domingo, 18 de maio de 2008

16-03-2008 PR1 Castelo de Paiva


A Ilha dos Amores – 7,5km / circular

Olá, queridos Amiguinhos

Hoje venho falar-vos um pouco de Castelo de Paiva, sede do Concelho com nove Freguesias, que algumas delas já conheço um pouquinho.
Situa-se apenas a 50km do Porto, cada vez com melhores acessos e orgulha-se de ser uma região com paisagens deslumbrantes, num quadro em que predomina o verde por fundo, das suas vinhas, florestas e campos das margens dos dois principais rios que banham as suas terras, o Douro e o Paiva.
O Rio Paiva, que dá o seu nome a mais este recanto de Portugal, percorre quilómetros desbravando montanhas, colinas, despenhando-se por duras fragas até aos férteis vales e planícies, desde a Serra de Leomil, para lá de Castro D’Aire, e vem a esta terra desaguar no grandioso Douro, junto à Ilha dos Amores, ex-libris da região.

Castelo de Paiva, tal como muitos Concelhos do nosso País, resolveu começar a apostar na divulgação turística da sua região, oferecendo a quem os visitam Percursos Pedestres sinalizados com as normas internacionais e em Junho de 2007 inaugurou o seu 1º trilho “Ilha dos Amores”.
Como não estive presente, vim hoje percorre-lo e digo-vos que com um titulo assim especial é mesmo romântico percorre-lo a dois.
O Percurso inicia-se e finaliza no Cais do Castelo, Ilha do Castelo ou Foz do Rio Paiva, todas designações por que este lugar é conhecido.
Com vistas magnificas sobre os rios Douro e Paiva, começa por um ascendente que vai atravessar por duas vezes a EN222 (muito cuidado!) e por entre pequenos aglomerados populacionais com calçadas e caminhos de terra entre matas de pinheiros e eucaliptos, chega-se ao lugar do Alto do Crasto onde se julga ter existido um castelo medieval.

Já passamos pelas Alminhas da Senhora da Boa Fortuna e após chegados ao lugar de Ribeira de Fora, deparamo-nos com a Capela de Santo António e os dois coretos do largo. Aqui sabe bem sentar por uns momentos e conversar sobre temas ligados a esta região. Um assunto deveras muito triste foi o trágico acidente em 2001, quando a velha Ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios ruiu e um autocarro e dois automóveis caíram ao Rio Douro, roubando a vida a dezenas de filhos da Terra. Este caso chocou a região e o País mas, as gentes cujas famílias foram atingidas por esta perda irreparável chamada “Vida”, foram as que mais sofreram e ainda hoje sofrem com as desgraças humanas!
Das causas e responsáveis, desculpem mas prefiro nem abordar, tal é a injustiça.
Mas, continuando a nossa caminhada, chega-se ao Cruzeiro e Igreja de S. Plagio de Fornos, erigida inicialmente no ano de 1258. Depois, caminhando ao longo dos verdejantes campos circundados pelas típicas vinhas de enforcado e ramadas, vamos avistando ruínas do que outrora foram moinhos de água, primitivo engenho para a moagem do milho graúdo que se cultivava em grande escala nestes campos. È uma tradição que começa a desaparecer, o que é mau pressagio.

Nesta parte da caminhada, pela Charneca, evidenciam-se as velhas casas de habitação e currais do gado que pouco se vê, pois carros de bois e arados repousam nos cantos dos palheiros cobertos de pó e teias de aranha. Velhos canastros ou espigueiros estão vazios.
A água abundante ainda corre nas levadas e ribeiras circundadas por tulipas vermelhas que fazem emergir aos nossos olhos um quadro deveras bucólico que qualquer pintor gostaria de pintar.


Mais dois quilómetros e chegamos ao deslumbrante miradouro, contemplando a “Ilha” nesse imponente rio que dizem da cor do ouro, onde a paisagem premeia os Caminheiros audazes que chegam, verdadeiros amantes da Natureza.
Aqui os olhos enchem-se de tanta luz que apetece trocar beijos.

De seguida, percorre-se um caminho junto ao muro de betão que protege a estrada e passando por um viaduto dirigimo-nos em direcção ao Rio.
Descendo devagar por Castelo de Baixo e a sua Quinta com Casa e Capela e daí por uma calçada encimada pela ramada, chega-se novamente às margens do Douro onde uns barquinhos atracados nos recebem de volta, satisfeitos por termos caminhado por mais um belo trilho deste Portugal encantado.

Obrigado, Castelo de Paiva, fico a aguardar por novos Percursos Pedestres.

Para terminar, leiam esta mensagem de alguém que ama a Natureza e o que ela tem de belo para nos dar.
É um poema tão belo e profundo, para todos meditarmos nestas palavras:


Rio Paiva
por A. Martins

Que te não matem,
Rio!

Que te deixem correr
Na tua pureza
Sempre igual;
Que te não calem a beleza
Da tua voz de nascente
Eternamente
Virginal.

Que não te cortem com cimento
O teu caminho,
Para que possas correr,
Como até agora,
Alegre como um passarinho
Que canta a toda a hora.

Que ninguém cometa a maldade
De conspurcar-te o leito
Porque consagras-te à Natureza
A tua virgindade.

Que lindo!

A “Caramulinha” agradece!

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