sábado, 27 de junho de 2009

14-06-2009 – Mondim de Basto (1)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL


PORTUGAL, CREIO EM TI !

Portugal, creio em ti! – na minha Raça,
No teu destino altivamente forte!
Não ouças as palavras de desgraça!
Ouve as daqueles que se dão á morte!

Portugal, creio em ti! – na força oculta
Que anda dentro do peito a dominar
E actua na nossa alma, em catapulta,
Muralhas de desânimo a abalar!

Portugal, creio em ti! – nos soldadinhos
É que nós encontramos a beleza
Dos que deixaram beijos e carinhos
Para que se erguesse a Terra Portuguesa!

Portugal, creio em ti! – porque em nós todos
Vive o mesmo desejo igual e terno:
- Levantar a nossa alma dentre os lodos,
Sofrendo, sem protesto, neste inferno!

Portugal, creio em ti! – no sonho alto,
Que Afonso Henriques uma vez sonhou
E que a Raça depois, em sobressalto,
Compreendeu e ainda dilatou!

Portugal, creio em ti! – em todos nós
A alma grita enternecido apelo:
- Não escutes dos maus a triste voz!
- Não ouças mais os velhos do Restelo!

Poema de Barata da Rocha

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14-06-2009 – Mondim de Basto (2)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL

Executivo da Junta da Freguesia de Mondim de Basto :

Queremos uma vez mais elogiar neste humilde blogue, a qualidade dos Eventos organizados pela Junta da Freguesia de Mondim de Basto ao longo deste quadriénio prestes a terminar, e deixar a nossa mensagem de agradecimento pelas várias oportunidades que nestes anos tivemos o privilégio de poder participar.
Estes vossos eventos, sem fins lucrativos, foram para nós, turistas a mais de cem quilómetros de distância, motivo de enriquecimento cultural, desportivo e social, que jamais esqueceremos tudo aquilo que aprendemos e ficamos a conhecer, graças ao empenho e dedicação que este elenco directivo da Junta de Mondim sempre teve para com os participantes.
Podemos constatar ser a vossa única finalidade divertir nos tempos livres a população local, melhorando deste modo a sua qualidade de vida e ao mesmo tempo proporcionando convívio com as gentes de fora do Concelho.
A Freguesia de Mondim levou a cabo durante quatro anos, uma aposta importante na componente Turismo/Desporto e teve na pessoa do seu Presidente Fernando Gomes, o grande impulsionador para a prática do Pedestrianismo na região, incentivando assim as pessoas a praticarem aquela que é talvez a mais simples e fantástica modalidade que se desfruta em pleno contacto com a Natureza.
Sendo nós recentes conhecedores destes “paraísos escondidos” da região de Mondim, também quantas vezes escutamos vários companheiros naturais do Concelho a exclamarem que “se não fossem as caminhadas da Junta, jamais descobririam tantos lugares cheios de encanto e beleza da sua própria terra. As caminhadas, foram assim, uma inovação construtiva com repercussão a vários níveis desportivos e sociais, que antes não existiam.
Claro que para nós, simples turistas, apaixonados pelo Pedestrianismo, jamais esqueceremos essas Caminhadas, assim como os Jogos Tradicionais, O Teatro, a Música Popular genuína da terra, e também na parte culinária dos Eventos, o saboroso porco assado, o típico prato dos “milharos”, as castanhas, os vinhos da região e o café quentinho do pote. Foram várias as edições anuais em que participamos, com destaque para a Matança do Porco, Magusto/ S. Martinho, O 25 de Abril, Marcha da Primavera, Trilhos das Levadas, do Dia de Portugal, …do 1º Padipaper de Mondim, etc.
Para além das deslumbrantes paisagens e vasto património monumental que ficamos a conhecer, em todas elas nos divertimos e usufruímos de belos momentos de convívio e amizade com as simpáticas gentes locais.
Unidos num só, estes factores “Pedestrianismo/Convívio/Diversão” que vocês nos ofereceram, foram, para os três elementos desta humilde família do Porto, o que consideramos ter sido da melhor e mais pura qualidade que se pratica.
Para o Fernando Gomes, Joaquim Ramos, Prof. Fernando, Parque de Campismo e incansável equipa da culinária, aqui deixamos o nosso sincero agradecimento.

Muito Obrigada!

A “Caramulinha” fica Feliz!

Fotos da Caminhada (A)





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14-06-2009 – Mondim de Basto (3)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL

A Caminhada

Bastava uma simples frase para a descrever:
Um Hino ao Pedestrianismo!

