Rede de Percursos Pedestres de S. Pedro do Sul
A “Ilha das Letras”
Em pleno Vale do Rio Vouga, inserida na histórica região de Lafões, situa-se a harmoniosa “Vila”, hoje cidade de São Pedro do Sul.
Existe nela um local maravilhoso, conhecido por Lenteiro do Rio, onde se pode desfrutar dum espaço romântico e verdejante tão minuciosamente tratado. Para além duma telúrica levada para os moinhos e da melodia do canto das aves, tem também a particularidade de aqui se dar a confluência do Rio Sul com o Rio Vouga.
Um pequeno bar está de serviço, onde posso comprar um gelado, tomar uma refrescante bebida ou simplesmente um saboroso café.
Alguém desfolha um livro. Crianças brincam no parque infantil. Sentados nos bancos de granito, casais de jovens namoram. Os Caminheiros descansam.
Que paz estrutural! Que harmonia perfeita!
Espontaneamente, dou comigo a tirar fotos do outro lado do passadiço recentemente construído para se transpor o rio com total segurança.
Existe nela um local maravilhoso, conhecido por Lenteiro do Rio, onde se pode desfrutar dum espaço romântico e verdejante tão minuciosamente tratado. Para além duma telúrica levada para os moinhos e da melodia do canto das aves, tem também a particularidade de aqui se dar a confluência do Rio Sul com o Rio Vouga.
Um pequeno bar está de serviço, onde posso comprar um gelado, tomar uma refrescante bebida ou simplesmente um saboroso café.
Alguém desfolha um livro. Crianças brincam no parque infantil. Sentados nos bancos de granito, casais de jovens namoram. Os Caminheiros descansam.
Que paz estrutural! Que harmonia perfeita!
Espontaneamente, dou comigo a tirar fotos do outro lado do passadiço recentemente construído para se transpor o rio com total segurança.
Apercebo-me que dois jovens se aproximam para o meu lado e o mais pequeno deita-se no tabuleiro e com a mão parece querer agarrar algo que vem nas águas.
É para mim um momento deveras poético. Guardo-o no cartão de memória e ... no coração.
Dirijo-me para a outra margem e ele já vinha ao meu encontro, não sei se mandado pelo mais crescido.
- Você fuma? – perguntou sem papas na língua.
- Ouve lá, tu vens me pedir cigarros com essa idade? – respondi.
- Faz tão mal que nem queria ter ouvido isso de ti! – voltei a frisar.
Entretanto, já no fim do passadiço e empoleirado no corrimão o maior esperava-o.
- Vocês têm aqui uma qualidade de vida que as gentes do meio urbano não podem usufruir, que não precisais de recorrer as essas “coisas”, como o tabaco.
- Pois não! - disseram, concordando comigo.
- Sois daqui, de S. Pedro? Sois amigos?
- Nós somos irmãos. Eu sou o Rodrigo e o meu apelido é “Didi”. Ele chama-se Bernardo.
E começaram a contar-me tanta coisa daquele local chamado Lenteiro. Sabiam tudo.
É para mim um momento deveras poético. Guardo-o no cartão de memória e ... no coração.
Dirijo-me para a outra margem e ele já vinha ao meu encontro, não sei se mandado pelo mais crescido.
- Você fuma? – perguntou sem papas na língua.
- Ouve lá, tu vens me pedir cigarros com essa idade? – respondi.
- Faz tão mal que nem queria ter ouvido isso de ti! – voltei a frisar.
Entretanto, já no fim do passadiço e empoleirado no corrimão o maior esperava-o.
- Vocês têm aqui uma qualidade de vida que as gentes do meio urbano não podem usufruir, que não precisais de recorrer as essas “coisas”, como o tabaco.
- Pois não! - disseram, concordando comigo.
- Sois daqui, de S. Pedro? Sois amigos?
- Nós somos irmãos. Eu sou o Rodrigo e o meu apelido é “Didi”. Ele chama-se Bernardo.
E começaram a contar-me tanta coisa daquele local chamado Lenteiro. Sabiam tudo.
- Olhe, você atravessou à bocado para a “Ilha das Letras”. Dantes era quase impossível atravessar a pé. Só a nado e pelos mais afoitos, os que aprendem aqui a nadar.
