sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

11-01-2009 Caminhadas / Andainas (1)

"Trilho dos Miradouros" – 13km / Circular
Arriba Fóssil de Esposende

Olá, Amiguinhos

Porque é Inverno e é normal, o tempo não tem estado lá muito famoso no que diz respeito a Caminhadas, propício às constipações e gripes, que tem ocorrido por toda a parte, aos milhares.
Mas, como já se escapou à “praga”, senti-me fixe e resolvi regressar aos trilhos por esse Portugal.

Desta vez, estreamo-nos numa caminhada do Grupo Caminhadas /Andainas, e o "Monitor" que nos guiou foi, nem mais nem menos, o Editor desse espectacular blogue “Pedestrianismo e Percursos Pedestres”. http://pedestrianismo.blogspot.com/

O percurso teve início cerca das 10.20H, partindo da Capela de Santo António, na povoação de Palmeira de Faro, em Esposende.
Daí caminhamos e subimos pela 1ª vez até ao topo do Monte de Faro, de onde se avista uma admirável paisagem do oceano Atlântico e toda a zona costeira entre Esposende e Póvoa de Varzim.

Em tempos possivelmente medievais, no cimo do monte de Faro existiu um farol, que guiava os navegantes pelo alto-mar.
Deste espectacular miradouro (um de cinco que o guia nos deu a conhecer) as vistas sobre Esposende e suas Freguesias são incríveis e todo o cenário ao pé do “dócil e tenebroso” Oceano Atlântico, é deveras fascinante.

Com os binóculos, avistamos ao longe aqueles rochedos espumados de brancura imaculada, conhecidos na gíria lendária por “Cavalos de Fão”.
Depois destes agradáveis momentos, deixamos o Monte de Faro e prosseguimos o trilho pelo interior da floresta, por caminhos entre pinheiros e eucaliptos, até ao Castro de S. Lourenço, em Vila Chã.

Este outrora extenso povoado, que se estima ter sido ocupado desde o 3º milénio a.C. foi erguido num local com amplo domínio visual sobre a faixa costeira.
Para além do seu interesse patrimonial, o pico mais alto do Castro (200m de altitude em relação ao nível do mar) é um excelente miradouro sobre a planície litoral, sobre o estuário do Cavado e a foz deste rio.

Algumas das primitivas casas que agora visitamos foram reconstruídas no final do séc. XX. Para uma melhor interpretação cronológica do Castro, existem painéis ao longo dos vários sectores, com descrição pormenorizada destes vestígios arqueológicos.

Esta fortificação formava, em conjunto com Bagunte, Terroso, São Roque, Santa Luzia, Cividade de Âncora, Coto da Pena e Santa Tecla, uma estrutura litoral linear, que controlava, por certo, a navegação de cabotagem na Proto–História.

No cume há uma capela, de devoção a S. Lourenço, já mencionada em registos do séc. XVI, agora reconstruída e diferente da traça original.

Ao redor, a muralha e os penedos sustêm mais este deslumbrante miradouro.
Já passava do meio-dia e os estômagos começaram a pedir “clemência” aos Pedestrianistas. Naturalmente, ordem do guia para descansar e repor calorias perdidas.

Após o descanso e pela área inferior do espaço arqueológico, saímos pelo passadiço e seguimos então em direcção à povoação da Abelheira. Antes, porém, cruzando um pequeno curso de água límpida, a Ribeira de Peralta, dirigimo-nos à "Mamoa da Portelagem", um dos mais importantes dólmenes nesta região.

Depois de admirarmos este monumento “pré-histórico” regressamos ao trilho e no desvio para o antigo caminho (que nos pareceu medieval) o guia explicou a todos o grau de dificuldade até lá chegar, uma escarpa escorregadia e algo perigosa.
No entanto, ninguém desistiu e garanto-vos que valeu a pena.

Ao fim de cerca de 1km chegamos aos pitorescos moinhos de vento e azenhas da Abelheira, construídos em cascata na encosta do monte.
Este local está sitiado na Freguesia das Marinhas, outrora S. Miguel de Cepães e mais tarde S. Miguel das Marinhas, cujo Abade da Freguesia no ano de 1357 era Frei Bernardo do Moinho, quiçá proprietário dos primitivos engenhos.

