quinta-feira, 30 de abril de 2009

1 de Maio - 2009



O MESMO TACHO

Senhor! Porque não comemos todos o mesmo tacho?
Acabo de encontrar dois velhos Trabalhadores, a comer um pão e uma isca, no mastigar lento de todos os dias.
Eu vou almoçar: toalha alva, pratos, talheres, guardanapo, vinho, sopa, bife, café…
Eles trabalharam na estrada…
Eu trabalhei no escritório.
Se eu gastei energias, eles gastaram mais.
Eu sou um homem…
Eles são homens.
Eu sou filho de Deus.
Eles são filhos de Deus.
Senhor! Como posso comer o meu bife?
Da mesa, vejo o céu azul! Uma brisa branda brinca com as folhas!
Passam e repassam as andorinhas!
Ao longe, voa uma cegonha!
O barulho dos talheres!
O mastigar lento dos dois trabalhadores!
Porque não comemos todos o mesmo tacho?

Texto: Telmo Ferráz

sexta-feira, 24 de abril de 2009

25 de Abril 2009

"Liberdade. Passei a vida a cantá-la, mas sempre com a identidade no pensamento, ciente de que é ela o supremo bem do homem.
Nunca podemos ser plenamente livres, mas podemos em todas as circunstâncias ser inteiramente idênticos.
Só que, se o preço da liberdade é pesado, o da identidade dobra.
A primeira, pode nos ser outorgada até por decreto; a outra, é sempre da nossa inteira responsabilidade."

Miguel Torga

P.S.
Junta da Freguesia e Companheiros de Mondim de Basto:
Contem com dois elementos do grupo "Caramulinha" para a Caminhada da Liberdade que se irá realizar nessa vossa bela terra.

Até daqui a umas horas!

Beijinhos da "Caramulinha"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vale da Ribeira de Picoutos (1)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

A Ribeira e os Moinhos de S. Mamede de Infesta

(…) A Ribeira de Picoutos, nasce algures no Monte de Lamas, um outeiro em Paranhos, na cidade do Porto.
Corre inicialmente escondida e começa em regato pela Travessa e Rua de Lamas, pela Rua Fonte do Outeiro, Honório de Lima, Júlio de Matos e Rua do Salgueiral.
Tem vários nomes, dependendo por onde passa. Em Paranhos, Rego das Consortes. Em S. Mamede de Infesta, Ribeiro de Picoutos e em Leça do Balio, Ribeiro dos Queirões.

Pelo caminho, recebe as águas de pequenos cursos, como o regato do Monte da Mina e Fonte Moura, bem como do seu maior afluente, o Ribeiro das Avessas.
No lugar dos Moinhos, em Picoutos, passa esta ribeira agora entubada e a correr nauseabunda. Ainda lá está a velha levada, também escondida, que transportava a água para força motriz de um velho moinho que outrora moía milho. (...) Sabe-se que já no ano de 1642 havia um moinho em Picoutos. No entanto, em 1705, havia pelo menos mais três. Existem documentos de uma acção que André de Paiva e filho moveram contra o Dr. Manuel de Sousa Félix, Cónego prebendado da Sé do Porto. Na disputa, estava a água do Ribeiro de Picoutos. Pelos autores foi dito que eram possuidores de dois moinhos movidos pelas águas do dito ribeiro, tendo sido construído um em 1687 e outro em 1700. Que o réu fez uma quinta abaixo dos aludidos moinhos (esta quinta é a quinta de S. Félix de Picoutos) tendo feito uma levada para as águas a fim de as utilizar como serventia da dita quinta, para rega durante o verão, conforme tinha sido combinado com os autores, pois os moinhos não funcionavam nessa época. Mas que o réu tinha construído um moinho em Janeiro passado (1705) e começara a levar a água para o dito moinho.
No entanto, a demanda foi favorável ao Cónego. Há outros assentos sobre os moinhos, como uma arremata em hasta pública por José Francisco de Morais e mulher, em 4 de Maio de 1827, no processo executivo que correu contra Ana Joaquina dos Reis, viúva de José de Paiva, por disputa das águas.

