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Santa Marta de Penaguião
A Viticultura do Douro (B)
Personagens “Ilustres”
A Ferreirinha
Falar do Vinho do Porto e do Douro sem falar de D. Antónia é quase impossível. Personagem da vida do Douro e do Vinho do Porto, conhecida por "Ferreirinha", nasceu na Régua em 1811. Mulher determinada e corajosa, construiu um enorme império durante o século XIX.
Era uma pessoa que gostava de ajudar os mais pobres, que teve a coragem de desafiar homens poderosos e serviu de exemplo e orgulho das gentes Durienses.
A história dos Ferreiras começa com Bernardo Ferreira, proprietário no Douro, que sob pena de prisão foi obrigado pelo Marquês de Pombal a cultivar umas terras denominadas de Montes de Rodo, convertendo-as em bonitas quintas. Com este tipo de medidas, não muito correctas, o Marquês de Pombal conseguiu que muitos proprietários aumentassem os seus bens agrícolas. Foi morto pelas tropas de Napoleão, pois estas confundiram-no com um desertor, quando lhes dirigiu a palavra num impecável francês. Deixou 3 filhos, José, António e Francisco. José e António tiveram respectivamente uma filha, Antónia Adelaide, e um filho, António Bernardo, que casaram em 1834. Deste casamento têm 3 filhos, Maria d`Assunção (mais tarde condessa de Azambuja), um rapaz, de seu nome António Bernardo, e Maria Virgínia (tendo morrido em menina). D. Antónia ficaria viúva com apenas 32 anos e voltaria casar em 1856, durante o seu "exílio" em Londres, com Francisco José da Silva Torres. Após a morte do seu primeiro marido, a coragem desta senhora não pára: fez grandes plantações de vinha no Douro, obras de benfeitoria, contratou colaboradores, construiu armazéns, comprou quintas importantes (Aciprestes, Porto, Mileu) e fundou outras, como o Monte Meão, tornando-se figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com a menina Maria d`Assunção. Após recusa de Dª Antónia, o Duque, habituado a não ser contrariado, manda os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos. Ao saber da estratégia do Duque fogem para Espanha e depois para Inglaterra onde se refugiam. Na sua ausência seria Joaquim Monteiro Maia, seu colaborador, que tomaria conta do negócio. Em 12 de Maio de 1861, quando descia o rio na zona do Cachão da Valeira e após naufrágio do barco onde seguia, assiste à morte do seu amigo o Barão de Forrester. O ano de 1868 foi um ano excelente, as qualidades de vinho eram enormes e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. D. Antónia compra enormes quantidades de vinho para ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados pela abundância de vinho. Dois anos mais tarde surge a praga do oídio que destrói quase a totalidade dos vinhedos, atirando os Durienses para a miséria. Mulher com uma capacidade enorme de negociar, pôde com alguma facilidade negociar com os ingleses todo o seu vinho que permanecia nos armazéns, contribuindo, assim, para um enriquecimento da casa Ferreira.
Em 1880 fica novamente viúva mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.
Texto: Abílio Forrester Zamith In “Guia do Vinho do Porto”
Era uma pessoa que gostava de ajudar os mais pobres, que teve a coragem de desafiar homens poderosos e serviu de exemplo e orgulho das gentes Durienses.
A história dos Ferreiras começa com Bernardo Ferreira, proprietário no Douro, que sob pena de prisão foi obrigado pelo Marquês de Pombal a cultivar umas terras denominadas de Montes de Rodo, convertendo-as em bonitas quintas. Com este tipo de medidas, não muito correctas, o Marquês de Pombal conseguiu que muitos proprietários aumentassem os seus bens agrícolas. Foi morto pelas tropas de Napoleão, pois estas confundiram-no com um desertor, quando lhes dirigiu a palavra num impecável francês. Deixou 3 filhos, José, António e Francisco. José e António tiveram respectivamente uma filha, Antónia Adelaide, e um filho, António Bernardo, que casaram em 1834. Deste casamento têm 3 filhos, Maria d`Assunção (mais tarde condessa de Azambuja), um rapaz, de seu nome António Bernardo, e Maria Virgínia (tendo morrido em menina). D. Antónia ficaria viúva com apenas 32 anos e voltaria casar em 1856, durante o seu "exílio" em Londres, com Francisco José da Silva Torres. Após a morte do seu primeiro marido, a coragem desta senhora não pára: fez grandes plantações de vinha no Douro, obras de benfeitoria, contratou colaboradores, construiu armazéns, comprou quintas importantes (Aciprestes, Porto, Mileu) e fundou outras, como o Monte Meão, tornando-se figura de primeira grandeza. Tão importante que o Duque de Saldanha (um dos homens mais poderosos do seu tempo) pretendia casar o seu filho com a menina Maria d`Assunção. Após recusa de Dª Antónia, o Duque, habituado a não ser contrariado, manda os seus homens raptar a menina de apenas 12 anos. Ao saber da estratégia do Duque fogem para Espanha e depois para Inglaterra onde se refugiam. Na sua ausência seria Joaquim Monteiro Maia, seu colaborador, que tomaria conta do negócio. Em 12 de Maio de 1861, quando descia o rio na zona do Cachão da Valeira e após naufrágio do barco onde seguia, assiste à morte do seu amigo o Barão de Forrester. O ano de 1868 foi um ano excelente, as qualidades de vinho eram enormes e os viticultores não conseguiam vender o seu vinho. D. Antónia compra enormes quantidades de vinho para ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados pela abundância de vinho. Dois anos mais tarde surge a praga do oídio que destrói quase a totalidade dos vinhedos, atirando os Durienses para a miséria. Mulher com uma capacidade enorme de negociar, pôde com alguma facilidade negociar com os ingleses todo o seu vinho que permanecia nos armazéns, contribuindo, assim, para um enriquecimento da casa Ferreira.
Em 1880 fica novamente viúva mas este seu descontentamento não a impossibilitou de continuar a obra de benfeitoria que havia começado, com os hospitais de Vila Real, Régua, Moncorvo e Lamego. D. Antónia é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.
Texto: Abílio Forrester Zamith In “Guia do Vinho do Porto”
Continua...
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