Por aqui se descansou, lanchou e fotografou esta beleza de património. Pena é que não estejam todos os moinhos recuperados, pois tornaria este local muito mais aprazível, pois, já de si é bucólico.

Numa casa ali ao lado, o seu morador embelezou o pequeno jardim com uma cascata de lindas réplicas de Moinhos, Igrejas e até o Farol de Esposende. Que lindo!

Pelo mesmo caminho, agora em duro ascendente, regressamos até ao Castro de S. Lourenço e daí flectimos novamente para a estrada, passando por sobre a A28 e pelo estradão que leva ao Lugar de Faro, chegávamos à Capela de Santo António, onde teve início este agradável percurso, que contou com a participação de cerca de 40 Caminheiros.

Gostamos da caminhada, dos companheiros, simples e comunicativos, com destaque para os “Solas Rotas” na cauda do pelotão e sempre na borga, recolhendo as setas que o guia deixava como sinalética nos desvios e, coitados, lá tinham que as carregar às costas. Que ideia original e deveras engraçada.

No final, ninguém arredou pé, sem primeiro se tirar algumas fotos do Grupo, para mais tarde recordar.
Agradecemos ao "Organizador" e Companheiros este dia bem passado e esperamos, se as circunstâncias o permitirem, regressar breve.

Até à próxima!

Continua…

11-01-2009 Caminhadas / Andainas (2)

"Trilho dos Miradouros" – 13km / Circular
Arriba Fóssil de Esposende

Fernando Vilarinho

Companheiro

Como Amantes da Natureza e tendo em comum esse hobbie predilecto "Caminhar", apenas te identificávamos naquele magnifico blogue “Pedestrianismo e Percursos Pedestres” (para nós o melhor do género em Portugal!) e ao tomarmos conhecimento que também organizas Caminhadas, resolvemos hoje aderir aos teus “Eventos” que, neste primeiro contacto, consideramos como em outros (poucos!) casos, Pedestrianismo “puro”!
Porque não fazes tantos rodeios com “cronogramas” e nas explicações do trilho, és duma simplicidade tal que cativas e entendemos perfeitamente aquilo que nos pretendes transmitir. Só temos depois, ao longo do percurso, que cumprir as regras e indicações que nos deste. O talento de alguém é quando este não necessita de utilizar duas palavras, quando basta uma!
Por alguns comentários que escutamos, doutros eventos que já organizas-te, faz-nos confusão, como é possível, uma pessoa como tu, que organiza estas caminhadas sem fins lucrativos! - ser alvo de criticas sem nexo.
Melhor do que ninguém, tu sabes que eles andam por aí, os tais “Homo-Urbanos” que, se não fazem, ainda criticam quem faz um óptimo trabalho sem cobrar nada a ninguém. As pessoas participam livremente e sentem que fazes isto por Amor ao Pedestrianismo, pois colocas acima de tudo o Companheirismo e o Convívio entre Caminheiros de todas as regiões.
Com certeza, gostarias de ser sempre criticado por aquilo que fazes ou venhas a fazer em prol desta fantástica modalidade, como dizes, ao alcance de todos mas, de forma construtiva e para melhor!
Pela nossa parte, sempre que podermos (sei que 2009 vai ser muito complicado) estaremos presentes. Agradecemos e valorizamos o teu trabalho (óh! Tantas horas perdidas naquele blogue!) e consideramos-te, por tudo aquilo que divulgas e agora pelas Caminhadas que organizas, também um grande dinamizador do Pedestrianismo em Portugal!

Como nós, tanta gente espera que um dia, (dentro das tuas possibilidades) retomes a actualização desse fantástico blogue, para bem de todos que gostam do Pedestrianismo e amam a Natureza.
Julgamos, inclusive, que deviam valorizar mais o teu trabalho.

Desejamos-te as MAIORES FELICIDADES!

Até um dia destes.

