quarta-feira, 22 de abril de 2009

Vale da Ribeira de Picoutos (1)

S. Mamede de Infesta - Matosinhos

A Ribeira e os Moinhos de S. Mamede de Infesta

(…) A Ribeira de Picoutos, nasce algures no Monte de Lamas, um outeiro em Paranhos, na cidade do Porto.
Corre inicialmente escondida e começa em regato pela Travessa e Rua de Lamas, pela Rua Fonte do Outeiro, Honório de Lima, Júlio de Matos e Rua do Salgueiral.
Tem vários nomes, dependendo por onde passa. Em Paranhos, Rego das Consortes. Em S. Mamede de Infesta, Ribeiro de Picoutos e em Leça do Balio, Ribeiro dos Queirões.

Pelo caminho, recebe as águas de pequenos cursos, como o regato do Monte da Mina e Fonte Moura, bem como do seu maior afluente, o Ribeiro das Avessas.
No lugar dos Moinhos, em Picoutos, passa esta ribeira agora entubada e a correr nauseabunda. Ainda lá está a velha levada, também escondida, que transportava a água para força motriz de um velho moinho que outrora moía milho. (...) Sabe-se que já no ano de 1642 havia um moinho em Picoutos. No entanto, em 1705, havia pelo menos mais três. Existem documentos de uma acção que André de Paiva e filho moveram contra o Dr. Manuel de Sousa Félix, Cónego prebendado da Sé do Porto. Na disputa, estava a água do Ribeiro de Picoutos. Pelos autores foi dito que eram possuidores de dois moinhos movidos pelas águas do dito ribeiro, tendo sido construído um em 1687 e outro em 1700. Que o réu fez uma quinta abaixo dos aludidos moinhos (esta quinta é a quinta de S. Félix de Picoutos) tendo feito uma levada para as águas a fim de as utilizar como serventia da dita quinta, para rega durante o verão, conforme tinha sido combinado com os autores, pois os moinhos não funcionavam nessa época. Mas que o réu tinha construído um moinho em Janeiro passado (1705) e começara a levar a água para o dito moinho.
No entanto, a demanda foi favorável ao Cónego. Há outros assentos sobre os moinhos, como uma arremata em hasta pública por José Francisco de Morais e mulher, em 4 de Maio de 1827, no processo executivo que correu contra Ana Joaquina dos Reis, viúva de José de Paiva, por disputa das águas.

Dos velhos moinhos de Picoutos apenas resta um, parado mas, conservado, graças ao gosto que o seu proprietário nutre por esta velha relíquia.
Noutros tempos, a ribeira corria com suas margens naturais e toda a “céu aberto”.
Ali bem perto, num pequeno açude que alimentava a levada, precipitava-se numa bela cascata. Mais abaixo, alguma água era desviada para o Lavadouro Público, onde as mulheres dos lugares próximos vinham lavar a roupa. Ao lado, proveniente de uma nascente, uma fonte de água fresca matou a sede a tanta gente.
Com o Hospital de S. João, os despejos domésticos e Fábricas de curtumes a montante, a poluição tornou-se incontrolável.

O “rio lavadouro” (como era conhecido) deixou de ser usado e também a água da fonte ficou imprópria. A Autarquia mandou desmanchar tudo e já nada existe.
Este afluente é dos maiores, senão mesmo o maior poluidor do Rio Leça, entregando-lhe as suas águas fortemente envenenadas, próximo à Ponte das Varas, em Leça do Balio.

Como gostávamos que um dia este curso de água fosse despoluído, assim como aquele descaracterizante "muro de betão" fosse retirado e a Ribeira de Picoutos voltasse a ter margens naturais ao longo de todo o seu leito.
Depois, aquele espaço, que em tanta área nem sequer é cultivado (classificado de Rede Natura 2000) e que se encontra ao abandono, viesse a ser um grande e belo Parque da Cidade de S. Mamede de Infesta, com percursos pedonais, parques de diversão para as crianças, espaços de descanso, parque de merendas, etc... melhorando desta forma a qualidade de vida dos seus habitantes e turistas.

Revitalizava-se uma região perdida no "betão armado" e concerteza se minimizava o galopante desgaste que o stress do dia a dia provoca nas pessoas com poucas alternativas locais.
Quem dera, "alguém" lesse e interpretasse este desabafo como um grito da alma de quem ama a Natureza e se sente triste com a actual situação de abandono de grande área deste Vale, outrora bucólico.
"Alguém"com espirito e acções construtivas nesta vertente ambiental, concretizando planos de ordem social, hoje mais do que nunca urgentes, que se viessem a repercutir positivamente na vida de todos, especialmente nas gerações do amanhã!

Continua…

1 comentário:

Manuel Morais disse...

Olá,gostava de te congratular pelo o artg.. estava a realizar um trabalho q consistia em mapear a ribeira, encontrei o teu blog, ficou-m muita informação adicional!
Tn és de S. M Infesta?
Achei piada seres adepta também do pedestrianismo, se calhar conhecemo-nos!

gostava de poder trocar algumas impressões mais contigo, if you feel like: eeriefruit@hotmail.com