No dia 27 de Dezembro passamos mais uma vez pela Igreja do Senhor de Matosinhos.
Deslocamo-nos à gruta mas os seus ocupantes não estavam presentes.
Numa das aberturas foi colocada uma chapa para melhor proteger da chuva e do vento.
Dentro, ainda estavam as “coisas” do Yaroslav.
A um dos responsáveis pela manutenção destes espaços em redor do templo, o Sr. José, que ali passava naquele instante, perguntamos pelo “rapaz que dorme com o cão na gruta”.
- Ele já há dois dias que não os vejo. Mas ainda estão lá as tralhas dele. Se ele não aparecer vou ter que tirar aquilo tudo para o contentor do lixo…e limpar o local.
Palavras não eram ditas e surgem eles, Yaroslav com o seu inseparável “Smart”, sempre irrequieto e aos saltos.
Aproximou-se também o Sr. Gaspar, outro dos responsáveis pela manutenção da zona.
Então, Yaroslav, já alguém te contactou para te ajudar a resolver a tua situação? – perguntamos.
Deslocamo-nos à gruta mas os seus ocupantes não estavam presentes.
Numa das aberturas foi colocada uma chapa para melhor proteger da chuva e do vento.
Dentro, ainda estavam as “coisas” do Yaroslav.
A um dos responsáveis pela manutenção destes espaços em redor do templo, o Sr. José, que ali passava naquele instante, perguntamos pelo “rapaz que dorme com o cão na gruta”.
- Ele já há dois dias que não os vejo. Mas ainda estão lá as tralhas dele. Se ele não aparecer vou ter que tirar aquilo tudo para o contentor do lixo…e limpar o local.
Palavras não eram ditas e surgem eles, Yaroslav com o seu inseparável “Smart”, sempre irrequieto e aos saltos.
Aproximou-se também o Sr. Gaspar, outro dos responsáveis pela manutenção da zona.
Então, Yaroslav, já alguém te contactou para te ajudar a resolver a tua situação? – perguntamos.
- Não. Ainda ninguém me falou para realmente me ajudar. Só esteve aqui você que me falou e tirou fotografias para divulgar na net. Depois veio uma “menina” que fez muitas perguntas.
Ao ouvi-lo, o Sr. Gaspar complementa:
- Vem no jornal “Matosinhoshoje” uma reportagem sobre eles, com a foto da gruta. Entre outras coisas, a jornalista diz que ele pede para lhe arranjarem um trabalho.
Claro, ele ainda é tão novo e ocupado ganhava o seu próprio sustento e deixava de andar a pedir.
- Mas vou sair daqui. Um senhor indicou-me um “barraco” para eu dormir. Já não aguento mais dormir ali com tanto frio e chuva. O Inverno tem sido meu inimigo! – lamentava Yaroslav.
Mas vais para melhor? – perguntamos.
- Melhor? Pelo menos é mais abrigado. Vou já hoje. Se quiser tire a última foto de mim com o “Smart” enfrente à gruta.
Ao ouvi-lo, o Sr. Gaspar complementa:
- Vem no jornal “Matosinhoshoje” uma reportagem sobre eles, com a foto da gruta. Entre outras coisas, a jornalista diz que ele pede para lhe arranjarem um trabalho.
Claro, ele ainda é tão novo e ocupado ganhava o seu próprio sustento e deixava de andar a pedir.
- Mas vou sair daqui. Um senhor indicou-me um “barraco” para eu dormir. Já não aguento mais dormir ali com tanto frio e chuva. O Inverno tem sido meu inimigo! – lamentava Yaroslav.
Mas vais para melhor? – perguntamos.
- Melhor? Pelo menos é mais abrigado. Vou já hoje. Se quiser tire a última foto de mim com o “Smart” enfrente à gruta.
Foi com emoção que o fizemos.
Entretanto, o Sr. José esclarece-o que deve levar as “coisas” que lhe interessa e o resto deitar no contentor do lixo, para aquele espaço voltar a ser como há umas semanas atrás.
Diz o Sr. José que o interior da gruta, antigamente era mais amplo e fundo. Só que vinham para lá alguns toxicodependentes e deixavam dentro tudo cheio de seringas e outras porcarias. Aí, nós enchemos com terra até aquela altura.
- Ele não é desordeiro e até é passivo e educado – comentam os dois encarregados.
Anda aí um brasileiro que a pedir até ameaça as pessoas. Mete-lhes medo e é perigoso.
- Tu não andes com ele, ouvistes? – aconselhou o Sr. José.
- Não senhor – retorquiu Yaroslav.