Continua…

11-01-2009 Caminhadas / Andainas (3)

"Trilho dos Miradouros" – 13km / Circular
Arriba Fóssil de Esposende

ESPOSENDE

Esposende foi antiga estação naval, fortaleza marítima, e estaleiros medievais, aparecendo-nos nas inquirições de 1258, como povoação de "Esposendi" e pertencente à freguesia de S. Miguel de Cepães.
No século XVI já D. Frei Bartolomeu dos Mártires reconhece o seu interesse pastoral (1560) e D. Sebastião, dota aquela "pobra" de pescadores como Vila (19 de Agosto de 1572).
A carta régia reflecte já o valor que Esposende e Fão tiveram na «euforia dos descobrimentos» e que constam da Carta da Mercê de El-Rei D .Manuel I, datada de 1491 e dada aos carpinteiros e calafates de Fão.
“Dizem os moradores do lugar de Esposende, termo da vila de Barcelos, terras de jurisdição do Duque de Bragança, que no dito lugar há trezentos e setenta para quatrocentos vizinhos juntos e arruados e muito nobre de casarias, gente rica e abastada, a maior parte dela ao serviço de Vossa Alteza por seu porto de mar, e que há setenta para oitenta navios grandes, e muitos pilotos e homens do mar".
Terra voltada para o oceano, também viu, tal como Viana do Castelo, reflectir-se nos tempos de hoje os segredos desta alma marinheira, que foi e é fonte de riqueza, de trocas e comércio, de turismo.
Nas suas "memórias" … no seu mar !

A Lenda dos Cavalos de Fão e do Ouro de Ofir

Salomão quis dar seguimento a um velho desejo de seu pai, o Rei David: construir o Templo do Senhor, em Jerusalém. Solicitou ajuda ao Rei Irão da Fenícia e chegaram expressamente, as madeiras do Líbano, os hábeis construtores de templos, peritos na arte de lavrar a pedra. Constrói uma frota, que atravessa o Mediterrâneo e sulca o Atlântico, manejada por hábeis fenícios ao serviço de Salomão.
Já não chega, porém, só a riqueza dos cedros do Líbano: faltava-lhes o ouro, a prata, as pedras preciosas.
Diz a lenda que o bíblico "Ofir" existia na foz do Cávado.
Seria dali que os navios fenícios, ao serviço do rei israelita, recolhiam suas cargas magníficas.
Salomão quis ser grato com estes povos. Remeteu-lhes, então, como presente os melhores corséis que haviam no Mundo.
O destino, porém, não permitiu que tal acontecesse, arrebatada por uma medonha tempestade, a frota salomónica foi despedaçar-se de encontro à penedia e os famosos cavalos, por obra dos deuses, ficaram petrificados e eternamente cativos destas águas oceânicas, que ora acariciam, ora batem em espumosa fúria.

Caminhos de Santiago

Mas Esposende é, também, passagem importante dos Caminhos de Santiago. Não havia ponte e os peregrinos iam até à Barca do Lago (hoje estância turística, por excelência), para atravessar o rio (a travessia era assegurada pela Confraria da Senhora do Lago - 1572). Essa barca, cuja travessia era gratuita para os Peregrinos, era conhecida "Por Deus".

Num acórdão de 22 de Dezembro de 1640, a Câmara da Vila de Esposende requeria que os barqueiros de Gemeses não extinguissem « (…) en todo o tempo henumque em tempo allgum … cousa tamta carejdade como he pasar haquela barca de llago de ojte he de dja.»

Textos (Compilação / resumo): C.M.Esposende

Continua…

11-01-2009 Caminhadas / Andainas (4)

"Trilho dos Miradouros" – 13km / Circular
Arriba Fóssil de Esposende

Poesia

O Instinto e a Razão

Na noite o Cavaleiro assim falou:
(Choviam astros do seu gládio de oiro)
- Sou o dono de um rútilo tesoiro,
Tal como Salomão jamais sonhou…

É uma sarça ardente o meu castelo,
Do meu império dilatado e forte
É tributário o Amor, vassalo a Morte…
Dos desígnios divinos tenho o selo.

“Olhos leais, o coração virtuoso”
Eis o cativo lema remembrante
Gravado em meu arnês – brasão glorioso.

Com esta minha adaga flamejante
Contudo, mas liberto; e vitorioso
Ferindo mundos, marcho sempre avante!...

Poema de António Carneiro

O Mar

Ai o Mar
Que nos dilata sonhos
E nos sufoca desejos!

Ai a cinta do Mar
Que detém ímpetos
Ao nosso arrebatamento
E insinua
Horizontes para lá
Do nosso isolamento!
(Convite da viagem apetecida
Que se não faz.)

