3km / Circular 21-09-2008
Os Mineiros
«…os homens, enfiados nas entranhas da terra, faziam saltar o xisto do gume das picaretas...
A procissão de mineiros desaparece nas bocas da terra.
O clarão do amanhecer hesita à entrada, ainda acompanha os mineiros até ao primeiro quadro, mas já aí as trevas húmidas se preparam para o devorar.
Os olhos dilatam-se para se adaptarem ao halo desmaiado do carboneto. O hálito que sopra do extremo da galeria ou se escapa das paredes, que gemem em suor lustroso, vem infiltrar-se na carne, adensa-se nos brônquios.
Os músculos estremecem, sacudidos por uma súbita maleita. À medida que o eco avoluma os passos, repetindo-se indefinidamente através de carris e galerias, a humidade espessa-se, os sentidos reconhecem-lhe o tacto e o odor.
Mas os homens já não reparam.
Os pulmões quase se habituam a essa asfixia, como os ouvidos já não escutam o ressoar cavernoso que, a espaços, se transforma num trovão …»
O clarão do amanhecer hesita à entrada, ainda acompanha os mineiros até ao primeiro quadro, mas já aí as trevas húmidas se preparam para o devorar.
Os olhos dilatam-se para se adaptarem ao halo desmaiado do carboneto. O hálito que sopra do extremo da galeria ou se escapa das paredes, que gemem em suor lustroso, vem infiltrar-se na carne, adensa-se nos brônquios.
Os músculos estremecem, sacudidos por uma súbita maleita. À medida que o eco avoluma os passos, repetindo-se indefinidamente através de carris e galerias, a humidade espessa-se, os sentidos reconhecem-lhe o tacto e o odor.
Mas os homens já não reparam.
Os pulmões quase se habituam a essa asfixia, como os ouvidos já não escutam o ressoar cavernoso que, a espaços, se transforma num trovão …»
«…Pela primeira vez, avalio até ao desespero o valor de uma vida; cada um daqueles homens anónimos, reses de um rebanho, tem uma existência a respeitar.»
«…não tenho vergonha de acreditar naquilo em que acredito: no cada vez mais raro companheirismo, por exemplo; na dedicação a pessoas ou na fidelidade a objectivos.»
Textos (resumos): Fernando Namora
«…não tenho vergonha de acreditar naquilo em que acredito: no cada vez mais raro companheirismo, por exemplo; na dedicação a pessoas ou na fidelidade a objectivos.»
Textos (resumos): Fernando Namora
Continua...
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