- Também fazem aqui festas, onde actuam Ranchos e Cantores “pimba” – diziam a rir.
- Mas o que gostamos mais foi da Feira do Livro, a “Ilha das Letras”. Foi quando aprendi a história de S. Pedro do Sul.
- Que história? Contas-me? – pedi com entusiasmo.
- Óh! Não sei contar. Era o S. Pedro que vinha pelo rio abaixo, a afogar-se. – dizia o “Didi” a sorrir.
Mas o Bernardo corrigiu em estilo próprio e suave:
- (…) foi num ano de temporal, em que o Rio Sul vinha enorme e as águas derrubavam e arrastavam tudo que aparecia pela frente, desde lá de cima duma aldeia que se chama apenas Sul. Trazia árvores e muita terra e o rio vinha sujo e bravo até chegar aqui para entrar no Vouga. Do cimo da Ponte de Lenteiro – só havia uma ponte – o Povo assistia àquele espectáculo, a ver se nas águas vinham lá animais ou pessoas para os salvar.
Nisto, aparece uma estátua arrastada pelas águas e alguém logo gritou:
- É o S. Pedro! De Sul! – porque reconheceram que a estátua era daquela aldeia, que as pessoas rezavam e pediam ao Santo.
A imagem foi retirada do Rio Sul antes de entrar no Vouga, que corria muito forte e perigoso.
Desde então, as gentes daqui passaram a louvar o S. Pedro, que era de Sul, e esta terra passou a chamar-se “S. Pedro do Sul”.
- Que lenda tão bonita que acabei de escutar! Obrigada!
- Não é lenda. Foi verdade. – disse sem grande convicção o “Didi”.
- Também fazem aqui festas, onde actuam Ranchos e Cantores “pimba” – diziam a rir.
- Mas o que gostamos mais foi da Feira do Livro, a “Ilha das Letras”. Foi quando aprendi a história de S. Pedro do Sul.
- Que história? Contas-me? – pedi com entusiasmo.
- Óh! Não sei contar. Era o S. Pedro que vinha pelo rio abaixo, a afogar-se. – dizia o “Didi” a sorrir.
Mas o Bernardo corrigiu em estilo próprio e suave:
- (…) foi num ano de temporal, em que o Rio Sul vinha enorme e as águas derrubavam e arrastavam tudo que aparecia pela frente, desde lá de cima duma aldeia que se chama apenas Sul. Trazia árvores e muita terra e o rio vinha sujo e bravo até chegar aqui para entrar no Vouga. Do cimo da Ponte de Lenteiro – só havia uma ponte – o Povo assistia àquele espectáculo, a ver se nas águas vinham lá animais ou pessoas para os salvar.
Nisto, aparece uma estátua arrastada pelas águas e alguém logo gritou:
- É o S. Pedro! De Sul! – porque reconheceram que a estátua era daquela aldeia, que as pessoas rezavam e pediam ao Santo.
A imagem foi retirada do Rio Sul antes de entrar no Vouga, que corria muito forte e perigoso.
Desde então, as gentes daqui passaram a louvar o S. Pedro, que era de Sul, e esta terra passou a chamar-se “S. Pedro do Sul”.
- Que lenda tão bonita que acabei de escutar! Obrigada!
- Não é lenda. Foi verdade. – disse sem grande convicção o “Didi”.
Deixei os dois manos a brincar e ocorreu-me, quando minutos antes tinha observado o Rodrigo a estender a mão à água, que poderia estar a dar um verdadeiro sentido ás palavras – julgo que do mestre Almeida Garrett?!– que há muitos anos eu li algures e guardei nos meus apontamentos, que, de tantos, reli há dias:
“Quem atravessa um rio, deve apanhar um seixinho e metê-lo na boca, para nunca se esquecer do modo de falar da sua terra!”
Aqueles dois meninos, quais mensageiros das “Letras” desta terra, já o haviam feito, com certeza!
Continua…
“Quem atravessa um rio, deve apanhar um seixinho e metê-lo na boca, para nunca se esquecer do modo de falar da sua terra!”
Aqueles dois meninos, quais mensageiros das “Letras” desta terra, já o haviam feito, com certeza!
Continua…
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