Ai o cântico estranho
Do Atlântico,
Que se não cala em nós!

Talvez um dia
Inesperado remoinho de águas
Passe borbulhante, envolvente,
Alguma onda mais alta se levante…

Talvez um dia…
- Quem sabe!...
Depois, na senda dos tempos
Continuará a marcha dos séculos
…E outra lenda virá…

Poema de Jorge Barbosa

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

20-12-2008 PR1 V.P. Aguiar (1)

Trilho de Soutelo – 9km / Circular
Rede Municipal de Percursos de Vila Pouca de Aguiar


VILA POUCA DE AGUIAR

Integrado na sub-região do Alto Tâmega, o Concelho de Vila Pouca de Aguiar situa-se a norte do Distrito de Vila Real, entre as serras do Alvão e da Padrela, estendendo-se o seu território por uma área de 437,1Km2, e é composto por 18 freguesias.

Localizado num ponto estratégico de ligação, não só com outros concelhos do interior mas também com o litoral do país através das novas vias de comunicação A7 e A24, o Concelho de Vila Pouca de Aguiar é privilegiado do ponto de vista do património histórico-cultural.

O longo vale fértil e as montanhas propícias à criação de gado e à defesa estratégica regional desenham o coração transmontano onde sempre passaram as melhores artérias regionais.
O Monumento Nacional do Castelo de Aguiar da Pena, o milenar Complexo Mineiro Romano de Tresminas com o seu parque arqueológico, as termas das Pedras Salgadas com o centenário parque termal, muitas zonas de lazer com a barragem da Falperra em foco, Dolméns do Alvão, Igrejas, Sepulturas e Pontes Medievais, canastros ou relógios de sol, caça e pesca e, acima de tudo, o contacto com as gentes são um tesouro de conhecimento e natureza a descobrir.

PERCURSOS PEDESTRES

A Rede Municipal de Percursos de Vila Pouca de Aguiar inclui 14 percursos pedestres de pequena rota (PR), um percurso pedestre de grande rota (GR), um percurso equestre (PE) e um percurso ciclo turístico (PC), completando a mais extensa rede de trilhos sinalizados, a nível nacional. Com esta infra-estrutura, pretende-se fomentar o conhecimento do território e a valorização dos recursos naturais e sócio-culturais, promovendo, simultaneamente, a conservação do património viário tradicional.

Percorrer os trilhos é usufruir do território, como espaço turístico, de cultura e lazer, durante as quatro estações do ano, incentivando, ao mesmo tempo, actividades tradicionais complementares, como alternativas económicas sustentáveis (artesanato, venda de produtos alimentares, alojamento, restauração).
Os trilhos estão sinalizados de acordo com a sinalética internacional de pedestrianismo, podendo ser percorridos sem necessidade de um guia especializado. Para cada percurso, encontra-se publicado um topoguia desdobrável, contendo: ficha técnica do percurso, cartografia, regulamento, perfil altimétrico e uma breve descrição do património cultural e natural ao longo do trilho. O Município lançará, brevemente, o Guia de Campo da Rede Municipal de Percursos, uma publicação encadernada contendo informações mais detalhadas relativamente ao património natural e cultural do concelho de Vila Pouca de Aguiar.
Percorra os mais belos recantos do concelho - Deixe-se encantar…!
Texto: C.M. Vila Pouca de Aguiar

A nossa terra

... chama-se Soutelo de Aguiar, pertence ao concelho de Vila Pouca de Aguiar, no Distrito de Vila Real.

A nossa terra é uma aldeia, que fica longe do mar, rodeada de montanhas, que eram preenchidas por imensas florestas mas que de ano para ano têm sido destruídas pelos incêndios.
A paisagem muda de estação para estação do ano.
Quando a Primavera chega, ouvem-se os pássaros a cantar e as rãs e os sapos a coaxar, e está tudo coberto de flores. Tão coloridas, tão lindas! Fazem-se as sementeiras, vêem-se as terras lavradas...

No Verão fica tudo verdinho. No Outono as árvores ficam pintadas de dourado.
No Inverno às vezes a neve cobre toda a nossa terra, ficando branquinha.
As pessoas conhecem-se, cumprimentam-se e ajudam-se quando é preciso.