Dos velhos moinhos de Picoutos apenas resta um, parado mas, conservado, graças ao gosto que o seu proprietário nutre por esta velha relíquia.
Noutros tempos, a ribeira corria com suas margens naturais e toda a “céu aberto”.
Ali bem perto, num pequeno açude que alimentava a levada, precipitava-se numa bela cascata. Mais abaixo, alguma água era desviada para o Lavadouro Público, onde as mulheres dos lugares próximos vinham lavar a roupa. Ao lado, proveniente de uma nascente, uma fonte de água fresca matou a sede a tanta gente.
Com o Hospital de S. João, os despejos domésticos e Fábricas de curtumes a montante, a poluição tornou-se incontrolável.

O “rio lavadouro” (como era conhecido) deixou de ser usado e também a água da fonte ficou imprópria. A Autarquia mandou desmanchar tudo e já nada existe.
Este afluente é dos maiores, senão mesmo o maior poluidor do Rio Leça, entregando-lhe as suas águas fortemente envenenadas, próximo à Ponte das Varas, em Leça do Balio.

Como gostávamos que um dia este curso de água fosse despoluído, assim como aquele descaracterizante "muro de betão" fosse retirado e a Ribeira de Picoutos voltasse a ter margens naturais ao longo de todo o seu leito.
Depois, aquele espaço, que em tanta área nem sequer é cultivado (classificado de Rede Natura 2000) e que se encontra ao abandono, viesse a ser um grande e belo Parque da Cidade de S. Mamede de Infesta, com percursos pedonais, parques de diversão para as crianças, espaços de descanso, parque de merendas, etc... melhorando desta forma a qualidade de vida dos seus habitantes e turistas.

Revitalizava-se uma região perdida no "betão armado" e concerteza se minimizava o galopante desgaste que o stress do dia a dia provoca nas pessoas com poucas alternativas locais.
Quem dera, "alguém" lesse e interpretasse este desabafo como um grito da alma de quem ama a Natureza e se sente triste com a actual situação de abandono de grande área deste Vale, outrora bucólico.
"Alguém"com espirito e acções construtivas nesta vertente ambiental, concretizando planos de ordem social, hoje mais do que nunca urgentes, que se viessem a repercutir positivamente na vida de todos, especialmente nas gerações do amanhã!

Continua…

Vale da Ribeira de Picoutos (2)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

Ainda há beleza e … poesia!

A Primavera no Vale















Continua...

Vale da Ribeira de Picoutos (3)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

Tempos de ontem... e de hoje!

(…) É formosíssima a entrada meridional da freguesia. Como a estrada, ondolosa e linda, atravessa um vale por onde serpenteia um regatosito a que chamam QUEIRÃO, (actual Ribeiro de Picoutos emparedado de betão) de margens bordadas pelas estrelitas azuis dos miosotis, a vista recreia-se dum e doutro lado com belos retalhos de paisagem duma coloração extensa e rica de cambiantes...

Porém, a proximidade da cidade do Porto, o desenvolvimento de Matosinhos com a construção do Porto de Leixões e a sua posterior transformação em porto comercial, a ingrata situação na encruzilhada de eixos viários fulcrais, a explosão demográfica e industrial imparavelmente comprometeram a ruralidade e o bucolismo então vivente.(…)

(…)As suas belezas naturais, enaltecidas nos jornais e em outras publicações de antanho, fazem-nos antever um local remansoso. O dr. Abílio Campos Monteiro, numa soberba pagina a descrever as belezas naturais desta Sintra do Porto, como a designou, dá eloquente testemunho:

Há, espalhados por toda a freguesia, vales cheios de encanto, devezas recônditas e silenciosas onde é doce retugir do bulício, escutando apenas o sussurrar da ramaria e o murmúrio das fontes. Esta a razão porque muitas famílias, sobretudo portuenses, a elegeram como lugar de repouso.(…)

Velhos usos que já se foram!

