sábado, 3 de maio de 2008

26-01-2008 PR2 SEVER DO VOUGA

Trilho da Cabreia
(Rede de 11 Percursos Pedestres foi hoje inaugurada)


Painel informativo do percurso

Ora cá está uma de muitas inaugurações de Percursos Pedestres a que eu tenho aderido e este trilho, que está dividido em três percursos (3km, 6km e 10km) garanto-vos que não é de perder e aconselho-vos a percorrê-lo.

Claro que eu, amante do Pedestrianismo, caminhei a distância total e digo-vos que adorei, respondendo positivamente ao convite do Sr. Presidente da Câmara de Sever do Vouga, que incentiva a visitar o Concelho e usufruir da sua gastronomia. Úi! aquela vitela assada com batatinhas e arroz do forno! Quando me lembro….
Eu já cá tinha estado há vários anos atrás, tendo improvisado com quem me acompanhava, uma pequena e bela caminhada, num quente dia de Agosto.
Lembro-me de perguntar a tanta gente como lá chegar, até descobrir este belíssimo recanto de Portugal.

Hoje, a sinalização do percurso é excelente, ou não fora um trabalho da autoria de Joaquim Gonçalves (naturveredas) que já nos habituou a estes projectos muito bem elaborados.

O ponto de partida localiza-se na Freguesia de Silva escura, concretamente no Parque de Lazer da Cascata da Cabreia – ex libris da região – e acompanha para jusante o Rio Mau que, deste local para montante tem o nome de “Rio Bom”, que adquiriu na Freguesia com o mesmo nome, onde inicialmente atravessa.

Rio "Bom"

Rio "Mau"

Das várias explicações para esta alteração, a mais provável é a péssima qualidade que a sua água passava a ter a partir da zona do Couto Mineiro da Malhada e do Braçal, onde até 1958 se explorou a “galena” ou minério de chumbo. Na extracção e lavagens do mesmo desaguava no rio tal veneno que o contaminava tragicamente tornando-o mau e impróprio para qualquer consumo ou uso.

Entrada da galeria da Mina da Malhada

Depois de visitarmos as extensas ruínas do Complexo Mineiro, prosseguimos pela montanha passando alguns pequenos núcleos populacionais, até encontrarmos novamente o rio “Bom” a montante da cascata, que devemos percorrer até chegarmos à majestosa queda onde o rio se precipita de uma altura de 25 metros, num quadro divino, mágico e romântico, que a Natureza nos oferece.

A espectacular cascata da Cabreia


Lembram-se da telenovela “Senhora das águas” e da publicidade do castor a uma marca de pasta de dentes? Pois é este o mesmo local, naturalmente inalterado e melhorado nos acessos a este lugar bucólico guardado nos confins desta bela região.
Aqui me detive por largos momentos, meditando naqueles versos de Fernando Pessoa:

É como se a tristeza
Fosse árvore e uma a uma
Caíssem suas folhas
Entre o vestígio e a bruma.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre
Esse rio sem fim.

O rio nada me diz
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Ou se desejo sê-lo.

Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida
Porque fiz eu dos sonhos
A minha única Vida?!

Depois, associei-me ao salutar convívio dos “comes e bebes” onde provei aquele bolo que simbolizava a inauguração deste belo trilho, oferecido pela Autarquia.

Foi um dia maravilhoso que passei e dou os parabéns à Organização por tornar este pequeno paraíso encantador mais conhecido de todos os Portugueses!

A “Caramulinha” agradece!

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