As casas são diferentes. Umas modernas, outras antigas. Muitas delas não têm moradores porque aqui há poucos empregos e as pessoas emigram.
É bom viver aqui, nós brincamos todos os dias com todos os nossos colegas porque vivemos todos perto uns dos outros.

Texto: Alunos da Escola EB1 Soutelo de Aguiar

Continua…

20-12-2008 PR1 V.P. Aguiar (2)

Trilho de Soutelo – 9km / Circular
Rede Municipal de Percursos de Vila Pouca de Aguiar

«Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar.»

Foi com este espírito contagiante das palavras do mestre Miguel Torga, que mais uma vez regressamos a Trás-os-Montes.
Viemos hoje percorrer o PR1 da Rede Municipal de Percursos Pedestres de Vila Pouca de Aguiar, ao longo das Aldeias de Soutelo de Aguiar, de Fontes e Castelo, pertencentes à Freguesia de Telões, com uma extensão de 9km em circulo.

Chega-se à cota máxima de 760m de altitude em relação ao nível do mar, no Alto da Aldeia de Fontes, bem de frente ao viaduto da auto-estrada A24.
Já em tempos efectuamos um agradável percurso antes de ser sinalizado e homologado, na Aldeia de Trêsminas – que é hoje o PR6, com cerca de 13km, onde se evidencia o Complexo Mineiro Romano.

Na primeira caminhada deste Inverno, e passados alguns anos, viemos agora descobrir esse lendário e histórico castelo roqueiro, conhecido por “ Castelo de Aguiar”, uma singular conjugação da natureza com o engenho humano, localizado nos contrafortes da Serra do Alvão, junto da aldeia de Castelo, na freguesia de Telões e classificado como Monumento Nacional desde 26 de Fevereiro de 1982.
Na sua passagem pelo Vale de Aguiar, Camilo Castelo Branco inspira-se neste outrora “Castelo do Pontido”, amontoado de graníticos fraguedos, referências agrestes e naturais mas, que lhe deram inspiração para os romances “O Santo da Montanha” e mais concretamente “O Esqueleto”, publicado em folhetins no jornal O Nacional, do Porto, em Julho de 1848.
Uma história macabra que se desenrola num clima de pesadelo, onde a jovem Amália é seduzida, esquecida, e, tendo engravidado, morre durante o parto. Segue-se a vingança levada a cabo pelo irmão, que esconde e preserva o cadáver de Amália, para mais tarde atrair o sedutor a sua casa e lançar-lhe nos braços o esqueleto da jovem, antes de o esfaquear mortalmente.

Camilo descreve:

« (…) Assomaram ao alto da Serra do Mesio, donde se avistava a magnifica chã do Vale de Aguiar, e o Castelo dos Almeidas, negrejando sobre um morro de rochas na quebrada das montanhas do Alvão.

- O meu castelo é além ! – disse Ricardo, apontando.
- É uma fortaleza feudal? – perguntou Margarida.
O fidalgo deu a data da fundação do Castelo, e contou a façanha de Duarte de Almeida, modelada pela inventiva com que ela anda cantada em verso no “Romanceiro Português” do Senhor Inácio Pizarro de Morais Sarmento.
A francesa parecia escutá-lo. (…) »
O Esqueleto (curto resumo) de Camilo Castelo Branco

Durante algumas centenas de metros, este trilho prossegue em simultâneo com a GR (Grande Rota) uma travessia com cerca de 54km pelo Distrito de Vila Real, ao longo de várias Freguesias, desde Afonsim até à sede deste Concelho, Vila Pouca de Aguiar.

Este foi um percurso com componentes históricas e paisagísticas, de grande e variada “Biologia”.
Muita diversidade botânica, com predominância para bosques de carvalhos e soutos de castanheiros.

Para além do gado ovino e bovino inglês a pastar nos lameiros, fazemos aqui um destaque para a linda parelha de vacas de raça outoctone portuguesa, "maronês", do Sr. João, que sendo cada vez mais rara, tem consequentemente maior valor.
Nesta componente zoológica, ficamos admirados com o evidente crescimento na criação de burros. (ver post nº3)
A Raça Asinina Portuguesa ainda há bem pouco tempo estava em vias de extinção!
Felizmente está-se a contrariar positivamente o declínio desse costume rural, outrora grande fonte de receita concretamente em Trás os Montes. Hoje as pessoas voltaram a criar burrinhos. Mesmo não sendo em escala para trabalhos rurais, já é normal ter-se burros como simples animal de estimação e mais concretamente para fins turísticos destas regiões.
Bem Hajam!

