Rede de Percursos Pedestres
Santa Marta de Penaguião
A Viticultura do Douro (D)
Personagens “Ilustres”
O Marquês de Pombal
O criador da Região Demarcada do Douro foi Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras, mais tarde, em 1769, Marquês de Pombal. Nasceu em Lisboa a 13 de Maio de 1699 e veio a falecer na sua quinta em Pombal a 8 de Maio de 1782.
Senhor de personalidade e feitio muito próprios, foi na sua época contestado por alguns. Com a sua maneira autoritária de governar, violenta por vezes, soube lançar sólidos alicerces para uma região demarcada de muito prestígio.
A criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, por Sebastião José de Carvalho e Melo ficou a dever-se a homens de muito mérito, como ao Dr. Luiz Beleza de Andrade, que era natural do Porto e grande viticultor nesta região do Douro, ao espanhol biscaínho D. Bartholomeu Pancorbo e ao Padre Mestre Dr. Frei João de Mansilha, natural de S. Miguel de Lobrigos.
Esta Companhia, em 1756, tinha como principais objectivos:
- A demarcação da região;
- Fiscalização dos vinhos de embarque;
- Passagem de guias de trânsito para os vinhos;
- Estabilização de preços e qualidade nos vinhos;
- Privilégio nas vendas dos vinhos para a cidade do Porto e locais circunvizinhos;
- O privilégio no fabrico e fornecimento de aguardentes.
A Companhia organizava todos os anos, em Fevereiro, a importante “Feira dos Vinhos”, que consistia em chamar os lavradores do Douro à sua casa no Peso da Régua, e aí, durante 8 dias, transaccionarem os seus vinhos. Como nessa altura, na vila, não existiam pensões, a Companhia proporcionava aos lavradores lautos banquetes.
Texto: C.M. de Peso da Régua
Condenação à Morte
A Rebelião e a “punição exemplar” (1757)
«Como foi dito sobre a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, este ano de 1757 iria ficar todo ele marcado pelo evoluir dos acontecimentos que a contestação à criação daquela, fomentou. O grande incremento na exportação do vinho do Porto, sobretudo para Inglaterra, tinha vindo a provocar a degradação da qualidade do produto e a consequente quebra de preços, veio como disse a estar na origem da criação daquela Companhia, para tentar regularizar a situação. Foi então criada, por Sebastião José a primeira região demarcada do Mundo de vinho, sendo cometida aquela Companhia amplos poderes mas também substanciais inimizades, da parte de quem ficava excluído da possibilidade de continuar a exportar aquele produto, por falta de qualidade. Curiosamente não foram os vinhateiros excluídos, que provocaram a contestação que se seguiu, foram os taberneiros e a população menos qualificada da cidade do Porto que reagiram contra os privilégios da Companhia, que também pretendia reduzir o excessivo número de tabernas que existiam na cidade. No dia 23 de Fevereiro de 1757 juntou-se uma enorme multidão no terreiro da Cordoaria, gritando "Viva o rei ! Viva o povo ! Morra a Companhia !", obrigando o governador do Tribunal da Relação do Porto a decretar a suspensão da Companhia, tendo depois da manifestação, se dirigido para os escritórios da Companhia e lançada à rua a documentação.
Voltaram mais tarde em 15 do mês seguinte a haver novos distúrbios. A repressão e as prisões que se seguiram acabaram em julgamento, que redundou implacável, com forte aparato policial de cerca de 3000 soldados, com o nítido propósito de intimidar a população da cidade que esteve sitiada mais de 1 ano. Durante meses, houve cerca de 500 detidos e a sentença é proferida em 12 de Outubro, sendo condenados à morte 21 homens e 9 mulheres, tendo os outros 448 réus sofrido várias penas - envio para as galés, açoites, confiscação de bens.Trinta e dois homens e quatro mulheres são absolvidos, tendo 183 sido libertados durante a instrução do processo. A 14 de Outubro foi a execução pública de 17 dos condenados à morte por sublevação contra a Companhia das Vinhas do Alto Douro, com a agravante de ser considerado crime de “lesa majestade.” Enforcados em vários pontos destacados da cidade e depois de decapitadas as cabeças foram espetadas em paus à entradas da cidade, como exemplo demonstrativo à população que não convinha repetir. Aliás, o juiz Pacheco Pereira deixara bem expresso que se visava a punição exemplar, para que durante muitos séculos não houvesse rebeliões em Portugal.