(…) Quem passasse por S. Mamede de Infesta, nos tempos de antanho, via bandos de mulheres com canados de leite à cabeça, para o levar para as suas freguesas nas bandas do Porto. A rodilha à cabeça, equilibrando, cantando, com as suas saias rodadas de fazenda, blusa de chita branca, lenços floridos postos nos ombros e cinta preta ou escarlate cingida à cintura. Se de Inverno, meias de lã, pernas nuas, se de verão.
Ao bater dos tamancos, pela rua Nova, até à Arca de Água juntavam-se as suas cantigas. A zona de S. Mamede de Infesta era rica em gado vacum, devido ás boas e vastas pastagens que os vários ribeiros que entrecortavam a freguesia regavam. Estes ribeiros também serviam para outra das actividades, típicas das mulheres de S. Mamede de Infesta:

As lavadeiras

Dadas ao rol ou à peça, a roupa a corar sobre a relva fresca, o cheiro a flores silvestres, depois de lavada nas águas frescas e limpas dos ribeiros e dos córregos. Recebidas na segunda-feira, lá iam entregar a roupa lavada na quarta-feira. Não era fácil a vida das lavadeiras e das leiteiras. Pela madrugada lá se iam para o Porto, sendo que as lavadeiras, devido ao grande volume das suas trouxas, iam de carro de bois ou puxados por muares. Depois das entregas, tinham que vir para as lides domésticas ou ainda para a lavoura.

Continua…

Vale da Ribeira de Picoutos (4)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

Por… Infesta (encosta) do Rio Leça

(…)S. Mamede de Infesta é a denominação que esta freguesia tem no ano de 1706, pois anteriormente só se chamava S. Mamede, como vem nas Inquirições de 1258 e no censo de 1527. No entanto, em documentos do sec. XII vem denominada S. Mamede de Tresores (o termo Tresores vem de três orres, ou vales, que efectivamente ladeiam a freguesia). O determinativo Infesta (termo arcaico que significa subida, encosta, costa ou costeira, tem a sua razão de ser, pois S. Mamede está numa elevação que domina o Rio Leça ), aparece na "Corografia Portuguesa" do Padre Carvalho da Costa e tem variado muito, pois também se acha S. Mamede da Ermida e S. Mamede da Hermida da Infesta, nas Constituições do Bispado do Porto de 1735 e noutros documentos do sec. XVIII e S. Mamede de Moalde no "Catálogo e História dos Bispos do Porto" de Rodrigo da Cunha, em 1623 e na " Nova História da Ordem de Malta " de José Anastácio Figueiredo. (…)

Igreja Matriz de S. Mamede de Infesta

O orago e padroeiro da freguesia é S. Mamede Mártir e tem celebração a 17 de Agosto.A construção da actual Igreja de S. Mamede de Infesta foi iniciada em 27 de Agosto de 1864, tendo sido concluída em 7 de Setembro de 1866. Foi graças a um grande benemérito, natural desta freguesia, Rodrigo Pereira Felício, Conde de S. Mamede, que doou 12 contos de reis para a sua construção.
Há, no entanto, um episódio peculiar com a doação e a inauguração desta igreja. Rodrigo Pereira Felício aquando da doação dos 12 contos de reis teria dito que queria uma igreja com duas torres, como a do Senhor de Matosinhos. No entanto, o arquitecto Pedro de Oliveira construiu a igreja à imagem da Igreja da Trindade, portanto, com uma torre só. Aquando da inauguração, estando tudo preparado, Bispo, povo, autoridades, esperando apenas pelo Conde de S. Mamede, Rodrigo Pereira Felício, que chegava do Brasil. Quando a carruagem do Conde chegou ao cruzeiro (actual cruzamento da rua Godinho de Faria com a Av. do Conde) e viu a sua igreja só com uma torre, deu meia volta e retornou ao Brasil, sem mais palavras.