- Nós nunca o expulsamos dali por ele ser como é, educado. Senão, já tinha ido.
Mas ele sabe que ali não é lugar para ninguém estar – continuava o Sr. José.
Interferimos mais uma vez no diálogo e dissemos a Yaroslav que não ficasse chateado por eles falarem assim.
- Chateado? Como possa? Eles tem sido meus amigos e tem me ajudado.
E então, como passas-te o Natal? – perguntamos ali na frente de todos.
Ele virou repentinamente os olhos para o chão e voltando e olhar-nos, disse:
- Fiquei na soleira da porta duma senhora, onde costumo ir pedir comida, para ali…(apontando na direcção do Parque) e ela me deu um prato de batatas com bacalhau. Meu Deus, nunca vou esquecer esse senhora…Depois dormi por lá…
Mas nós, tal como pressentíamos há uns dias atrás, quando o conhecemos, erguendo os olhos para o Céu de Matosinhos só vimos ... escuridão, sem estrelas a brilhar!
Em jeito de despedida, dissemos-lhe:
Assim como nós, Yaroslav, tem Fé e pede também a Deus que te proteja e faça que alguém (há tantos!) com poderes mas, que saibam “ver” com o coração, para que te ajudem a sair dessa situação dramática em que te encontras, pois, embora sendo de outra nacionalidade és um ser humano e nosso irmão!
Por ironia, coube-nos “atirar a 1ª pedra” e chamar a atenção, dando conhecimento público deste caso, neste humilde blogue. Quem dera fosse a rampa de lançamento para recomeçares uma nova vida e como um direito de todos, voltares a ser feliz!
Despedimo-nos, de olhos humedecidos e num clima de tristeza nos retiramos do local, meditando naquelas palavras do Sr. Gaspar:
Entretanto, o Sr. José esclarece-o que deve levar as “coisas” que lhe interessa e o resto deitar no contentor do lixo, para aquele espaço voltar a ser como há umas semanas atrás.
Diz o Sr. José que o interior da gruta, antigamente era mais amplo e fundo. Só que vinham para lá alguns toxicodependentes e deixavam dentro tudo cheio de seringas e outras porcarias. Aí, nós enchemos com terra até aquela altura.
- Ele não é desordeiro e até é passivo e educado – comentam os dois encarregados.
Anda aí um brasileiro que a pedir até ameaça as pessoas. Mete-lhes medo e é perigoso.
- Tu não andes com ele, ouvistes? – aconselhou o Sr. José.
- Não senhor – retorquiu Yaroslav.
- Nós nunca o expulsamos dali por ele ser como é, educado. Senão, já tinha ido.
Mas ele sabe que ali não é lugar para ninguém estar – continuava o Sr. José.
Interferimos mais uma vez no diálogo e dissemos a Yaroslav que não ficasse chateado por eles falarem assim.
- Chateado? Como possa? Eles tem sido meus amigos e tem me ajudado.
E então, como passas-te o Natal? – perguntamos ali na frente de todos.
Ele virou repentinamente os olhos para o chão e voltando e olhar-nos, disse:
- Fiquei na soleira da porta duma senhora, onde costumo ir pedir comida, para ali…(apontando na direcção do Parque) e ela me deu um prato de batatas com bacalhau. Meu Deus, nunca vou esquecer esse senhora…Depois dormi por lá…
Mas nós, tal como pressentíamos há uns dias atrás, quando o conhecemos, erguendo os olhos para o Céu de Matosinhos só vimos ... escuridão, sem estrelas a brilhar!
Em jeito de despedida, dissemos-lhe:
Assim como nós, Yaroslav, tem Fé e pede também a Deus que te proteja e faça que alguém (há tantos!) com poderes mas, que saibam “ver” com o coração, para que te ajudem a sair dessa situação dramática em que te encontras, pois, embora sendo de outra nacionalidade és um ser humano e nosso irmão!
Por ironia, coube-nos “atirar a 1ª pedra” e chamar a atenção, dando conhecimento público deste caso, neste humilde blogue. Quem dera fosse a rampa de lançamento para recomeçares uma nova vida e como um direito de todos, voltares a ser feliz!
Despedimo-nos, de olhos humedecidos e num clima de tristeza nos retiramos do local, meditando naquelas palavras do Sr. Gaspar:
- Nós nunca o expulsamos! Pois nem a gente sabe o que nos reserva o amanhã!
Que o ano 2009 traga Trabalho, Paz e Felicidade para TODOS!!!
Que o ano 2009 traga Trabalho, Paz e Felicidade para TODOS!!!
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