quarta-feira, 31 de março de 2010

Manifestação em Mondim de Basto (1)

«Salvar o Tâmega» ainda é possível!

Olá Amiguinhos

Conforme entusiástica e cívicamente planeado pela Junta de Freguesia de Mondim de Basto, decorreu no passado dia 28 de Março, uma manifestação pública contra a construção da barragem de Fridão. A concentração e distribuição de informação escrita sobre esta luta teve lugar pelas 16h00, no tabuleiro da Ponte de Mondim sobre o rio Tâmega.
Aqui foram afixados, pela Quercus, cartazes sobre a ponte e uma grande lona na margem do Tâmega que pela irregularidade do terreno demorou um pouco a ficar estendida.
Estiveram no local a TVI e RTP, entre outra comunicação, para cobertura do acontecimento neste local onde alguns Mondinenses de “gema” presentes, de coração partido olhavam estupefactos e já com saudade para aquele rio ainda selvagem perante os olhos que deixavam escorrer lágrimas salgadas sobre aquelas cristalinas águas doces.
Então, mesmo sem palavras, parece que eu lia um novo poema do "Ginho", ali no sucalco do rio:

«Neste dia, o menino agarrou bem firme com as duas mãos na pega daquele cartaz e “Rei do Mundo”, ainda de pés secos e firmes ao chão ergueu-o ao olhar da Graça, como que gritando: "Mais Barragens Não!"Quem quis, escutou a Senhora lá do alto do Farinha: "Lutai, que salvar o Tâmega ainda é possível!"...»

Ao fim de sensivelmente uma hora os defensores seguiram pelo “Caminho Velho” empedrado em direcção à praça da Via Cova, ao lado da Junta de Freguesia de Mondim de Basto, onde teve lugar uma sessão de esclarecimento perante algumas centenas de Mondinenses e defensores do Tâmega, sobre as consequências e desvantagens destes projectos hídricos, com algumas acusações aos governantes e protagonistas destes negócios das 5 barragens projectadas para a Bacia do Rio Tâmega ao longo dos concelhos afectados, e muito concretamente Amarante e Mondim de Basto pelas suas especificidades. Pela vereda, demos à casa do Historiador Sr. João Alarcão e o "brinde" à defesa da causa foi inevitável.

Passava das 17.00h e tomaram da palavra como oradores, o Presidente da Junta de Freguesia de Mondim de Basto, Fernando Gomes, salientando que (...) a implantação da Barragem do Fridão provocará uma série de impactes ambientais – seja durante a fase construtiva ou ao longo da sua operação – relacionadas com a protecção e o aproveitamento de águas. Os principais impactes serão ao nível do clima, com predominância para constantes nevoeiros, os recursos hídricos, a qualidade da água, diversidade biológica, património cultural, paisagens, planeamento e gestão do território. Também interviu o Eng. Viana de Oliveira; o Eng. João Branco (Quercus-Biodiversidade) – que exclamou “Vamos lutar até ao fim! A construção ainda não é um facto consumado! A causa ainda não está perdida!”; O Dr. Amílcar Salgado (Economista-Sócio-Economia); o Prof. Dr. Emanuel Queirós (Movimento Cidadania Defesa Tâmega)/ Geomorfologia – com um discurso emocionante em várias vertentes – afirmando “Se a lei for cumprida nenhuma barragem na bacia do Tâmega será construída”.
E as abordagens terminaram com o Sr. Coronel Artur Freitas a chamar vincadamente à atenção para os riscos (...) de a acontecer uma eventual ruptura da Barragem de Fridão, provocaria uma onda que chegará à cidade de Amarante em apenas 13 minutos, submergindo grande parte da área urbana e causando imensas perdas humanas sem tempo para se salvarem!

Julgamos que esta foi uma providêncial sessão de esclarecimentos na sua própria terra e promovida pelo executivo que elegeram democraticamente para a Junta de Freguesia, que tem por obrigação de bem gerir a Freguesia e se opõe à construção da Barragem de Fridão, porque entende ser a melhor opção para a região. Está agora na consciência e quiçá, nas mãos dos Mondinenses, decidirem o que acham ser bom para eles e para o futuro de Mondim de Basto.
Para nós, do exterior desta maravilhosa região, que respeitamos as suas gentes e aprendemos com as suas tradições, seus eventos e literatura, decididamente adoramos o seu Património Natural e Edificado e veríamos com profunda tristeza tudo ficar submerso em águas paradas e estagnadas, que ao longo destes anos sempre as conhecemos selvagens e puras.

Continua...

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