Continua…

Vale da Ribeira de Picoutos (5)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

Quinta de S. Félix de Picoutos

Infelizmente esta quinta já não existe. Dela só resta a Capela de S. Félix.Na descrição constante no Registo Predial, D. Rodrigo Gonçalves Lopes, seu proprietário em 1868, fez averbar que a propriedade é constituída pela parte urbana "com casas nobres de um andar e casas térreas, cavalariça, cocheira, casas de celeiro, palheiros e mais oficinas de lavoura, além de aidos com seus cobertos e enxidos e a parte rústica um jardim com taça, com água de repuxo e de regar, hortas ajardinadas, um campo e um lameiro. É toda murada sobre si e tem também capela de orago de S. Félix".Os mais antigos registos desta quinta datam de 1718. (…)

Santo António do Telheiro

Uma “Lenda”

D. Fernando Martins - assim se chamava Santo António - quando já era cónego regular de Santa Cruz de Coimbra …« encantado e seduzido com a singela humildade e pobreza dos frades menores, com quem mantinha conversação, rogou ao seu prior, D. João César, licença para abandonar o convento».
O prior, relutante, hesitou num primeiro momento, mas o que é certo é que anuiu ao rogado e, desde aquele dia do ano de 1220, passou a chamar-se frade menor – frei António –.
A história continua com uma viagem de frei António a Braga. Já posto o sol, junto da estrada real, que o era ao tempo, viu uma capelinha e ali se preparou para orar e pernoitar. O povo, que tudo ignora mas que tudo sabe, fez correr a nova de que frei António ali estava orando e depressa se encontrou junto do santo. Num momento ali se ergueu um abrigo (telheiro) para que ele, embora singelamente acomodado, não ficasse ao relento de noite. Este abrigo a que o povo chamava " tilheirinho ", veio mais tarde a dar o nome à capelinha de Santo António do Telheiro, que havia de ser construída à custa das dádivas das boas gentes desta localidade e das esmolas dos viandantes que na sua passagem na velha estrada Porto - Braga as iam colocando num nicho aí colocado para esse efeito, nicho esse que corresponde ás actuais " alminhas " (…)

Compilação de textos: História de S. Mamede / Junta de Freguesia S. Mamede de Infesta

Continua…

Vale da Ribeira de Picoutos (6)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

Cantiga do Velho Moinho

Já não sei o que é moer grão
Com a mó do meu engenho.
Pararam-me o coração
E disso culpa não tenho.

Foi a “evolução” …talvez!
Não me esqueçam, por favor;
Ainda estou aqui, como vês.
Ainda tenho algum valor.

Se ainda não desapareci
É porque o dono me quer.
Conserva-me quieto, assim
Estou pró que der e vier.

Caramulinha, eu sabia
Que me querias conhecer;
Mal soubeste que eu existia
Vieste logo me ver.

Ao olhares com emoção
Este recanto escondido
Sentiste no coração
Que eu sou um caso perdido.

Diz às crianças e aos outros
Que eu ainda existo aqui
Na Ribeira de Picoutos,
No lugar onde nasci.

Quando eu tinha vida dura
A minha levada cantava
E a ribeira era tão pura!
Mas hoje não faço nada.

Quem sabe? Se por ironia
Do destino e… no futuro
O meu coração sorria
E volte a moer milho duro?!

Mas, assim, sem utilidade
E uma vida sem esperança,
Digo-vos com sinceridade:
Resta-me ficar na lembrança!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

22-03-2009 Serra D’Arga (1)

Trilho do Cabeço do Meio Dia - 8 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres Valimar


