domingo, 25 de maio de 2008

21-03-2008 PR4 Terras de Bouro (2)

Trilho dos Moinhos e Regadios – 10 km / circular
Rede de Percursos Pedestres
“Na senda de Miguel Torga”


Miguel Torga, (pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha), Mestre poeta e prosador, foi um grande médico especialista de Otorrinolaringologista.
Caminhante insubmisso e incansável por esse Portugal fora, gostava de “renascer para a vida” enchendo a alma da beleza e perfume dos montes, dos rios, das serranias e do vento agreste e rude.
Nasceu em S. Martinho de Anta, Sabrosa, Vila Real, a 12 de Agosto de 1907.
Faleceu em Coimbra a 17 de Janeiro de 1995, sendo sepultado na sua terra natal.

O apelido que adoptou, “Torga” é sinónimo de “urze”, planta bravia e humilde, espontânea e com o seu habitat no chão agreste de todo o Portugal, mas particularmente nas Serranias do Norte. Esta planta inspirou o poeta Adolfo: «… eu sou quem sou…e esta planta cor de vinho, com as raízes muito agarradas à rocha, assim sou eu, que tenho raízes em rochas rígidas…»
Faz a antiga quarta-classe com distinção e de “prémio” ouve o Pai dizer-lhe:
- «…aqui não te quero. Por isso resolve: ou Seminário de Lamego ou Brasil!...»
Optou inicialmente pelo Seminário e mais tarde escreve estas palavras de renúncia:
«…abandonar a Pátria com um saco às costas? Para onde poderia ir se não me cabe no bornal o Marão, o Gerês, o Douro e o Mondego?...» - conta ele em “A Criação do Mundo”.
Quando um dia lhe perguntaram: Afinal, de que partido é? – Ele respondeu com a sabedoria própria daqueles quem vêm o nosso País de uma forma diferente do homem moderno: «O meu partido é o mapa de Portugal!»
Que HOMEM com “H” GRANDE!
Fica culturalmente notável e mais conhecido dos Portugueses ao ser o 1º Vencedor do prémio Camões, em 1989, o galardão literário mais alto da Lusofonia.
Merecidíssimo! Outros prémios literários recebeu e tantos recusou!
De alguma literatura sua que conheço e que irei aqui divulgando nas minhas crónicas, deixo-vos hoje este poema tão belo e ternurento que quase toda a gente conhece mas esquece, esta verdadeira lição de saber observar a Natureza e deixa-la intocável:

Sei de um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo redondinho
Tem lá dentro um passarinho
Novo.
Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar este segredo
Comigo.
E depois ter um Amigo
Que faça o pino

A voar...a voar...a voar...

Que beleza, meu Deus!

A “Caramulinha” irá continuar a percorrer estes trilhos maravilhosos “Na senda de Miguel Torga”, pois há sempre “Paraísos Encantados” nesta Serra para descobrir.

Façam muitas e belas caminhadas e reparem, como afinal, esta nossa vida é bela e devemos vive-la um dia de cada vez, sem pressas, com muito Amor, Harmonia e Paz!

Compilado pela “Caramulinha”

Beijinhos

Sem comentários: