domingo, 23 de agosto de 2009

Julgavas…

Então, que a poesia era um discurso
De palavras em sentido? Sei quanto a musa aprecia
Glória, poder e uniforme, quanto aguarda
O cavaleiro que produz.
A vida, afinal, anda lá fora, antes da folha
Ter passado a prensa;
A mais pequena arvore é verde eterna, comparada ao arbusto
Que, mal tocada a haste, se esvai em fumo.

Por isso eu fico lendo as crónicas, as lendas,
O jornal que, bem ou mal, cruza as palavras com o tempo,
E contudo! Quando o lábio se engana, solta
A mais aguda fífia do trombone,
E de repente o corpo sabe a gente, e então se diz:
Eis a verdadeira e pura poesia! Pois seria, talvez,
Somente a tua mão, cobrindo a folha.

Poema de António Franco Alexandre

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