Olá Amiguinhos

Cá estamos uma vez mais para vos relatar outra bela caminhada que o Grupo Familiar “Caramulinha” levou a cabo pelo Norte deste Portugal maravilhoso.
Já desde o Ano de 2005 que não vínhamos caminhar pelas veredas das encostas da Serra D’Arga.
Desta vez, viemos calcorrear pelo espaço geográfico da Serra pertencente ao Concelho de Caminha, como são sobejamente conhecidas as Freguesias de Arga de Cima e de Baixo.
Na realidade, em 2004 percorremos alguns lugares maravilhosos desta região, em trilhos feitos de algum improviso.
Soubemos, posteriormente, que já haviam sinalizado alguns percursos mas, fomos adiando até hoje o nosso regresso à Serra D’Arga.
Nunca é tarde para recordar ou descobrir novos horizontes.
Optamos, então, pelo Trilho do Cabeço do Meio Dia, com uma distância de 8 km e que faz parte da rede de percursos pedestres da Valimar – ComUrb. Foi marcado e sinalizado pelo Clube Celtas do Minho, com a colaboração da Câmara Municipal de Caminha.

Começamos cerca das 09.30H ao sentido contrário do que manda o folheto descritivo, para tentarmos encontrar mais pessoas no aglomerado habitacional, que se avistava logo ali a 500 m.
Encontramos poucos habitantes, alguns pastores a guiar o gado para o monte, parecendo que até fugiam de nós, ou já iriam atrasados, pois não paravam…
O Tiago, jovem habitante do lugar da Gândara, é que conversou um pouquinho connosco e disse que gostava de ter mais amiguinhos para brincar.
No final da etapa visitamos esse interessante monumento de arquitectura rural, o “Pontão do Lobo” lançado sobre o regato da Fraga.

Segundo nos contou o Sr. António, de Arga de Baixo, reza a história tradicional das Argas, que era por ali que o lobo ibérico passava, altas horas da noite, quando vinha até próximo dos currais junto das habitações, no intuito (quantas vezes vitorioso) de roubar um cordeiro ou cabrito de tenra idade.
Quando tinha crias, já não comia a ovelhita e como a transportava para o covil, oculto algures na serra, dava-lhe jeito atravessar o regato por aquele pontão.
É tão verdade, porque chegou a ser avistado a fugir por ali, dizia o Sr. António.
(...) Agora… já não se vê lobos… nem lá longe na Serra, complementa.


Em 2003 o biologo Francisco Álvares, que estuda e acompanha já há alguns anos as (praticamente extintas) alcateias de lobos que outrora vagueavam pela Serra d'Arga, deixava a sua opinião, testumunhando um cenário deveras problemático sobre a existência, no futuro, do Lobo Ibérico no habitat mais próximo ao litoral, concretamente a fantástica Serra d'Arga:

A alcateia mais perto da costa atlântica em risco de extinção!

O lobo ibérico está em perigo de extinção na Serra d'Arga, no Alto Minho português, a zona mais perto da costa atlântica onde se detectou a presença desta espécie única cujos vestígios são cada vez mais raros.
"É um privilégio ter lobos nesta paisagem de montanha tão bonita, com o mar em fundo", afirmou o biólogo Francisco Álvares, um dos maiores especialistas portugueses em lobo ibérico (canis lupus signatus).
O biólogo falava à Lusa durante uma visita de trabalho à Serra d'Arga, um maciço granítico situado entre os vales do Lima e do Coura, classificado como Sítio Natura 2000, que abrange os concelhos de Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Paredes de Coura e Ponte de Lima.
O núcleo de lobos de Arga / Paredes de Coura, que Francisco Álvares estuda há cerca de uma década, tem diminuído nos últimos anos e deve estar reduzido a um número muito pequeno de exemplares.
Este núcleo, que é o que se encontra em maior risco de extinção no território português, era constituído por três grupos familiares, dos quais um está dado como extinto, já que não há indícios de reprodução desde 1996, e os outros dois não apresentam indícios de reprodução há dois anos.
"O lobo está a tentar sobreviver num mundo que tem cada vez menos lugar para ele", frisou Francisco Álvares, salientando as crescentes dificuldades que são colocadas ao lobo ibérico na Serra d'Arga, especialmente depois da construção do troço da A3 (Porto/Valença) entre Labruja e Romarigães, que isolou a alcateia, impedindo-a de contactar com as populações de lobos da área do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), uma das mais densas da Europa, com sete a oito lobos por quilómetro quadrado.
Totalmente afastada está a possibilidade de transferir animais da área do PNPG para a Serra d'Arga, já que, além da dificuldade de apanhar um lobo e dos perigos de se estar a manipular uma alcateia, eventualmente retirando-lhe elementos que não sejam excedentários, existe o problema social.
"As pessoas não aceitam a libertação de lobos na serra", admitiu Francisco Álvares.
A crescente pressão humana, a construção da auto-estrada e a falta de alimento são os três principais factores que estão a provocar o desaparecimento do lobo ibérico das zonas serranas do Alto Minho.