Notas finais:
Como já é normal neste blogue, não podemos esquecer de reconhecer o trabalho e dar os parabéns ao Município de Vila Pouca de Aguiar, por ter apostado já há alguns anos numa Rede de Percursos Pedestres. De igual modo, o apoio aos Municípios por parte da FCMP.
São investimentos desportivos e de laser para a região, bem como aposta de atracção turística que, julgamos já estar a dar os seus frutos, tal é evidente o crescimento deste Concelho.

No entanto e concretamente a este PR1, na subida da serra e antes de chegar ao cruzamento que entronca com o PR14 (Pontido), nalgumas partes o caminho está já bastante coberto por grandes giestais, dificultando a passagem aos Caminheiros. Sugere-se aí alguma limpeza, pelo menos cortar as enormes giestas.

De lamentar são os vestígios de algum “vandalismo” na sinalética do trilho, que concretamente num caso, pode ver-se o poste esfacelado por machado.
Por favor, conservem estes belos trilhos, que tanto custaram em dinheiro e trabalho, com a finalidade de estarem em qualquer altura do ano disponíveis a todos os amantes do Pedestrianismo.

A “Caramulinha” agradece!

Voltaremos breve!

Continua…

20-12-2008 PR1 V.P. Aguiar (3)

Trilho de Soutelo – 9km / Circular
Rede Municipal de Percursos de Vila Pouca de Aguiar


Usos / Costumes / Tradições

O BURRO

Mamífero solípede, perissodáctilo, menos corpulento que o cavalo e de orelhas compridas.
O burro doméstico (Equus asinus, Lin.) distingue-se dos outros equídeos por ter as orelhas muito desenvolvidas, cauda nua na sua inserção e terminada por um tufo de crinas, pelagem geralmente cinzenta e com uma lista dorsal e outra transversal formando cruz sobre as espáduas. A sua anatomia é inteiramente semelhante, no número e disposição de peças, à do cavalo. Tem, porém, a cabeça mais volumosa, as órbitas mais afastadas, o garrote baixo continuando-se em linha recta até à garupa, o peito estreito, pelo que os membros anteriores são muito aproximados, as apófises espinhosas das vértebras dorsais muito desenvolvidas, tornando-lhe assim o dorso muito proeminente e ainda com a vista, o ouvido e o olfacto mais apurados que os do cavalo. A estrutura dos burros varia consoante o clima e a raça, tendo em média, no nosso país, 1,35 a 1,45 metros de comprimento, medido de entre as orelhas à origem da cauda, e 1,10 a 1,15 m de altura ao nível das espáduas. Segundo Sanson, as várias raças de burros actualmente existentes proviriam de duas espécies: a asinus africanus, originária da bacia terciária do Nilo e que se difundiu desde a mais remota idade por toda a Ásia, África e Europa e donde descendeu o nosso burro doméstico, e a asinus europeus, originária do Mediterrâneo, de maior corpulência, que se teria disseminado por uma área mais restrita: parte da Ásia, Grécia, Itália e Espanha, principalmente em Castela e Leão. Admite-se hoje que as diversas raças de burros são originárias da espécie africana e que as diferenças de estatura, que foram para Sanson a base da distinção das espécies, se explicam por acções do clima, pois os burros que habitam os países quentes são de estatura mais elevada e mais robustos e vigorosos que aqueles dos países frios.