Este ano, pela aproximação do Dia de Portugal ao Dia de Corpo de Deus, resolveu a Organização que se realizasse a "Caminhada do Dia de Portugal" no Domingo imediato, dia 14 de Junho.
Depois do Sábado chuvoso, a manhã de Domingo surgiu algo cinzenta. Após a recepção aos participantes por elementos da Junta de Freguesia, fomos transportados no autocarro da Câmara Municipal desde Mondim até Varziguêto. Calorosas saudações e breve descrição da Marcha pelo "Guia" Fernando Gomes, iniciamos o percurso junto à estrada, no alto da Serra (da Louza) Alvão, próximo da Aldeia de Varzigueto.
Nas “Memórias Históricas” lê-se: « (…) Esta Serra é muito fria com vento e neve. Nella pasta todo o género de gado… há nella perdizes e algumas lebres, porcos monteses e lobos e mais bicharia. Também dizem que nas faíscas do fraguoedo se criaram algum tempo águias reais…»
As primeiras centenas de metros são percorridas pela margem duma levada seca. Um velho moinho a desfazer-se, prova que noutros tempos por aqui corria muita água.
Depois descemos gradualmente pela escarpa até uma zona florestal, onde predomina o pinheiro bravo e ainda se extrai a resina. Mais um pouco abaixo e do alto de uma fraga avistam-se os férteis lameiros e os montes circundantes do Vale da Fervença.
Empurrados pelo peso do corpo, este descendente algo perigoso, pela irregularidade e deslizamentos das pedras, bastante acentuado, depressa nos leva ao leito da Ribeira, onde a sua transposição para a outra margem iria proporcionar momentos de rara beleza, quer pelas dificuldades que a vegetação ribeirinha e os penedos escorregadios provocavam, bem como o selvagem caudal. O espírito de entreajuda dos Companheiros aos menos adaptados, bem como as orientações do guia, Fernando Gomes, fizeram com que todos os elementos passassem para a outra margem sem qualquer tipo de acidente, a não ser algumas molhadelas inevitáveis. Houve, inclusive, "quem" demonstrasse como …se deve cair á água.
E aquela senhora de 71 anos, meu Deus?! Que espírito de aventura ainda tão jovem!
Como é tão belo assistirmos a estes espectáculos que o ser humano interpreta num perfeito contacto com a Natureza!
Depois de atravessarmos um lameiro alagado e percorrermos a berma de alguns campos, eis que, surge-nos a serpentear por frondoso bosque, a “Levada de Varzigueto”, bucólico e telúrico canal, construído pelo homem, como forma inteligente de aproveitamento das abundantes águas de rios e ribeiros, incrementando desde há séculos essa prática de regadio colectiva e organizada. « (…) das ditas Levadas, uzam os Povos com liberdade sem pençam algua, repartindo as agoas para a cultura das terras por dias e horas.»
Pese embora toda a atenção redobrada ao caminhar por sinuoso e escorregadio trajecto da levada, que impossibilitava contemplarmos tudo por onde passávamos, praticamente em fila indiana, é de realçar a esplendorosa paisagem envolvente ao longo destes canais de águas cristalinas ensombradas por bosques cerrados dum verde imaculado, que a todos cortava a respiração com tanto deslumbramento.

« A gente cansa de estar olhando e sempre vendo um novo encanto a cada olhar que lança!»… dizia o Poeta João de Deus.

Depois de caminharmos alguns quilómetros por este “paraíso escondido”, no Outeiro da Lourinha deixávamos o trilho desta levada e inflectíamos para S. João e chegávamos à velhinha Capela de S. João do Ermo.
Neste singelo recanto, agora sem altar e despido de tudo que simbolize um lugar religioso e sagrado, habitam agora alguns morcegos, uma espécie rara do Parque do Alvão.
Cá fora juntamo-nos todos e tiraram-se as fotos de Grupo. E que bom Grupo!
No regresso ao caminho, enveredávamos um pouco mais descansados pela levada de S. João, alimentada a montante pela Ribeira de Fervença que ouvíamos sussurrar lá no fundo, misturando-se com as melodias que algumas aves entoavam.
Quem dera nunca mais acabar!
Em vários pontos da levada, surgiam obstáculos de maior dificuldade para se transpor, como passadiços e árvores tombadas, centenários caniços donde emergem novos rebentos, bem como zonas de piso muito escorregadio, inclusive com acentuados declives. Tais lugares provocavam maior demora no caminhar da extensa fila, causando por vezes algum congestionamento e até paragem do andamento.
Num desses momentos, olhando por detráz dos montes da Laboreira, vislumbramos ao longe o Monte Farinha. Não houve um único percurso sequer que não contemplássemos a Senhora da Graça! – exclamávamos.
Pois não – respondia ao lado o Sr. António. E acrescentou:
- Era como o “Ermitão”, o Sr. Ventura. Ele tinha que ir pedir aos “Irmãos” e ao Povo para a Irmandade da Nossa Senhora da Graça. Lá ia com a Santinha ao peito.
Se lhe perguntavam: Por onde vais pedir, “Ermitão”? – ele respondia sempre:
- Ao redor da Senhora da Graça!
Ele corria os sete caminhos e nunca se perdia, pois tinha como referência o alto do Monte. Vivia numa casinha de vigilante ao Santuário, onde criou com dificuldade alguns filhos, ainda hoje vivos.
Contagiados pelo espírito Mondinense, ao escutarmos deste Companheiro tão singela história, logo nos vinham à lembrança aquelas profundas palavras de Luís Jales de Oliveira:

No cimo do Monte há uma Capela
E cada vez que olho para ela
Apetece-me voar!

Num ápice, fugindo das Catarinas da Ribeira, o grupo chegava compacto a Ermelo, histórica Vila Medieval. Surge num ponto mais elevado a Igreja Matriz e caminhando entre o típico casario recuperado que manteve a traça, bem como os tradicionais telhados de louza, descobre-se a Junta de Freguesia, tendo a seus pés o secular Pelourinho. Confraternizamos no Snack Bar “Silva”, que nos serviu saborosa e farta comida, desde churrasco, feijoada, arroz do forno, saladas, pão regional e onde se incluíram também vinhos e sumos, bem como sobremesa de salada de fruta, pudins, bolos e… café.
É nesta “fase” do percurso que o Pedestrianista sofre, coitado! Óh! Como sofre! ih ih ih
Entretanto, chegaram os jovens irmãos com as concertinas e a festa animou, desde as danças aos cantares, com destaque na “perninha” para os Srs. Autarcas e na “garganta” para o Sr. José, o conhecido motorista da Câmara. Isto é que é “Chaufeur”, diziam alguns!
Antes do regresso de autocarro à Freguesia de Mondim, ainda teve lugar o habitual e obrigatório “caldinho verde”, acompanhado do “tal” tinto.
Esta gente não aprende!... ih ih ih
Depois vieram as despedidas, com a nítida sensação de um dia tão bem passado que a Junta da Freguesia de Mondim de Basto proporcionou a cerca de meia centena de corajosos e activos Caminheiros.

Bem Hajam! Até à próxima!

Fotos da Caminhada (B)







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14-06-2009 – Mondim de Basto (4)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL


Poesia de Mondim de Basto

Pastor das Fisgas - Moisés,
Por fragas de Varziguêto…
Trezentas cabeças aos pés,
E nos olhos um soneto,
Azul celeste.
Agreste,
Escacha um mar que é tamanho,
Não sabe rumos do povo,
Mas conhece os do lobo,
Que lhe carrega o rebanho.
Tem por credo um marmeleiro,
Descascado,
Resistente,
- Que venha de lá o valente,
O matreiro!!
E quando a águia aparece,
A rapinar o miolo,
Daquele pão de sarilhos…
Às medonhas Fisgas desce,
Em cordas, por sobre o Ôlo,
Num cesto, rouba-lhe os filhos.

Poema de Luís Jales de Oliveira

Águias das Fisgas de Ermelo

No alto das fragas foi, outrora, o local de nidificação de um casal de águias-reais do Parque Natural do Alvão.
A pilhagem constante deste ninho afastou, há alguns anos, as águias das Fisgas.
Julga-se que hoje, no sistema montanhoso Alvão/Marão apenas resta um casal desta espécie, que também ele ameaçado por quem escala as montanhas na sua área de nidificação, a devastação florestal, a construção de novas estradas e até os modernos e bem aceites parques eólicos, irão fazer que no futuro não passe de um “conto” a visão daqueles maravilhosos seres que sobrevoavam os altos céus e que as gerações vindouras jamais poderão observar!
Restar-lhes-á somente ver em fotografias ou em filmes aquele impressionante tamanho das asas da rainha dos céus do Alvão.

