domingo, 8 de março de 2009

15-02-2009 PR3 Sever do Vouga (2)

Rota das Laranjeiras – 9,5 km / Circular
Rede de Percursos Pedestres de Sever do Vouga


A Linha do Vouga

… Outros tempos!

« (…) O troço Sernada do Vouga-Viseu foi encerrado em 1 de Janeiro de 1990 e é pena, pois este é o mais belo da Linha do Vouga, com paisagens dignas como se estivéssemos no 1º balcão de uma sala de espectáculos.
Foi desprezado pelos nossos administradores da CP ao longo de décadas e já em finais de 1989, quando ía apenas uma Allan a Viseu (eu ainda cheguei a fazer o percurso Viseu-Sernada-Aveiro, em Julho de 1989).
Hoje a sua recuperação é extremamente dispendiosa, mas talvez, valha a pena recuperar o troço Sernada-Paradela;
Vou agora descrever a parte restante até Viseu, visto que, merece a pena, não só pela paisagem, como pelas obras de arte que possui, algumas delas ainda hoje se encontram de pé.
Saindo de Sernada do Vouga, em direcção a Nascente, percorremos um troço rectilíneo junto do Rio Vouga que corre em sentido oposto do nosso lado direito. Ao fim de poucos metros cruza um afluente do Vouga, o Rio Caima, através de uma ponte metálica com 40 metros, um pouco mais à frente passa-se por debaixo do IP5 e entra-se no apeadeiro de Carvoeiro, km 64.
Hoje, apenas resta a placa do mesmo de pé!
O rio descreve contínuos meandros e corre calmamente e demoradamente para a foz; do lado esquerdo avista-se a Serra das Talhadas, coberta de grande vegetação de eucaliptos enraizados num solo xistoso. A partir deste ponto a via começa a sua ascensão e o vale torna-se mais agreste, sempre ganhando altura para transpor o Rio Vouga mais adiante. Algumas trincheiras, um pequeno túnel, a via transpõe a antiga estrada nacional nº 16 (Aveiro-Viseu-Vilar Formoso) numa curta passagem de nível, passando esta para o lado direito da via férrea.
Antes de transpormos a Ponte do Poço de Santiago, existe um pequeno apeadeiro à entrada da
magestosa ponte, denominado Poço de Santiago, ao km 70. A estrada afasta-se (passando por debaixo da ponte) prosseguindo pela margem direita e a via férrea transpõe o Vouga sobre a elegante Ponte de Santiago, construída em alvenaria com 35 metros de altura, um grande arco central com 55 metros de vão e mais 11 pequenos arcos. O projecto desta arrojada obra de arte foi atribuido ao Engenheiro francês Sejourné e a direcção da sua construção ao Engº. Mercier, da mesma nacionalidade. O fecho do arco central mede somente 90cm de espessura!
O comboio afasta-se do rio e agora na margem esquerda, continua a subir, com curvas e contra-curvas, trespassando pequenos túneis, e trincheiras sob uma densa floresta; surge após uma curva à esquerda a estação de Paradela-Sever do Vouga, ao km 72. Esta estação nos seus tempos áureos possuía um movimento de mercadorias digno, pois junto dela, existia uma grande fábrica de moagem movida a energia eléctrica, esta proveniente de uma mini-hídrica no Rio Vouga, instalada a um quilómetro no Pessegueiro, uma pequena mas muito pitoresca localidade próximo desta estação.
Da última vez que lá passei, em 25 de Abril de 2000, a estação está a cair, as linhas desapareceram e a fábrica de moagem não funciona! A mini-hidrica merece uma visita, principalmente, quando o Rio leva muita água; foi caso, quando estive lá pela última vez.
Saindo da estação de Paradela, trespassa-se a estrada nacional nº 328 (Talhadas-Sever do Vouga), entramos num dos vales mais belos existentes em Portugal, e deixamos as terras de xisto para entrarmos nas terras de granito.
A linha em sucessivas curvas prossegue vagarosamente a sua subida, acompanhada de perto pela estrada nº 16 (que não se vê, porque a mata é extremamente densa e a via férrea denrola-se numa cota bastante elevada, quer em relação ao rio, quer em relação à estrada), agora à sua esquerda, tricheiras feitas na rocha viva, alguns túneis, para nos determos no apeadeiro de Cedrim, ao km 76.
Começam a surgir as tapadas e vinhedos (…)»

Texto (resumo): Pedro Zuquete

Continua…

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez um dia ainda consiga voltar a fazer esse percurso até viseu, mas de bicicleta!!! Se for construida a ecopista que está prevista.É realmente um percurso muito bonito...

cumprimentos.