A longevidade média do burro é de 15 a 18 anos, mas pode atingir 30 a 35 anos e mesmo mais.
O seu completo desenvolvimento opera-se entre os três e os quatro anos e os dentes, que evoluem de uma forma idêntica aos dos cavalos, são, como nestes animais, um bom meio para o reconhecimento da idade.Nas fêmeas a gestação dura aproximadamente um ano, tendo em cada parto um filho e, muito raramente, dois. Pelo cruzamento das espécies cavalar e asinina obtêm-se híbridos (muares: mus e mulas, produtos de burro e égua ou de cavalo e burra) de grande valor económico, pois são excelentes animais de trabalho por participarem da paciência e rusticidade do burro e da corpulência e força do cavalo.O burro é empregue quase exclusivamente como animal de carga, mas pode utilizar-se no serviço de sela e de tiro. De todas as espécies domésticas esta é, sem dúvida, a mais abandonada, pois os criadores, dum modo geral, não lhe dão educação alguma durante o crescimento, sujeitando-o ao trabalho quando atinge a idade adulta por meio de maus tratos, donde resulta que, sendo o burro naturalmente vivo, ágil e dócil, se torna preguiçoso, tímido e teimoso. É incontestável que a maioria dos defeitos que se lhe observam provêm do abandono a que, desde tempos remotos, o burro tem sido sujeito, pois nalgumas regiões do globo, principalmente no Oriente, onde estes animais têm sido e são tão bem tratados como o cavalo, a sua inteligência, vivacidade e beleza são incomparavelmente superiores.É animal de uma sobriedade notável. Come pouco e contenta-se com forragem e grãos de inferior qualidade que outros animais rejeitariam. A água, porém, tem de ser límpida e sem qualquer cheiro, preferindo sempre as dos regatos e ribeiros já seus conhecidos.

À parte o seu grande valor como animal de carga, pois é capaz de transportar com segurança pesados fardos através dos caminhos mais difíceis, mesmo por escarpas montanhosas, o burro fornece ao homem produtos de grande valor económico. Assim é com o leite de burra, largamente consumido em muitas regiões e que foi, durante muito tempo, considerado excelente tónico, particularmente recomendado para as pessoas debilitadas e com estômagos fracos; tem aproximadamente a mesma composição que o leite de mulher, sendo mais rico em albumina, caseína e sais, mais pobre em gordura e com uma quantidade de açúcar sensivelmente igual. Na Europa a sua introdução na terapêutica data do tempo de Francisco I de França. Este rei , doente havia muito tempo, mandou vir de Constantinopla um médico judeu o qual, depois de o observar, lhe mandou tomar, como único medicamento, leite de burra; como o rei, passado pouco tempo, melhorasse consideravelmente, o seu uso generalizou-se rapidamente. A carne de burro é muito dura, sendo consumida por muitos povos, simples ou sob a forma de enchidos (salsichão de Lião).A pele, dura e elástica, tem numerosas aplicações, tais como na fabricação de crivos, tambores, calçado, correias, sacos, etc. Os árabes nómadas fazem as suas tendas com pele de burro. O excremento, tal como o do cavalo, é um óptimo adubo que se emprega com excelentes resultados para aquecer os terrenos frios. Os povos antigos serviam-se ainda dos ossos dos burros para fazer o corpo das flautas, certamente porque eram mais duras e mais sonantes que as feitas de ossos das outras espécies.

Texto:sotaodaines/Burrodomestico

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

22-11-2008 PR1 ÁGUEDA (1)

Da Pateira ao Águeda – 14 km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de Águeda

No passado dia 22 de Novembro, o Grupo familiar “Caramulinha” esteve presente na inauguração do PR1 - Trilho “Da Pateira ao Águeda” - o primeiro Percurso Pedestre sinalizado e homologado pelo Município de Águeda. A Pateira de Fermentelos fica localizada na Freguesia de Óis da Ribeira, Concelho de Águeda e Distrito de Aveiro.


Cerca de trezentos Caminheiros estiveram presentes, respondendo positivamente ao convite da Câmara Municipal. Para nós, pouco conhecedores desta região, na realidade ficamos a saber que “Da Pateira ao Águeda”é tudo tão maravilhoso e vir numa caminhada descobrir aquela que é considerada a maior lagoa natural da Península Ibérica - a Pateira de Fermentelos - foi a todos os títulos fantástico.
Na cerimónia da inauguração com os Pedestrianistas, estiveram o Presidente da Câmara, Gil Nadais e o Presidente da Junta de Freguesia de Óis da Ribeira, Fernando Pires.