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14-06-2009 – Mondim de Basto (5)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL

Parque Natural do Alvão
(breves resumos)


A Serra do Alvão, paredes meias com o Marão, é uma área com formações xistosas de silúrico de grande interesse paisagístico e geológico, cujo fulcro é a queda de água do rio Olo. Estas razões, associadas à abundância e diversidade da avifauna, riqueza e variedade da flora e vegetação e interesse da arquitectura local levaram à classificação (Decreto-Lei n.º 237/83, de 8 de Junho) da Serra do Alvão como Parque Natural.

Hidrologia

A rede hidrográfica do PNAlvão, é de uma grande diversidade, sendo o Rio Olo a sua espinha dorsal.O Rio Olo nasce a 1280m de altitude, a nordeste do Parque. A sua bacia hidrográfica, é constituída por um conjunto de numerosos afluentes e subafluentes com características de pequenos cursos de água, que contribuem para o aumento do caudal do Rio Olo, que por sua vez irá desaguar ao Rio Tâmega. A Ribeira de Fervença e o Rio Sião, são os afluentes com maior significado e localizam-se na sua margem esquerda. O Rio Sião apesar de se localizar fora dos limites do Parque desempenha um papel importante no abastecimento de água à povoação de Ermelo, através do sistema de levadas. A Ribeira do Vale Longo, é um afluente da margem direita e tem um papel igualmente importante na rede de levadas deste Parque Natural. Existe ainda a Ribeira de Arnal, na zona Sul do Parque.

Flora

O Parque Natural do Alvão insere-se muito próximo da zona de transição entre duas regiões fitoclimáticas europeias: a Eurosiberiana e a Mediterrânica, estando assim influenciado pelo litoral húmido e o interior continental crescentemente mais seco. A este efeito junta-se a componente altitudinal das partes mais altas onde um clima de feição subalpino se faz sentir. Esta mescla é responsável pela diversidade e diferenciação da cobertura vegetal. Até ao momento estão inventariadas e referenciadas cerca de 486 espécies de plantas, sendo 25 delas endemismos ibéricos (6,3%), 6 endemismos lusitânicos (1,5%) e 23 possuem estatuto de conservação (5,8%).
Nos cursos de água (rios e ribeiras), bem como nas suas beiradas húmidas adjacentes, levadas de rega tradicionais ou taludes encharcados e umbrosos, desenvolve-se uma associação vegetal típica, a vegetação ribeirinha ou ripícola, com importante função ao nível da estabilização das margens, segurando os solos e evitando a erosão. As espécies que a caracterizam são entre outras amieiro Alnus glutinosa, sanguinho Frangula alnus, freixo Fraxinus angustifolia, salgueiro Salix spp., Betula alba, urze-branca Erica arborea, feto-real Osmunda regalis ou feto-pente Blechnum spicant, para além de muitas hepáticas e musgos de enorme beleza.

Fauna

A intervenção do homem no Parque Natural do Alvão tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas (biótopos), campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais.
Até ao momento estão inventariadas cerca de 200 espécies no Parque natural do Alvão. Destas, cerca de 117 (58%) estão incluídas no anexo II da Convenção de Berna e 44 (22%) constam da lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e 10 (5%) são endemismos ibéricos.
Destacam-se pela sua importância, em termos de conservação para a área protegida o lobo Canis lupus, o morcego-de-bigodes Myotis mystacinus, o morcego-de-franja Myotis nattereri, morcego-rabudo Tadarida teniotis, a águia-cobreira Circaetus gallicus, o falcão-peregrino Falco peregrinus, a petinha-ribeirinha Anthus spinoletta, melro-das-rochas Monticola saxatilis, o papa-moscas Ficedula hipoleuca, a gralha-de-bico-vermelho Pyrrhocorax pyrrhocorax ou o dom-fafe Pyrrhula pyrrhula.
O meio aquático (cursos de água e suas margens, charcos, zonas alagadiças, pequenos açudes e lagoas) suporta populações diversas de pequenos macroinvertebrados, como a libélula ou o alfaiate que alimentam toda uma cadeia trófica que aqui se inicia. Entre as diversas espécies de peixes presentes destaca-se a truta-marisca Salmo trutta, característica de troços mais torrenciais e mais montanhosos dos rios e ribeiras.