Texto: Francisco Ribeiro (Lusa) 2003

Continua…

22-03-2009 Serra D’Arga (2)

Trilho do Cabeço do Meio Dia - 8 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres Valimar

Descrição do Percurso

O “Trilho do Cabeço do Meio-Dia”, é um percurso pedestre denominado de Pequena Rota(PR) – as respectivas marcação e sinalização obedecem às normas internacionais.
Este percurso tem início junto à pequena capela de culto a St.º Antão, também vulgarmente conhecido pelo santo do chocalho, na povoação mais alta da Serra d’Arga – Arga de Cima. O respectivo ponto de partida localiza-se, precisamente, entroncamento da estrada de alcatrão e do caminho florestal. Seguindo por este caminho e virando, pouco depois, à esquerda, percorremos um trilho de pastores que nos conduzirá a um abrigo de caçadores de lobo. Daqui seguimos o trilho que desembocará na estrada florestal.

Passado algum tempo, deixamos esta estrada florestal para atravessarmos o ribeiro de Pombas e aproveitamos para visitar o Moinho das Pombas de Baixo. Alguns metros à frente viramos à direita para seguirmos um caminho lajeado que nos levará ao Moinho Velho.
Continuando a descer, desembocamos num caminho florestal, o qual nos conduzirá ao Moinho Novo.

Daqui, rumamos em direcção ao lugar de Varziela que faz parte do território da povoação de Arga de Baixo. Visitado o pequeno lugar, iniciamos uma curta ascensão por uma estrada florestal que nos levará ao Cabeço do Meio-Dia, que ostenta 550 metros de altitude e de onde podemos apreciar uma fantástica vista panorâmica da Serra d’Arga.

Retomando o mesmo caminho, agora em sentido descendente e chegados ao lugar de Varziela, seguimos o caminho que nos conduzirá à Ponte de Porto Carro e ao Moinho de Baixo.
Regressamos ao caminho para, seguindo para montante o ribeiro da Arga, visitar, desta forma, a bela Ponte e Moinho das Traves.

Deste local, seguimos pela estrada florestal, em direcção a Arga de Cima, visitando, pelo caminho, o Moinho da Fíchua e o lugar da Gândara. Pouco depois, no regato da Fraga, encontramos, à nossa direita, os Moinhos da Gândara.

Escassos metros à frente e cruzando o regato, um interessante elemento de inestimável valor do património arquitectónico e etnográfico da Serra d’Arga – o Pontão do Lobo.
Aqui, no Pontão do Lobo, termina este belo percurso, por terras de Caminha.

Continua…

22-03-2009 Serra D’Arga (3)

Trilho do Cabeço do Meio Dia - 8 Km / Circular
Rede de Percursos Pedestres Valimar


Poesia



Sereno, o Parque espera.
Mostra os braços cortados.
E sonha a Primavera
Com seus olhos gelados.

É um Mundo que há-de vir
Naquela fé dormente;
Um sonho que há-de abrir
Em ninhos e semente.

Basta que um novo Sol
Desça do velho Céu,
E diga ao rouxinol
Que a Vida não morreu!

Poema de Miguel Torga

As lentas nuvens fazem sono

As lentas nuvens fazem sono,
O céu azul faz bom dormir.
Bóio, num íntimo abandono,
À tona de me não sentir.

E é suave, como um correr de água,
O sentir que não sou alguém,
Não sou capaz de peso ou mágoa.
Minha alma é aquilo que não tem.

