vão devagar e não se aleijem!
Lá, no Santuário, descansem e lanchem… e depois… desçam pelo outro caminho que vem da Senhora do Minho pra aqui, pra Cerquido – é o caminho das “Bouças do Alto” – (assim nos pareceu ter ouvido o Sr. Oliveira dizer) que muita gente costuma subir e descer quando vem à Peregrinação à Senhora do Minho.
OK. - obrigados e até logo – dissemos.


Iniciamos o caminho, aconselhados por quem conhece bem a região e na verdade não nos arrependemos. Tudo conforme foi descrito pelos conselheiros.
Quando chegamos à Senhora do Minho, lanchamos e descansamos por longos momentos. Este templo religioso vinha sendo prometido aos crentes, vai lá para quase 70 anos. As verbas para terminar a sua construção foram rareando. Inicialmente eram só as esmolas dos Peregrinos e Romeiros. Mais tarde a Imagem passou a correr todos os Concelhos do Minho, angariando assim donativos. As obras chegaram a estar paradas quase um quarto se século.



Só depois que a Diocese de Viana do Castelo considerou ser este o “Templo de todos os Minhotos”, tomou este projecto como uma prioridade, que com apoio do Estado, chegou por fim a bom termo.
Espreitamos o Santuário, singelo e bonito e vislumbramos ao fundo, no Altar, a imagem da Nossa Senhora com traje à Minhota. É um caso único!


De seguida, circundamos o Santuário e nas traseiras uma vez mais ficamos a contemplar aquela “tosca” e primitiva capelinha, com uma grade de protecção, onde está a antiga imagem deposta da Senhora do Minho.
Depois, abeiramo-nos do miradouro, donde se desfruta de uma das mais deslumbrantes paisagens de todo o Minho, sobre o Vale do Lima, suas Aldeias e longos metros desse imponente rio, com o Sameiro a perder-se no infinito.

No regresso, pelo caminho em acentuado descendente, passaram por nós ciclistas de BTT, alguns numa velocidade estonteante. Só de os ver, ficavamos sem fala!

Vocês são uns "Heróis"! - dissemos-lhes!

Agora já no coração da Aldeia de Cerquido, Freguesia de Estorâos, do Concelho de Ponte de Lima, encontrávamos o Sr. Oliveira, pronto para ir selufatar as suas vinhas, e contamos-lhe como tinha decorrido este maravilhoso passeio. Satisfeito pela nossa consideração, presenteou-nos, em jeito de despedida, com a sua versão da “lenda” da Senhora do Minho.

Continua…

01-05-2009 Triho d’Arga (3)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular


A LENDA DA SENHORA DO MINHO

(…) Por volta de 1940, havia dois Religiosos de Ponte de Lima que tinham consigo guardada a imagem da Senhora do Minho, esculpida em pedra.
As gentes do Minho, como sabem, têm em muitos locais desta grande província, Capelas espalhadas por todo o lado, onde cada um vai visitar e louvar todos os anos o seu Santo protector para cada cura, espiritual ou de enfermidade.
Mas os dois párocos – já faleceram! (esclarece) - entendiam que a Nossa Senhora do Minho devia ser venerada por todos os Minhotos.
Então, vinham há muito a estudar um lugar, bem no alto, para que todos a vissem e admirassem. Esse lugar escolhido foi lá encima da Serra, conforme vocês tiveram a oportunidade de vir agora de lá.
Chegaram aqui a Cerquido, estava um dia lindo e carregados com a imagem da Senhora do Minho, começaram a subir a Serra.
Não se sabe porque raios, a Serra começou a “toucar”.
“Toucar”?
–Sim, quer dizer que toda a região ficou envolvida por nevoeiro denso, que nem se via o cimo dos montes e nuvens negras carregadas de chuva cobriram o Céu.
Eles já iam a meio do percurso e a tempestade abateu-se, com relâmpagos e fortes ventos, que os empurrava para trás, não deixando que subissem a Serra.
Na impossibilidade de continuar, viram-se obrigados a regressar, deixando a Senhora do Minho entre umas pedras, coberta com tojos e giestas.
Na manhã seguinte, o tempo amainou e foram procurar o lugar onde haviam deixado a imagem escondida.
- Vocês hoje só viram garranos mas, antigamente, a Serra estava cheia de cabras a pastar.
Ao fim de muito procurar, sem a encontrar, aperceberam-se que os rebanhos se tinham juntado todos num só lugar, a devorar uma erva verdinha, alta e vistosa como nunca se vira na Serra d’Arga.
Era uma erva “santa” ao redor da imagem da Senhora do Minho, que as cabras não deviam ter comido, por ter acontecido o milagre de crescer durante a noite essa esplendorosa verdura nunca vista.
Foram chamados os Pastores, donos do gado, que tiveram que pagar “uma multa” por cada cabeça, por terem deixado as cabras comer dessa erva.
- Coitados! … se já eram pobres, com esta fatalidade mais pobres ficaram.
A imagem, por fim, lá foi colocada naquela capelita primitiva que vocês viram e a partir dessa altura os “milagres” foram-se sucedendo, que o Povo do Minho e de toda aparte não mais deixou, todos os anos no 1º de Julho, de venerar e pedir a seu modo à Senhora do Minho, quando se realiza a grande Romaria. (…)

