sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

20-12-2008 PR1 V.P. Aguiar (3)

Trilho de Soutelo – 9km / Circular
Rede Municipal de Percursos de Vila Pouca de Aguiar


Usos / Costumes / Tradições

O BURRO

Mamífero solípede, perissodáctilo, menos corpulento que o cavalo e de orelhas compridas.
O burro doméstico (Equus asinus, Lin.) distingue-se dos outros equídeos por ter as orelhas muito desenvolvidas, cauda nua na sua inserção e terminada por um tufo de crinas, pelagem geralmente cinzenta e com uma lista dorsal e outra transversal formando cruz sobre as espáduas. A sua anatomia é inteiramente semelhante, no número e disposição de peças, à do cavalo. Tem, porém, a cabeça mais volumosa, as órbitas mais afastadas, o garrote baixo continuando-se em linha recta até à garupa, o peito estreito, pelo que os membros anteriores são muito aproximados, as apófises espinhosas das vértebras dorsais muito desenvolvidas, tornando-lhe assim o dorso muito proeminente e ainda com a vista, o ouvido e o olfacto mais apurados que os do cavalo. A estrutura dos burros varia consoante o clima e a raça, tendo em média, no nosso país, 1,35 a 1,45 metros de comprimento, medido de entre as orelhas à origem da cauda, e 1,10 a 1,15 m de altura ao nível das espáduas. Segundo Sanson, as várias raças de burros actualmente existentes proviriam de duas espécies: a asinus africanus, originária da bacia terciária do Nilo e que se difundiu desde a mais remota idade por toda a Ásia, África e Europa e donde descendeu o nosso burro doméstico, e a asinus europeus, originária do Mediterrâneo, de maior corpulência, que se teria disseminado por uma área mais restrita: parte da Ásia, Grécia, Itália e Espanha, principalmente em Castela e Leão. Admite-se hoje que as diversas raças de burros são originárias da espécie africana e que as diferenças de estatura, que foram para Sanson a base da distinção das espécies, se explicam por acções do clima, pois os burros que habitam os países quentes são de estatura mais elevada e mais robustos e vigorosos que aqueles dos países frios.

A longevidade média do burro é de 15 a 18 anos, mas pode atingir 30 a 35 anos e mesmo mais.
O seu completo desenvolvimento opera-se entre os três e os quatro anos e os dentes, que evoluem de uma forma idêntica aos dos cavalos, são, como nestes animais, um bom meio para o reconhecimento da idade.Nas fêmeas a gestação dura aproximadamente um ano, tendo em cada parto um filho e, muito raramente, dois. Pelo cruzamento das espécies cavalar e asinina obtêm-se híbridos (muares: mus e mulas, produtos de burro e égua ou de cavalo e burra) de grande valor económico, pois são excelentes animais de trabalho por participarem da paciência e rusticidade do burro e da corpulência e força do cavalo.O burro é empregue quase exclusivamente como animal de carga, mas pode utilizar-se no serviço de sela e de tiro. De todas as espécies domésticas esta é, sem dúvida, a mais abandonada, pois os criadores, dum modo geral, não lhe dão educação alguma durante o crescimento, sujeitando-o ao trabalho quando atinge a idade adulta por meio de maus tratos, donde resulta que, sendo o burro naturalmente vivo, ágil e dócil, se torna preguiçoso, tímido e teimoso. É incontestável que a maioria dos defeitos que se lhe observam provêm do abandono a que, desde tempos remotos, o burro tem sido sujeito, pois nalgumas regiões do globo, principalmente no Oriente, onde estes animais têm sido e são tão bem tratados como o cavalo, a sua inteligência, vivacidade e beleza são incomparavelmente superiores.É animal de uma sobriedade notável. Come pouco e contenta-se com forragem e grãos de inferior qualidade que outros animais rejeitariam. A água, porém, tem de ser límpida e sem qualquer cheiro, preferindo sempre as dos regatos e ribeiros já seus conhecidos.

À parte o seu grande valor como animal de carga, pois é capaz de transportar com segurança pesados fardos através dos caminhos mais difíceis, mesmo por escarpas montanhosas, o burro fornece ao homem produtos de grande valor económico. Assim é com o leite de burra, largamente consumido em muitas regiões e que foi, durante muito tempo, considerado excelente tónico, particularmente recomendado para as pessoas debilitadas e com estômagos fracos; tem aproximadamente a mesma composição que o leite de mulher, sendo mais rico em albumina, caseína e sais, mais pobre em gordura e com uma quantidade de açúcar sensivelmente igual. Na Europa a sua introdução na terapêutica data do tempo de Francisco I de França. Este rei , doente havia muito tempo, mandou vir de Constantinopla um médico judeu o qual, depois de o observar, lhe mandou tomar, como único medicamento, leite de burra; como o rei, passado pouco tempo, melhorasse consideravelmente, o seu uso generalizou-se rapidamente. A carne de burro é muito dura, sendo consumida por muitos povos, simples ou sob a forma de enchidos (salsichão de Lião).A pele, dura e elástica, tem numerosas aplicações, tais como na fabricação de crivos, tambores, calçado, correias, sacos, etc. Os árabes nómadas fazem as suas tendas com pele de burro. O excremento, tal como o do cavalo, é um óptimo adubo que se emprega com excelentes resultados para aquecer os terrenos frios. Os povos antigos serviam-se ainda dos ossos dos burros para fazer o corpo das flautas, certamente porque eram mais duras e mais sonantes que as feitas de ossos das outras espécies.

Texto:sotaodaines/Burrodomestico

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