Saiba tudo sobre o Parque Natural em:
http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-Alvao/Homepage+Areas+Protegidas.htm

O Rio Olo

O Rio Olo nasce em Lamas de Olo e com um curso de 35km vai desaguar no Tâmega, na sua margem esquerda.
Passa pela Aldeia de Varzigueto, antes de se precipitar de uma altura de cerca de 300 metros numa área rochosa, furando imperioso quartitzo, local mais conhecido por “Fisgas de Ermelo”.
Da passagem deste rio por Ermelo, existem alguns antigos registos:
(…) está hum lugar a que chamão Ollo, junto do qual corre hum rio em que se crião muyto boas trutas (…)
“Navegável nam há nenhum, somente o Rio ou Ribeiro grande que se mete no Tâmega, he caudaloso. Corre do nascente pera o poente. Dá peixes poucos – truitas, vogas e escalos, he livre a pescaria delles. Delle se tira agoa para regar as terras.
Athe ao Tâmega conserva o nome = Dolo, como já se disse.
Tem hua cachoeira no cimo de Cabril, tem levadas pellas quaes se tira agoa para os campos.
Nam se tirou ouro, nem o tem.
Os Povos uzam livremente de suas agoas por que sempre assim se uzou sem pençam.
Vai daqui para a freguesia de Canadello por fraguedo desmarcado.
Há neste Ribeiro huma ponte de pedra bem feita no sitio da barge por baixo desta villa
que fica na estrada do Maram e para a villa de Mondim”.

Outrora, a Via Medieval que ligava Mondim de Basto a Ermelo, da qual ainda existem muitos vestígios, nomeadamente calçadas, cruzava o Rio Olo na Ponte da Várzea (Ermelo).

Texto/Resumos do Livro: Mondim de Basto – Eduardo Teixeira Lopes

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14-06-2009 – Mondim de Basto (6)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL

O Lobo Ibérico no Parque Natural do Alvão

DISTRITO DE VILA REAL:
Lobo Ibérico em risco de extinção devido à construção!

Os menos de 90 lobos que subsistem no distrito de Vila Real correm o risco de "extinção" se não forem minimizados os impactos provocados pela construção de parques eólicos, barragens, auto-estradas e pedreiras, alertou o Grupo Lobo.
O distrito de Vila Real sempre foi um território de lobos, cuja presença foi favorecida pela sua orografia acidentada aliada ao isolamento e à existência de pastorícia extensiva.
Gonçalo Costa integra a equipa do Grupo Lobo que, desde 2005, está a monitorizar a população lupina no âmbito da construção das auto-estradas A7 e A24 no Sítio Rede Natura 2000 Alvão / Marão, projecto apoiado pelas concessionárias Aenor e Norinter.
O técnico, que falava no decorrer da conferência "Grandes Infra-Estruturas & Conservação do Lobo", em Lamego, salientou que o recente "desenvolvimento humano tem contribuído decisivamente para o desaparecimento do factor isolamento, ameaçando a manutenção a médio prazo dos lobos".

18 alcateias identificadas em 2003

O último Censo Nacional de Lobo, efectuado em 2002/2003, identificou no distrito de Vila Real 18 alcateias (com uma média de cinco lobos por alcateia), se distribuídas pelas serras do Alvão, Marão, Falperra e zona do Barroso.
"Nestes últimos anos registou-se um decréscimo da população e, actualmente, pensamos que haverá menos de 90 lobos neste território", salientou o responsável.
Gonçalo Costa fala em "grandes alterações" no habitat destes animais.
Estas alterações, segundo o presidente do Grupo Lobo, Francisco Petrucci-Fonseca, poderão levar "mesmo à extinção" do carnívoro neste território.
Para além das já construídas auto-estradas A7, que no distrito liga Ribeira de Pena a Vila Pouca de Aguiar, e a A24, entre Peso da Régua a Chaves, e das muitas pedreiras ilegais que esventraram as serras, está também prevista a construção de quatro barragens na zona do Alto Tâmega e de vários parques eólicos.
"A extracção de granito feita de forma ilegal e desenfreada na Falperra e Alvão constituem um grande factor de perturbação para a estabilidade ecológica destas zonas", frisou Gonçalo Costa.