História contada pelo Sr. Oliveira, de Cerquido

Daqui apelamos: Visitem a Senhora do Minho e façam belas caminhadas pela Serra d’Arga.
Mas, preferencialmente em dias com Sol e tempo sereno, porque, como diziam os antigos e ficamos agora a saber:

«Quando a Serra d’Arga “touca”
Temos chuva e não é pouca!»

Continua…

01-05-2009 Triho d’Arga (4)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular


O LOBO IBÉRICO
(mais apontamentos sobre o «misterioso predador»)

Três centenas em Portugal

O Lobo Ibérico é uma subespécie apenas existente na Península Ibérica, que se caracteriza por um pelo cinzento arruivado, vive em bosques abertos, florestas densas e montanhas e refugia-se em tocas.
É um animal de hábitos nocturnos, capaz de percorrer mais de 20 quilómetros por noite dentro do seu território, que varia entre 100 e 200 quilómetros quadrados. Pode actuar em grupo ou sozinho, o que acontece quando ainda não pertence a nenhuma alcateia.
Estima-se que existam cerca de 2.000 exemplares na Península Ibérica, dos quais apenas três centenas em Portugal. A maioria destes vive no Parque Nacional da Peneda-Gerês e nos parques naturais do Alvão e de Montesinho.
"Temos que criar condições para que as populações que existem não desapareçam", defendeu Francisco Álvares, salientando que "o lobo precisa de sossego".
"O lobo evita desesperadamente o contacto com o homem. Apesar do mito que foi criado em volta dele, não é agressivo. Não há nenhum registo na Europa de um ataque a um homem", frisou o biólogo.
Francisco Álvares defende a necessidade de se desmistificar a imagem criada sobre o lobo e propõe que a sua existência numa determinada zona seja rentabilizada, por exemplo, como "atractivo turístico".
A realização de circuitos pedestres pelo trilho dos lobos é uma das hipóteses, assim como a divulgação dos fojos (armadilhas feitas em pedra onde os lobos são encurralados) existentes nas serras.
A existência de três fojos na Serra d'Arga (em Cerquidos, Montaria e Arga de Cima) deixa perceber que, noutros tempos, aquela zona devia ter uma grande quantidade de lobos.

Texto: Francisco Ribeiro (Lusa) 2003

Continua…

01-05-2009 Triho d’Arga (5)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular


Freguesia de Estorãos (Ponte de Lima)

No final, descemos para a Freguesia de Estorãos, onde admiramos este local junto à Ponte Romana, tão maravilhoso e romântico!

Saiba mais sobre Estorãos:
http://www.freguesiasdeportugal.com/distritoviana/07/Estoraos/historia.htm

Continua…

01-05-2009 Triho d’Arga (6)

(Da Santa Rufina à Senhora do Minho)
Serra d’Arga (Cerquido) – 7,5 km / Circular


Poesia


TÁVOLA REDONDA

Tua pureza basta, Galaaz.
Tua memória pura.
Para longe, o corcel das lutas vãs.
Tua pureza. E o silêncio da procura.

Caminheiros da paz
E da aventura,
Deixemos as palavras para traz:
Para beber o silêncio das manhãs,
A já presente dádiva futura.

Poema de Fernando de Passos

A Pastorinha

Pastorinha, tu que fazes,
Lá tão longe do lugar,
Todo um dia, enquanto trazes
No monte o gado a pastar?
Que fazes tu, Pastorinha,
Que fazes assim sozinha?

