Ó Senhor tão novo, d'olhos cor de esp'rança,
Ides de caminho para algum lugar?
Vou dar volta ao Mundo...
Sem arnês ou lança?!
Ó Senhor tão novo, d'olhos cor de esp'rança,
Penas e misérias é o que ireis achar!...
Ó Senhor tão novo, d'olhos inocentes,
Ides com cuidado para um tal andar!
Vou a prender monstros, combater serpentes...
Ó Senhor tão novo, d'olhos inocentes,
Os dragões ferozes vão-no espostejar!...
Ó Senhor tão novo, d'olhos encantados,
Ides pela fresca para algum pomar?
Vou-me a ler Destinos, descobrir os Fados...
Ó Senhor tão novo, d'olhos encantados,
Feiticeiros negros vão-no enfeitiçar!...
Ó Senhor tão novo, d'olhos tão brilhantes,
Vossos olhos dizem que ides pra casar...
Vou fazer tesoiros, fabricar diamantes...
Ó Senhor tão novo, d'olhos tão brilhantes,
Há ladrões nos bosques, vão-no assassinar!...
Ó Senhor tão novo, d'olhos cor de chama,
Vossos olhos ardem como a luz solar!...
Vou descobrir mundos, quero glória e fama!...
Ó Senhor tão novo, d'olhos cor de chama,
Sobe o pó mais alto que os trovões do mar!...
Ó criança d'olhos cor da flor dos linhos,
Por infernos deixas tua paz, teu lar!
Florirei as pedras pelos maus caminhos!
Levo a luz dos astros e as canções dos ninhos
A sorrir nos beijos e a tremer no olhar!
Poema/cena: Guerra Junqueiro
FIM
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