Passa por este Vale a Primavera,
As aves cantam, plantas enverdecem,
As flores pelo campo aparecem,
O mais alto do louro abraça a hera.
Abranda o Mar; menor tributo espera
Dos rios, que mais brandamente descem,
Os dias mais formosos amanhecem,
Não para mim, que sou quem dantes era.
Espanta-me o porvir, temo o passado;
A mágoa choro de um, de outro a lembrança,
Sem ter já que esperar, nem que perder.
Mal se pode mudar tão triste estado;
Pois para bem não pode haver mudança;
E para maior mal não pode ser.
Poema de Frei Agostinho da Cruz
sábado, 23 de maio de 2009
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