Fecha-te o Mundo esta selva,
Nem dele os sons aqui vem;
E tu, sentada na relva,
Tantas horas sem ninguém!
Que fazes tu, Pastorinha,
Que fazes assim sozinha?

Na roca tens companheira,
Mas nestes dias que são,
Se bem fias, fiandeira,
Vaie-se a estriga, ou cansa a mão!
Que fazes tu, Pastorinha,
Que fazes assim sozinha?

Malmequeres desfolhados
Tens no regaço e nos pés;
São já folhas de cuidados,
Ou desejos que mal vês?
Diz: é nisto, Pastorinha,
Que lidas por cá sozinha?

Se tu conversas com as flores,
Se cismas, a olhar sem ver,
Pastora, sonhas pastores,
Amando sem o saber;
Diz lá, diz Pastorinha:
Tu lidas nisto sozinha.

Ai! Pastora, tu coraste,
E vejo no teu rubor
Que, se o teu gado guardaste,
Não te guardaste de Amor;
Guarde-te Deus, Pastorinha,
Não andes assim sozinha!

Poema de João de Lemos

«A “Tradição”, elo que ata e harmoniza o passado com o presente, é o vinculo que liga o passado ao futuro.»

Camilo Castelo Branco

sábado, 23 de maio de 2009

Ao triste estado

Passa por este Vale a Primavera,
As aves cantam, plantas enverdecem,
As flores pelo campo aparecem,
O mais alto do louro abraça a hera.

Abranda o Mar; menor tributo espera
Dos rios, que mais brandamente descem,
Os dias mais formosos amanhecem,
Não para mim, que sou quem dantes era.

Espanta-me o porvir, temo o passado;
A mágoa choro de um, de outro a lembrança,
Sem ter já que esperar, nem que perder.

Mal se pode mudar tão triste estado;
Pois para bem não pode haver mudança;
E para maior mal não pode ser.

Poema de Frei Agostinho da Cruz

terça-feira, 19 de maio de 2009

25 de Abril 2009 Mondim de Basto (1)

Caminhada do Dia da Liberdade

Poesia de Mondim de Basto

ALFORRIA

Julgo
Que o que nos julga e determina,
Será sempre esta sina
De ninguém nos puder julgar.
Será fogo,será água, será terra, será ar,
A inflamar
Os pulmões de ansiedade;
Serão fragas e mais fragas
Emprenhando o infinito,
Num só grito:
- Liberdade!

Poema de Luís Jales de Oliveira

Fotos da Caminhada (A)






Continua…

25 de Abril 2009 Mondim de Basto (2)

Caminhada do Dia da Liberdade

Poesia de Mondim de Basto

TÂMEGA

O espírito das águas que pairava no vazio,
Cobriu as mulheres com a semente,
Da eternidade
E os filhos marcados daquele cio,
Foram condenados a sofrer eternamente,
De saudade,
Daquele Rio…

Era o apelo das bruxas das noites quentes,
Sublime tentação a trepa a serra:
Por açudes e correntes,
Por remansos, areais,
No culto de ritos ancestrais,
Perdiam-se os filhos desta terra.

Partiram, um dia, à conquista das cidades de cimento,
Por tenebrosos caminhos do nunca mais,
Mas as lágrimas teimosas que saltavam a cada momento,
Eram ainda o Tâmega a explodir nos seus sacos lacrimais!

Poema de Luís Jales de Oliveira

Fotos da Caminhada (B)




Continua…

25 de Abril 2009 Mondim de Basto (3)

Caminhada do Dia da Liberdade

Poesia de Mondim de Basto

“Liberdade, Tormento, Lei e Fatalidade”

“Liberdade”
Palavra
Antónimo
Da escravidão;
Quem a tem
Que a preserve
E não faça do cativeiro
Um pátio de emoção…

“Tormento”
Da “Liberdade” e
Companheiro fiel
Da tortura e da
Violência física!

“Lei”
Regra obrigatória
Terrena ou divina
Em volta da qual
Giram todas as emoções…

“Fatalidade”,
Acto dependente
Da maldição…
Prevê desgraça!

Poema de José Teixeira da Silva


Fotos da Caminhada (C)




Aos nossos visitantes, pedimos desculpa pelo atraso na publicação destas novas notícias.

Até breve!