quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Por Terras da “Vilariça” (2)

Rede de Percursos Pedestres
de Alfandega da Fé

PR Trilho de Vilares da Vilariça


Este Percurso Pedestre circular, com cerca de 7 km, desenrola-se pelo Vale da Vilariça onde vamos tendo sempre como referência em redor e depois ao longe, a paisagem envolvente da Barragem da Burga, com fantásticas vistas panorâmicas.

Subimos do Núcleo Rural de Vilares até ao monte do Carvalhal, sempre na encosta sul da Serra de Bornes, aqui quente e abafada, a solicitar muitos líquidos, muita água o mais fresca possível, que devemos trazer connosco pois são raríssimos os pontos de abastecimento e nesta altura do ano sai quente dos fontanários.

Pelo caminho medieval, onde são bem visíveis as marcas dos rodados dos carros de bois e transpondo entre enormes penedos, chega-se ao Núcleo Rural de Colmeais.

Aqui encontramos a antiga escola, hoje recuperada para Turismo Rural, pois já são raríssimas as crianças que nascem e habitam por estas terras.

Pelos caminhos contíguos aos campos de cultivo e de vinha, avistam-se aqui e ali fragmentos de soutos, intercalando-se os castanheiros com os carvalhos, e descemos à profundeza do Vale, pelo caminho que ladeia a barragem da Burga, com fraco nível de água, avistando lá nas alturas uma águia que planava e julgamos ser a espécie de “bonelli” ameaçada de extinção.

Passamos por uma encosta que recentemente foi fustigada por incêndio, onde se vê um antigo moinho de vento em ruína e daí a nada estávamos novamente em Vilares, onde nos refrescamos e fizemos o piquenique, predominantemente de saladas e bebidas frescas.

Vilares da Vilariça

«Distando cerca de doze quilómetros da sede do concelho (Alfandega da Fé), Vilares da Vilariça, situa-se na parte superior do riquíssimo Vale da Vilariça, facto que permite excelentes produções de vinho (parte da freguesia ainda está incluída na região do vinho generoso do Douro) e azeite, bem como uma importante produção frutícola.



A origem desta localidade, antigamente dividida em duas (Vilares de Cima e Vilares de Baixo) remonta ao período suevo e foi posteriormente povoada. O seu nome está também ligado à lenda dos Cavaleiros das Esporas Douradas.
A "terra" de Vilariça, muito ampla e que posteriormente se iria fragmentar e dividir em pequenos territórios de pequenas freguesias teve a sua sucessora na paróquia de Santa Comba.

Antes disso, porém, D. Pedro Fernandes, um nobre local, iria doar a região de Vilariça ao mosteiro de Bouro, que doravante ficou com a sua posse. Juntamente com a paróquia de Santa Comba, eram doadas as freguesias de Colmeais e Vilar de Baixo e de Cima. Ainda hoje, e de forma definitiva desde o século XVIII, a freguesia compreende os três pequenos lugares.

O orago, inicialmente de Santa Comba, foi substituído por Santa Catarina, que era o do lugar de Vilares de Cima. Curiosa é a exclamação do abade de Miragaia, autor dos dois últimos volumes do "Portugal Antigo e Moderno" (por morte de Augusto Pinho Leal), em relação a esta relativamente confusa movimentação administrativa da freguesia: "Valhanos a Senhora do Monte do Carmo!".

A igreja paroquial de Vilares da Vilariça merece-nos destaque sobretudo pelo seu espólio. Deste, o elemento mais importante é uma Cruz das Almas, em cobre, do século XV. Este tipo de cruzes divulgou-se bastante pela zona e são conhecidas por "Cruzes das Almas". Em Vilares da Vilariça existe um núcleo habitacional antigo que está a ser objecto de recuperação e que inclui a área onde se localiza o cruzeiro e uma das casas brasonadas.

Um destes brasões pertenceu à família dos Távora. A capela de Nossa senhora do Socorro fica na encosta sul da Serra de Bornes, a cerca de dois quilómetros e dali se avista todo o Vale da Vilariça, até ao rio Douro.

Na zona fica igualmente a Fraga dos Mouros, espécie de gruta cavada no granito que segundo a tradição serviu de refúgio.

A zona da Barragem da Burga é um local de interesse turístico, sendo permitida a pesca desportiva. Realizam-se festas em honra de S. João, a 24 de Junho e de Nossa Senhora do Socorro, a 14 de Agosto.
Dr. Francisco José Lopes, Abril de 2002»
Texto: Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte

Continua…

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