Pedreiras, aerogeradores e barragens também afectam a espécie

Segundo as contas deste técnico, já existem cerca de 80 aerogeradores espalhados pelo Alvão e Marão e está ainda prevista a construção de mais parques eólicos naquele território.
"O grande impacto provocado pelos parques eólicos são os acessos construídos em zonas que antes eram inacessíveis e que serviam de abrigo aos lobos".
Fracisco Petrucci-Fonseca considera que os aerogeradores funcionam com uma espécie de ponto de atracção turística que "aos fins-de-semana atraem uma quantidade de trânsito surpreendente".
A construção de quatro barragens na zona do Alto Tâmega constitui, para estes responsáveis, "mais um problema".
As barragens previstas no Plano Nacional para o Alto Tâmega são a de Vidago (Chaves), Daivões (Ribeira de Pena), Gouvães (Vila Pouca de Aguiar) e Padrozelos (Ribeira de Pena e Boticas).
"As barragens vão destruir o corredor ecológico ao longo do rio Tâmega, que é de importância vital para muitas espécies", salientou o líder do Grupo Lobo.
O responsável acrescentou que aquelas infra-estruturas "vão funcionar como uma barreira, impedindo a passagem dos lobos e o seu contacto com outras alcateias, e servirão também como factor de atracão turistica para muitas pessoas".
"Ou seja, o problema físico resultante da construção das barragens vai ser ampliado com a concentração de pessoas também ao longo dos espelhos de água", frisou.
Fracisco Petrucci-Fonseca salientou que, todos estes factores juntos, "vão fazer com que os lobos do Alvão fiquem completamente isolados".
"Todos estes factores potenciam um aumento da perturbação humana em zonas anteriormente tranquilas e quase inacessíveis à população, as quais correspondem aos últimos redutos desta espécie em Portugal", acrescentou Gonçalo Costa.

Passagens superiores nas auto-estradas são bom exemplo de mitigação dos impactes

No caso dos parques eólicos, o presidente diz que os acessos deveriam estar vedados, permitindo apenas o acesso para a manutenção dos mesmos.
"O novo desafio para a conservação do lobo é que estas novas infra-estruturas tenham em conta a sua existência", salientou.
O responsável deu como exemplo o caso das auto-estradas, como a A24, que já contempla passagens superiores e inferiores que permitem a permeabilidade a esta e outras espécies, como corços e veados.
Segundo Gonçalo Costa, já depois de concluída aquela via, foi construída uma nova passagem inferior a pedido do Parque Natural do Alvão, já que se verificou a inexistência de passagens ao longo de um troço de vários quilómetros, entre Vila Pouca de Aguiar e Pedras Salgadas.

Na Península Ibérica haverá ainda cerca de 2.000 lobos, 300 dos quais em Portugal, na região fronteiriça dos distritos de Viana do Castelo e de Braga, província de Trás-os-Montes e parte dos distritos de Aveiro, Viseu e Guarda.
No século XIX os lobos eram numerosos em Portugal, distribuindo-se por todo o território nacional, sendo que, em 1910, já se notava o declínio.
"Apesar do actual estatuto de conservação do lobo, os estudos até agora realizados sugerem que a população lupina em Portugal continua em regressão", alerta o Grupo Lobo no seu sítio da Internet, justificando que as causas do declínio do lobo são a perseguição directa, o extermínio das suas presas selvagens (veado e corço) e, actualmente, a fragmentação e destruição do habitat e o aumento do número de cães abandonados que com eles competem na procura de alimento.

Texto (resumo): http://www.maraoonline.com – Lusa/Abril 2008

terça-feira, 23 de junho de 2009

Quadras de S. João




Há verdades que se dizem
E outras que ninguém dirá.
Tenho uma coisa a dizer-te
Mas não sei onde ela está.

Duas horas te esperei.
Dois anos te esperaria.
Diz-me: devo esperar mais?
Ou não vens porque inda é dia?

Toda a noite ouvi no tanque
A pouca água a pingar.
Toda a noite ouvi na alma
Que não me podes amar.

Compras carapaus ao cento,
Sardinhas ao quarteirão.
Só tenho no pensamento
Que me disseste que não.

No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem lá estar.

O vaso do manjerico
Caiu da janela abaixo.
Vai buscá-lo, que aqui fico
A ver se sem ti te acho.

Tens um livro que não lês,
Tens uma flor que desfolhas;
Tens um coração aos pés
E para ele não olhas.

O vaso que dei a quem
Que não sabe quem lho deu
Há de ser posto à janela
Sem ninguém saber que é meu.

O manjerico comprado
Não é melhor que o que dão.
Põe o manjerico ao lado
E dá-me o teu coração.

No dia de Santo Antônio
Todos riem sem razão.
Em São João e São Pedro
Como é que todos rirão?

Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta.
Se é mentira, escreve leve.
Se é verdade, não tem tinta.

No dia de S. João
Há fogueiras e folias.
Gozam uns e outros não,
Tal qual como os outros dias.