Ambos agradeceram a presença calorosa de tanta gente e Gil Nadais, salientou que “o percurso vai possibilitar a descoberta desta região e mostrar a enorme riqueza natural que temos no nosso Concelho”. Fernando Pires, por seu lado, deu as “Boas Vindas” em nome da Freguesia de Óis da Ribeira, lembrando-nos: “voltem sempre”!
De forma simbólica como é normal, foi descerrada a bandeira do Município que cobria o painel interpretativo do trilho e o percurso era inaugurado com palmas e agradecimentos.


Continua…

22-11-2008 PR1 ÁGUEDA (2)

Da Pateira ao Águeda – 14 km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de Águeda


A Caminhada

Poucos minutos passavam das 9:30 quando foi dado o início da Caminhada junto ao Parque da Pateira, em Óis da Ribeira. Os participantes foram divididos em dois grupos, os “azuis” e os “verdes”em sentidos inversos um do outro.

De mochilas ás costas e máquina fotográfica na mão, toda a gente nos pareceu bem disposta e alegre, onde se evidenciavam alguns Grupos de escuteiros, muito conversadores e dinâmicos.

O percurso foi-se desenrolando pela área de REDE NATURA 2000, com paisagens ribeirinhas deslumbrantes, num espaço rural e natural.

Pelos caminhos ladeados de carvalhos, amieiros, freixos, junto às lagoas e aos rios e na parte mais montanhosa evidenciavam-se os tradicionais pinheiros e eucaliptos, rodeados de matos, em cujo solo nesta altura do ano emergem os sempre admiráveis e também apetecíveis “fungos”, mais conhecidos por cogumelos.

Nas margens dos Rios Cértima e Águeda avistávamos pequenas embarcações de madeira, as “bateiras” ancoradas à espera dos pescadores. Tiraram-se fotos com tanta poesia!

Que paisagens deliciosas! Esta região alberga uma grande diversidade de fauna, nomeadamente na área da ornitologia, (muito do nosso agrado), como o guarda-rios, milhafres, águias e galeirões.

Desta vez só podemos avistar algumas garças voando do ninho no cimo dum poste e os patos nadando nas lagoas da pateira.
Aqui também nidificam o pintassilgo, o verdelhão, o pintarroxo, o melro e a rola brava, entre outros.

Na berma do caminho, um simpático ratinho “canguru” deliciou-nos com as suas correrias aos saltos e traquinices.
Deixou-nos alguma preocupação a “praga” de algas, mais concretamente o “jacinto” que asfixiam as águas dos Rios Cértima e Águeda, deixando-os sem oxigénio, componente tão importante para a sustentação da vida aquática.

No entanto, com o dia assim tão lindo, foi uma manhã fantástica, em pleno contacto com a Natureza.
No final, estava reservada a parte mais difícil: um saboroso almoço oferecido pela Câmara de Águeda, onde não faltaram as saborosas bifanas no pão regional, o caldo quentinho, frutas variadas, vinhos, águas e sumos diversos. Com uma “ementa” destas, já lá dizia o outro: «Pedestrianista sofre! Oh! Como sofre!»

Adoramos reencontrar Companheiros que já não víamos a algum tempo e notamos a presença do Grupo “Andar” com o líder Paulo Costa, bem como Joaquim Margarido do “Afis”.
Estiveram também presentes o nucleo da Adefacec, assim como Companheiros do CCP.

Está de Parabéns a Autarquia Aguedense por esta aposta nos Percursos Pedestres e é com alguma ansiedade que aguardamos pelo próximo PR2 “Trilho das Levadas”.

Muito Obrigada Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Óis da Ribeira, Fernando Pires, Sr. Presidente da Câmara Municipal de Águeda, Gil Nadais e toda a Organização envolvida, Célia Laranjeira e Colegas, por este dia maravilhoso que nos proporcionaram!
Mas deixo propositadamente para o fim (porque os últimos são os primeiros!) este humilde agradecimento a uma pessoa que muito respeitamos e admiramos, aquele que é para nós um dos maiores dinamizadores do Pedestrianismo em Portugal: Joaquim Gonçalves!

Companheiro: uma vez mais ficou patente aos nossos olhos a qualidade do teu trabalho, com uma sinalética perfeita, bem enquadrada com a paisagem e os seus principais pontos de referência, para uma boa interpretação do Trilho.

Muito Obrigada!

A “Caramulinha” fica Feliz!

Continua...