Que bom, à margem do ribeiro
Saber que é ele que vai indo...
E só em sono eu vou primeiro.
E só em sonho eu vou seguindo.

Poema de Fernando Pessoa

segunda-feira, 13 de abril de 2009

1º Aniversário do Blogue

É verdade! Já passou um ano!
Para o que lhes havia de dar!?
Filha, Pai e Mãe – numa inspirada tarde de Abril de 2008 – com parcos conhecimentos informáticos mas, com muita vontade, meteu-se-lhes na ideia de criar uma página na Internet, onde pudessem mostrar ao Mundo as suas simples Aventuras e descrever os seus pensamentos, ora contentes, ora tristes, de comuns mortais que somos.
Como as forças nos deram para andar…voluntários caminheiros, criamos a personagem “Caramulinha”.
Depois, o nosso lema foi “seguir em frente”, descrevendo o passeio de ontem, o pensamento do presente e a expectativa do amanhã, que a Vida não espera por ninguém.
Em dado momento, chegamos a duvidar das nossas capacidades, do conteúdo simples e franco das nossas mensagens, sempre com o objectivo de divulgar o pouco que sabemos, nomeadamente em duas componentes que nos dão vitalidade física e espiritual, ao qual tentamos, com este nosso trabalho, cativar mais adeptos a estas que são actualmente para nós, logo a seguir à Família, as duas facetas mais apaixonantes da Vida (com respeito por todo o resto): Pedestrianismo e Poesia.
Os dois fundem-se num só cristal e formam o mais belo poema que existe, podem crer!
Uma curta sondagem fez-nos ver que, afinal, este humilde blogue para a maioria dos seus visitantes, é interessante e útil.
As nossas obrigações e direitos como cidadãos Portugueses e do Mundo, quer trabalhando, estudando, criando e educando os filhos, pelo querer e a “Força” de Deus, já fazem qualquer mortal viver, sofrer e sorrir, …sonhar!...
Mas, nem imaginam a alegria que nos dão por sabermos que uma simples página pessoal que nos diverte e que através de um computador chega a casa de tanta gente, ainda traz, no fim de contas, (mesmo sabendo que nem chega sequer aos calcanhares de tantos) alguma utilidade para a Sociedade.
Não temos medo de ninguém e nem devemos nada mas, porque não queremos protagonismo, achamos por bem ser uma “personagem” a dirigir-se a vós.
Todavia, as várias (gostávamos que fossem mais) mensagens que fomos recebendo ao longo deste ano, foram todas de enorme simpatia e encorajamento para continuarmos, dentro das nossas possibilidades, a mostrar a todo o Mundo alguma da beleza que o nosso País encerra.
A poesia está sempre em tudo! É o dia de hoje, um rio que corre ou uma sombra que desaparece.
Por este pequenino Portugal, vamos descobrindo nos nossos passeios e caminhadas, imensas paisagens deslumbrantes, animais e plantas autóctones, monumentos com história, tradições e costumes de cada região.
Mas, acima de tudo, gentes locais desconhecidas, simples Companheiros do momento e até Presidentes de Autarquias, que não nos conheciam e se tornaram tão simpáticos e amigos!
Continuem a gostar de nós, visitando-nos e divulgando aos Familiares e Amigos.
Temos esperança que o futuro será melhor e tudo faremos para que esta página vos agrade!
Desculpem lá qualquer coisita e… Sejam Felizes!

O Grupo Familiar “Caramulinha” agradece a todos!

Secreto Leitor


No silêncio da noite é que eu te falo
Como através dum ralo
De confissão.
Auscultadores impessoais e atentos,
Os teus ouvidos são
Ermos abertos para os meus tormentos.

Sem saber o teu nome e sem te ver
- Juiz que ninguém pode corromper -,
Murmuro-te os meus versos, os pecados,
Penitente e seguro
De que serás um búzio do futuro,
Se os poemas me forem perdoados.


Miguel Torga