Quadras de Fernando Pessoa

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ESCLARECIMENTO DA AUTORIA DO BLOGUE


"Pedido de Sangue"

No passado dia 6 recebemos (tal como mais algumas dezenas de pessoas) um email enviado pelo correio electrónico da Junta da Freguesia de Mondim de Basto, com o titulo:
Urgente - Pedido de Sangue.
Sendo esta Autarquia uma entidade credível e cujo Executivo é composto por pessoas que para nós são uma referência de honestidade, civismo e humanidade, atendendo ao assunto em causa fizemos um reencaminhamento para os nossos contactos (tal como a Freguesia logo que recebeu havia feito para nós) e porque temos também este blogue aqui deixamos num post essa mesma mensagem.
Posteriormente, verificamos que dois visitantes haviam deixado mensagens (uma com certo grau de subestimação) para termos cuidado com "alertas falsos". Tais mensagens deixaram-nos algo apreensivos e sentimos a necessidade de provar até que ponto estariamos enganados e a enganar os outros com esta divulgação.
Já mesmo antes de termos esta página, por algumas vezes recebemos mensagens idênticas e tal como desta vez, ao verificarmos que o tipo de sangue solicitado não é o de nenhum de nós os três cá de casa, reencaminhávamos de imediato para os nossos contactos, nunca apagando estes emails e inclusive acrescentávamos mais algumas palavras de preocupação pelo ser humano em causa, a necessitar de auxílio.
Quisemos, então, confirmar da autenticidade deste caso e só hoje nos podemos deslocar pessoalmente ao Hospital Militar do Porto para tentar obter alguma confirmação.
Para nossa desolação, fomos informados pela Dª. Sandra, de serviço à recepção do Laboratório de análises e recolhas de sangue do Hospital Militar do Porto, ser esta notícia "TOTALMENTE FALSA!" e que passadas estas semanas ainda não descobriram a sua proveniência.
«"alguém" se apoderou dos dados do nosso Chefe, o Sr. Dr. Fernando Jorge Gonçalves e fez circular esta mensagem em nome dele e do Hospital» - esclareceu.
Como é possível haver quem brinque com esta coisa tão séria, como é a Vida de um ser humano e goze com o profissionalismo de quem trabalha para tantas vezes a salvar?
O que é que pode "alguém" ganhar com este tipo de atitudes de tamanha baixaria, preocupando as pessoas, que poderão, inclusive, vir de tão longe para responder ao chamamento duma instituição como é um Hospital? Porquê isto?
Enganados pela nossa "ingenuidade", lamentamos o sucedido e pedimos desculpa por algum transtorno que possamos ter causado a alguém, pois soubemos que várias pessoas se deslocaram ao engano, por via dos emails que circularam para dezenas, ou quiçá, centenas de computadores e do qual pela nossa parte estamos arrependidos!
Por fim, só vos queremos dizer o seguinte:
Seremos, de agora em diante, insensíveis a estas notícias e não contem connosco para qualquer tipo de feedback para divulgar casos semelhantes. Salvo, como é óbvio, de alguma situação que tenhamos conhecimento pessoal. Repito: só com conhecimento pessoal do caso!
E não venham, depois, cá com sermões, (mesmo que até seja verdade!) de que ninguém agora é humano, que ninguém quer saber do próximo, que é só egoísmo...etc.
E não será por isso que deixarei de amar a Deus, pedindo-LHE que me ilumine para que LHE seja sempre fiel e faça que eu saiba enxergar o mentiroso da gente honesta da minha Pátria!
Para todos os nossos Respeitosos Cumprimentos!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Junho de 2009 - III Feira Medieval (1)

S. Mamede de Infesta (Matosinhos)

Nos passados dias 5, 6 e 7 de Junho, teve lugar na cidade de S. Mamede de Infesta a realização da Feira Medieval, que já vai na sua 3ª Edição.
No programa deste ano da Feira Medieval, realizaram-se dois desfiles, o primeiro a abrir o Evento no dia 5 de Junho de 2009 pelas 19h, partindo da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta, pelas ruas da cidade até ao recinto da feira, no Parque Urbano, no Lugar da Igreja Velha.
Constavam do Evento diversos enquadramentos representados em concursos, jantar medieval, shows de falcoaria, passeios de burro, gincana de cavalos, para além de toda uma logística organizativa no que respeita à ocupação dos espaços no recinto da feira, bem delineados pela predisposição das tendas, tabernas, barraquinhas dos mais variados produtos, com predominância para as iguarias culinárias típicas da época medieval.

Podemos assistir ao Cortejo da abertura do Evento, onde desfilaram, entre todos os participantes do programa, algumas ilustres figuras políticas do Concelho de Matosinhos, nomeadamente o Presidente da Câmara, Guilherme Pinto, bem como António Moutinho Mendes, da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta.
No dia 6 demos a nossa voltinha pela Feira Medieval, onde degustamos algumas fatias, acompanhadas de néctar delicioso.