Texto: domjoseprimeiro.blogspot.com
Continua…
Senhor de personalidade e feitio muito próprios, foi na sua época contestado por alguns. Com a sua maneira autoritária de governar, violenta por vezes, soube lançar sólidos alicerces para uma região demarcada de muito prestígio.
A criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, por Sebastião José de Carvalho e Melo ficou a dever-se a homens de muito mérito, como ao Dr. Luiz Beleza de Andrade, que era natural do Porto e grande viticultor nesta região do Douro, ao espanhol biscaínho D. Bartholomeu Pancorbo e ao Padre Mestre Dr. Frei João de Mansilha, natural de S. Miguel de Lobrigos.
Esta Companhia, em 1756, tinha como principais objectivos:
- A demarcação da região;
- Fiscalização dos vinhos de embarque;
- Passagem de guias de trânsito para os vinhos;
- Estabilização de preços e qualidade nos vinhos;
- Privilégio nas vendas dos vinhos para a cidade do Porto e locais circunvizinhos;
- O privilégio no fabrico e fornecimento de aguardentes.
A Companhia organizava todos os anos, em Fevereiro, a importante “Feira dos Vinhos”, que consistia em chamar os lavradores do Douro à sua casa no Peso da Régua, e aí, durante 8 dias, transaccionarem os seus vinhos. Como nessa altura, na vila, não existiam pensões, a Companhia proporcionava aos lavradores lautos banquetes.
Texto: C.M. de Peso da Régua
Condenação à Morte
A Rebelião e a “punição exemplar” (1757)
«Como foi dito sobre a criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, este ano de 1757 iria ficar todo ele marcado pelo evoluir dos acontecimentos que a contestação à criação daquela, fomentou. O grande incremento na exportação do vinho do Porto, sobretudo para Inglaterra, tinha vindo a provocar a degradação da qualidade do produto e a consequente quebra de preços, veio como disse a estar na origem da criação daquela Companhia, para tentar regularizar a situação. Foi então criada, por Sebastião José a primeira região demarcada do Mundo de vinho, sendo cometida aquela Companhia amplos poderes mas também substanciais inimizades, da parte de quem ficava excluído da possibilidade de continuar a exportar aquele produto, por falta de qualidade. Curiosamente não foram os vinhateiros excluídos, que provocaram a contestação que se seguiu, foram os taberneiros e a população menos qualificada da cidade do Porto que reagiram contra os privilégios da Companhia, que também pretendia reduzir o excessivo número de tabernas que existiam na cidade. No dia 23 de Fevereiro de 1757 juntou-se uma enorme multidão no terreiro da Cordoaria, gritando "Viva o rei ! Viva o povo ! Morra a Companhia !", obrigando o governador do Tribunal da Relação do Porto a decretar a suspensão da Companhia, tendo depois da manifestação, se dirigido para os escritórios da Companhia e lançada à rua a documentação.
Voltaram mais tarde em 15 do mês seguinte a haver novos distúrbios. A repressão e as prisões que se seguiram acabaram em julgamento, que redundou implacável, com forte aparato policial de cerca de 3000 soldados, com o nítido propósito de intimidar a população da cidade que esteve sitiada mais de 1 ano. Durante meses, houve cerca de 500 detidos e a sentença é proferida em 12 de Outubro, sendo condenados à morte 21 homens e 9 mulheres, tendo os outros 448 réus sofrido várias penas - envio para as galés, açoites, confiscação de bens.Trinta e dois homens e quatro mulheres são absolvidos, tendo 183 sido libertados durante a instrução do processo. A 14 de Outubro foi a execução pública de 17 dos condenados à morte por sublevação contra a Companhia das Vinhas do Alto Douro, com a agravante de ser considerado crime de “lesa majestade.” Enforcados em vários pontos destacados da cidade e depois de decapitadas as cabeças foram espetadas em paus à entradas da cidade, como exemplo demonstrativo à população que não convinha repetir. Aliás, o juiz Pacheco Pereira deixara bem expresso que se visava a punição exemplar, para que durante muitos séculos não houvesse rebeliões em Portugal.
Texto: domjoseprimeiro.blogspot.com
Continua…
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