segunda-feira, 9 de junho de 2008

04-05-2008 PR1 Felgueiras (2)

A Rota do Românico

A Rota do Românico é o mais importante instrumento de dinamização cultural, social e económica para a região do Vale do Sousa, no Norte de Portugal.
Há tempos li no JN que o custo deste projecto é de 6,4 milhões de euros para restauro e conservação de monumentos.
48 mil euros na dinamização turística. 420 mil na formação de pessoal. 605 mil na criação de programas de informação e interpretação da Rota. 95 mil serão para um estudo de definição do modelo de gestão e viabilidade económica.
Sabe-se que este projecto foi lançado há poucos anos e abrange 91 monumentos eleitos, construídos entre os sec.X e XIII.
Até à data parece terem já sido gastos 7,6 milhões.
Confesso não saber analisar se o valor destas verbas é ou não justo e suficiente para a implementação deste ousado projecto e qual o impacto positivo que actualmente possa já estar a causar nas Autarquias de Penafiel, Paredes, Lousada, Paços de Ferreira, Felgueiras e Castelo de Paiva.

No entanto, podemos já verificar que ao longo de muitas estradas de acesso a esta histórica região, riquíssima em património construído, estão sendo sinalizadas com placas de indicação dos monumentos e percursos adjacentes.
Já existem sites na Net sobre a Rota do Românico, também divulgada pelas Autarquias locais, onde constam para além de muitas informações e divulgação de Eventos, uma monografia com a história dos seus admiráveis monumentos.

A “Caramulinha” numa compilação de textos, vai descrever sintetizadamente três desses belos monumentos que já visitou:

Mosteiro de Pombeiro
Pombeiro é uma freguesia do concelho de Felgueiras, Distrito do Porto, e situa-se nos confins da província (Douro Litoral), entre Guimarães e Felgueiras. Fica num vale muito perto do rio Vizela de onde lhe vem o nome de Pombeiro de Riba Vizela.

O mosteiro de Sª. Mª de Pombeiro, românico setecentista, foi fundado nos meados do sec. XI por Gomes Eanes Echigues, mas ao que parece, já tinha existido um mosteiro beneditino no lugar do Sobrado. Deste mosteiro extinto, diz Frei António Meireles: "É forçoso calar-me sobre o mosteiro do Sobrado; o tempo que arvora seus troféus sobre montões de ruínas não perdoou aos poucos documentos deste mosteiro, examinados há quase dois séculos pelos nossos antiquários, que juntaram os materiais com que o reverendíssimo Frei Leão organizou a Beneditina Lusitana; sou porém, testemunha ocular dos vestígios daquele primeiro mosteiro, e ainda hoje arranca o ferro do arado muitos tijolos nos campos que lhe serviram de assento; o lugar daquela primeira fundação é mais elevado, mais plano e lavado dos ventos; foi destruído por algum bárbaro vencedor ..."

A fundação do mosteiro de Pombeiro, foi destinada talvez a substituir o antigo do Sobrado (decerto pequeno e insignificante) e a receber a sua comunidade.
O mosteiro de Pombeiro foi extinto em 1834, com os mais do país, pelo liberalismo, e os seus bens vendidos como bens nacionais. O mosteiro tem um espaçoso claustro ao centro, guarnecido de altas e grossas colunas coríntias, que suportam a vistosa galeria que dá maior majestade ao edifício. As paredes do claustro eram forradas por um dos mais belos conjuntos de azulejos existentes em Portugal, onde se retratavam cenas bíblicas e cenas da vida de S.Bento.
Actualmente, já muito poucos azulejos restam pois foram roubados e destruídos.


Duas elevadas torres, de boa cantaria, situam-se nos dois ângulos da fachada da igreja. Existiu diante da porta principal uma galilé que tinha esculpidas na pedra os escudos das armas de todas as famílias nobres de Portugal e assim foi essa galilé uma espécie de incontestável tombo da antiga nobreza de Portugal.
Do convento restam hoje duas pequenas partes, uma delas residência do pároco, a outra residência dos donos. As obras empreendidas pelos abades suprimiram todo o primitivo estilo da igreja (séc. XVII e XVIII), que se julga ter sido obra de arquitectura românica, pela data da fundação do mosteiro e pelo traço de uma capelinha deixada intacta pelos reformadores.

