S. Mamede de Infesta - Matosinhos
Cantiga do Velho Moinho
Já não sei o que é moer grão
Com a mó do meu engenho.
Pararam-me o coração
E disso culpa não tenho.
Foi a “evolução” …talvez!
Não me esqueçam, por favor;
Ainda estou aqui, como vês.
Ainda tenho algum valor.
Se ainda não desapareci
É porque o dono me quer.
Conserva-me quieto, assim
Estou pró que der e vier.
Caramulinha, eu sabia
Que me querias conhecer;
Mal soubeste que eu existia
Vieste logo me ver.
Ao olhares com emoção
Este recanto escondido
Sentiste no coração
Que eu sou um caso perdido.
Diz às crianças e aos outros
Que eu ainda existo aqui
Na Ribeira de Picoutos,
No lugar onde nasci.
Quando eu tinha vida dura
A minha levada cantava
E a ribeira era tão pura!
Mas hoje não faço nada.
Quem sabe? Se por ironia
Do destino e… no futuro
O meu coração sorria
E volte a moer milho duro?!
Mas, assim, sem utilidade
E uma vida sem esperança,
Digo-vos com sinceridade:
Resta-me ficar na lembrança!
quarta-feira, 22 de abril de 2009
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