Infelizmente, o tempo não ajudou nada para que se concretizasse todo o programa previsto, que pode inclusive ter retirado muitas visitas de Turistas e até das gentes locais.
Mesmo assim está de parabéns toda a fervorosa Organização que, com muito esforço, teima em manter este Evento como tradição nos programas de toda uma região, cujos testemunhos da época Medieval estão bem patentes no património do Concelho, nomeadamente nos Vestígios Arqueológicos e Património Religioso Edificado, que se traduzem numa riquíssima cultura que importa preservar para sempre.

Saiba mais em: http://www.feiramedieval-smamededeinfesta.com/

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Junho de 2009 - III Feira Medieval (2)

S. Mamede de Infesta (Matosinhos)

Fotos do Cortejo de Abertura







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Junho de 2009 - III Feira Medieval (3)

S. Mamede de Infesta (Matosinhos)

Fotos da Feira Medieval

sexta-feira, 12 de junho de 2009

30-05-2009 RESENDE (1)

Festival da Cereja e Trilho de Cabrum

Olá, Amiguinhos

No passado dia 30 de Maio, o Grupo familiar “Caramulinha” esteve presente em Resende, belíssimo Concelho da região Douro/Sul, com a finalidade de assistirmos ao VIII Festival da Cereja e também, como é óbvio, efectuar o nosso habitual Percurso Pedestre.
Já há algum tempo que aguardávamos por esta deslocação a Resende e as expectativas não saíram goradas: Festa maravilhosa e Marcha de Montanha fantástica!

A Festa da cereja que se cultiva em Resende, quiçá das melhores do Mundo, bem como o encanto paisagístico da região, quer ribeirinha, quer ao longo dos Vales por onde serpenteiam alguns pequenos rios de águas ainda puras, deixam Pedestrianistas e Turistas deslumbrados com tudo que vêm, que os põe já a fazer contas para regressar outra vez.
Todavia, ou nos enganamos, ou parece que a Câmara de Resende está pouco empenhada em divulgar Percursos Pedestres, inclusive alguns que em tempos sinalizou, pois quem visita a página desta autarquia encontra parca informação sobre estes trilhos, não obtendo sequer um simples pdf com mapa e uma singela informação básica para a realização de percursos a titulo particular, como sejam pequenos grupos familiares e de amigos.



Daí nós darmos imenso valor e apreço especial às Autarquias e outras Entidades – felizmente são tantas! – que se preocupam em prestar informações aos Turistas sobre a região da sua jurisdição, quantas vezes as únicas com que estes se podem guiar, e mais concretamente àqueles que fazem do Pedestrianismo o seu passatempo preferido.
Deixamos aqui aos nossos visitantes um mapa, simulando o percurso que efectuamos pelo Vale de Cabrum, nas Ovadas, praticamente idêntico ao percurso outrora sinalizado e que hoje, talvez por motivo de incêndios e posterior desleixe na remarcação, que está praticamente irreconhecível.

Julgamos que este mapa poderá ajudar a quem no futuro vier caminhar por estas bandas. Para nós, que não usamos as coordenadas de GPS, serviu perfeitamente.

Particularidade:
Aqui, nesta região do Douro/Sul, ao longo da margem esquerda do histórico rio “Durius”, passava uma Via Romana (secundária), a “Via Caurium” de Braga (Bracara Augusta) para Mérida (Emerita Augusta), que fazia a ligação de Lamego (Lamecum) a Castelo de Paiva (Anegia ?), entroncando em diversos locais com outras vias principais.

Esta via passava em Cárquere, a possível capital dos “Paesuri”, (segundo o historiador Jorge de Alarcão) e seguia de Resende por Caldas de Aregos (Aquas Cálidas) em direcção a Paiva. Em Resende, subia a calçada para o alto de Vila Verde, até ao Castro da Mogueira. Fariam parte desta via alguns troços de calçadas que hoje calcorreamos, mais concretamente como ramais de acesso da zona rural aos pontos mais importantes comerciais e militares.

Ficamos encantados com alguns antiquíssimos caminhos que hoje podemos conhecer, nomeadamente nas ligações às pontes lançadas sobre o Rio Cabrum, nas Aldeias de Ovadas, Covelinhas e Panchorrinha.
O homem encontra algures na Natureza, testemunhos da história dos seus antepassados!

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