A frontaria da igreja, simples e elegante, ostenta ao meio uma rosácea, bela e grandiosa, que liga as duas altas torres quadrangulares, e forma uma abóbada de arco abatido, ao fundo da qual se abre a porta principal.
Texto (resumo) de Armando Pinto (Semanário de Felgueiras)

Mosteiro de Paço de Sousa
O Mosteiro do Salvador de Paço de Sousa situa-se nesta recente Vila, do Concelho de Penafiel.
Dizem escrituras antigas que foi fundado no sec.X por “Trutesindo Galindes” e serviu de refúgio ao Abade deão “Radulfo” durante as invasões históricas do Imperador “Almançor Benamet” de Andulizia, que em 995 se sediou no Castelo de Aguiar, na margem do Rio Sousa.


Sofrendo ao longo dos tempos vários estragos, foi reconstruído no sec.XIII e resistiu até aos tempos de hoje, considerado um importante monumento Nacional.
De estilo Românico, a sua fachada imponente é encantadora, onde sobressai aquela bela rosácea.

Parece ter sofrido poucas alterações a sua traça original mas, já nos nossos tempos, no ano de 1927 nele deflagrou um terrível incêndio que o destruiu parcialmente, nomeadamente os artísticos tectos de madeira em talha minuciosamente trabalhada, que desapareceram para sempre.

Esta importante relíquia de arquitectura Românica em 1834, com a extinção das Ordens Religiosas pelo governo do Liberalismo, foi vendida em hasta pública, mas a Igreja ainda hoje está aberta a todos os cidadãos, como lugar espiritual da Palavra de Deus.

No exterior pode admirar-se a bela e elegante torre com seu relógio sempre certinho.
Em tempos aprendia-se na instrução primária que neste mosteiro foi sepultado Egaz Moniz, o “aio ou educador” do nosso 1º Rei e fundador da Nação, D. Afonso Henriques.
É um monumento geograficamente inserido na Rota do Românico que merece ser visitado.

Mosteiro de Cête
Igreja de S. Pedro do Mosteiro de Cête
O Mosteiro de Cête é monumento nacional e dele resta hoje, após séculos de degradação, a Igreja, a Sala do Capítulo e o Claustro. Tudo o resto se perdeu.

A fundação do Mosteiro remonta aos séculos X e XI. Foi da Ordem de S. Bento e a partir dos meados do séc. XVI da Ordem de Sto. Agostinho. Em 1758 encontravam-se ainda dois religiosos a assegurar a vida espiritual da Freguesia.É uma obra românica iniciada nos finais do século IX, e concluída nos inícios do século seguinte. É a zona proto-românica que consta das paredes laterais que vão da linha transversa posterior da torre à ombreira da porta ogival, incluindo as primeiras fiadas acima das frestas.

No século XIII, sofre uma profunda transformação, operada no consulado do Abade D. Estevão I, que se encontra sepultado na capela-mor. Desta época são a torre ameada, o claustro actual, o gigante da fachada e outros pormenores. A fisionomia semi-guerreira da igreja conventual, com a sua torre lateral ameada, os seus muros espessos e o gigante que lhe flanqueia o portal, confere-lhe uma função religiosa e defensiva.

No interior merece destaque a profundidade e altura da nave, e a segurança e robustez da abóbada de granito da capela-mor. O claustro é de dois pisos e apresenta quatro galerias com arcadas redondas assentes em colunelos facetados.

O Mosteiro de Cête é um dos primeiros templos erigidos ao Cristianismo em Portugal e talvez o único fundado naquelas eras remotas que ainda hoje se encontra em estado de nele se exercerem as funções de culto religioso. Situa-se na margem norte do Rio Sousa, embora apresente uma das mais ricas histórias de entre as fundações românicas portuguesas, que começa por uma pretensa doação aos Beneditinos de dois mouros convertidos à fé Cristã, atestada por documento anterior à própria fundação dos Cluniacenses da era Romana.

Sempre que poderem visitem estas “Maravilhas de Portugal”, testemunhos que os nossos antepassados deixaram, lendo em cada um o “mistério” que a sua construção nos transmite, quase sempre sinónimo de grandeza e épocas prósperas de antigas gerações, para hoje usufruirmos, admirarmos e acima de tudo preservarmos a fim de que possam chegar às gerações futuras em óptimo estado de conservação.
A “Caramulinha” agradece!

Até à próxima e Beijinhos

1 comentário:

Anónimo disse...

É pena que ninguem esteja a liagar a monumentos totalmente desprezados, como acontece com a igreja de Lordelo (Felgueiras). A Câmara de Felg, inclusive dá nos seus livros que esta igreja foi destruída completamente, quando há muitos anos ainda resiste em pé. Leiam uma crónica que sauiu no Semanário de Felgueiras, sobre essa relíquia do Românico, incrivelmente esquecida.